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Notícias

29 de maio de 2017

Jornada Nacional de Literatura para quem quiser

Colunista A Folha / A Folha do Sul

Eu sempre tive restrições com a Jornada Nacional de Literatura, e a principal delas era o preço. As inscrições sempre estiveram além, muito além das minhas possibilidades. E assim como eu, obviamente centenas de outras pessoas também não tinham grana para participar. Por conta do preço do ingresso, a Jornada terminava por elitizar seu público, e para mim tudo o que elitiza e exclui é ruim.
Para piorar, além dos valores nada camaradas das inscrições, a Jornada ainda recebia uma boa grana do governo, tanto municipal, quanto estadual e federal. Em 2009 foram 1,1 milhões de reais. Em 2015 a Jornada precisava de meros 3,5 milhões, valor este que não foi obtido, o que gerou o cancelamento e a saída de Tania Rösing do comando da Jornada – cargo que ela ocupava desde sempre.
Muita gente chorou e lamentou o cancelamento, mas eu não. Afinal, a Jornada não havia sido extinta para sempre, e segundo diziam, seria remodelada para se tornar mais “acessível”.
“Acessível”, esta é a palavra que abre portas e mentes! Fiquei feliz com o discurso, mas sempre com aquela pulga atrás da orelha, já que falar é bem mais fácil do que fazer.
No entanto, recentemente divulgaram os valores das inscrições para a 16ª Jornada, que acontece entre 2 e 6 de outubro deste ano. O pacote mais caro custa R$ 150, e inclui todas as atividades. O mais barato custa R$ 100, e alunos e professores da UPF têm 50% de desconto.
Ainda achou caro? Então saiba que, em 2009, há longínquos oito anos, o valor da inscrição era R$ 130. Sendo que, naquela época, o salário mínimo não alcançava R$ 500. Não é preciso ser um economista para entender que a Jornada não era para quem queria, mas para quem podia.
Significa que melhorou. É o ideal? Não. Está tudo perfeito e maravilhoso? Não. Eu ainda sonho com o dia em que Jornadas de Literatura custarão quase nada, e quiçá serão gratuitas.
Mas baseio meus anseios na realidade, e sei que o mundo não muda em um piscar de olhos, no apertar de um botão, no estalar de um dedo. O importante é que, de 2009 para 2017, melhorou um pouco, o que já é incrível, uma vez que tantas outras coisas pioraram tanto de lá pra cá.
A arte, a cultura e a literatura precisam se tornar cada vez mais acessíveis. Não podem ser privilégio de meia dúzia. E para que isso aconteça, precisamos levar a arte, a cultura e a literatura até quem quer, mesmo que não possa.

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