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Notícias

25 de janeiro de 2017

Digestão Mental

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Um dos maiores problemas do século XXI, em minha opinião, é a falta de tempo para refletir; para digerir o que acontece em nossa volta. Afinal, assim como nosso corpo precisa de tempo para digerir o alimento ingerido, o nosso cérebro também precisa de tempo para digerir os acontecimentos, os pensamentos, os questionamentos. E nós, aparentemente, não temos este tempo.
Porque tudo acontece rápido demais. Mal engolimos o primeiro sapo da manhã, e já vem o segundo, o terceiro, o quarto. Nem conseguimos decodificar as notícias do jornal matinal, e elas já ficaram velhas. Se vamos ao banheiro, quando voltamos já aconteceu cinquenta coisas diferentes, e no meio desse turbilhão precisamos encontrar um jeito de viver em paz.
Não é fácil. Porque o mundo não vai parar e nem vai mudar só por que nós precisamos de tempo e paz. Então eu pergunto: o que fazer?
A resposta é simples, apesar de complexa: se o mundo não para; se o mundo não muda; que possamos nós parar e mudar.
Porque, ao contrário do que nos ensinaram, nós não precisamos “correr atrás da máquina” nem “matar um leão por dia”. Não precisamos ter uma opinião em tempo real sobre todos os assuntos do globo terrestre. Não precisamos tagarelar o dia inteiro, não precisamos convencer ninguém de nada, não precisamos “falar o que pensamos” – especialmente se não pensamos antes de falar.
Nós apenas não precisamos.
Mas, para tanto, devemos tirar o pé do acelerador. Pisar de passo leve pelos caminhos da vida. Reclamar menos e respirar mais. Correr menos e dormir mais. Falar menos e ouvir mais.
Admito que soa estranho uma pessoa como eu escrever um texto como este. Afinal, a ideia de silêncio, de desaceleração, de recuo, nunca fez muito o meu perfil. Sempre mantive uma postura mais combativa perante a vida, os outros, a sociedade, e até o ano novo: “pode vir quente que eu estou fervendo” é algo que publiquei infinitas vezes em minhas redes sociais no último dia dos últimos anos.
Contudo, hoje vejo que saber a hora de calar e dar dois passos pra trás é tão importante quanto saber a hora de gritar e se impulsionar pra frente. Porque, se há momentos em que pegar pesado é a única solução, também há momentos em que pegar leve é a única saída.
E em um mundo febril que vocifera e esperneia, aprender a não vociferar e espernear é tudo o que eu desejo pra mim e pra você neste novo ano que se inicia.

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