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Notícias

24 de abril de 2013

Jogue a primeira pedra

Helaine Gnoatto Zart

Editora Jornal A Folha / AFolhadoSul

Criticar os políticos é algo que está na ponta da língua e do teclado de todo mundo. É mais que um impulso, é algo que foi construído ao logo dos anos pós ditadura, que se solidificou com Democracia. Antes da “abertura política”, iniciada pelo General Ernesto Geisel(1974) e concluída pelo general João Batista de Figueiredo (1979-1985), último presidente militar do Brasil, falar de política no Brasil era p-r-o-i-b-i-d-o. Nos últimos tempos, divulgar os erros dos políticos se tornou obsessão da imprensa. A imprensa tem sido responsável pelas principais denúncias  contra políticos desonestos. Em contrapartida, a punição não ocorre na mesma intensidade.

Mas será o político uma classe diferenciada, onde só se juntam seres indignos?

Certamente a resposta é não.

Temos seres indignos em todas as profissões, classes sociais, idades, grau de instrução.

Não fosse assim, não teríamos gente furtando rolo de papel higiênico de um hospital, alimentos de uma creche, aposentadoria dos avós. Não teríamos empresários e contribuintes individuais sonegando impostos. Não teríamos jovens fraudando vestibular para conseguir uma vaga na universidade. Não teríamos gente ficando com o troco devolvido a mais.

Ficou tão banal fazer piada, desdenhar dos políticos que as pessoas não se dão ao trabalho de pensar que a corrupção e o defeito de caráter não estão restritos à classe política.

“Jogue a primeira pedra quem nunca pecou” – Jesus Cristo

A frase não justifica, mas remete ao mea culpa e à necessidade de corrigir o erro. De acordo com a Bíblica, Maria Madalena foi perdoada e mudou o rumo de sua vida. A todos é dado o mesmo direito.

Se conseguirmos olhar o contexto, vamos perceber que a corrupção pode ser confundida com agradecimento, e vice-versa. Ou então, como entender o voto dado ao político que conseguiu a verba para o asfalto que passou em frente a sua casa? O acesso à universidade através de um programa educacional que nunca antes existiu? Ao financiamento a baixo custo para construir a casa própria? À queda dos juros que possibilitaram o aumento das vendas de determinado produto?

Fica difícil e até impossível distinguir o voto dado em função do benefício pessoal e o voto dado ao projeto social que permitiu o benefício à sociedade.

As críticas, muitas vezes, vêm de que não foi atendido em seu pleito, alguém que foi preterido ou desclassificado.

Vivemos atrelados aos conceitos prontos. Não é preciso ler a legenda ou traduzir, porque o filme já vem dublado, basta consumir.

Apesar de toda a evolução da tecnologia e da ciência, ainda engatinhamos como sociedade, como seres inteligentes. A grande maioria ainda se deixa levar, como boi ao matadouro, como massa de manobra, como escravos de meias verdades.

Evoluir não é saber usar o Facebook, o Instagram, o Skype, estar por dentro do último vídeo mais curtido no Youtube, entender a piada contra o político. Evoluir é conseguir ler nas entrelinhas, saber do passado e entender o presente. É dar o melhor de si mesmo para que mudanças positivas ocorram a sua volta, no mundo que vive.

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