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Notícias

14 de maio de 2018

Especial de Dia das Mães

Uma mãe que também foi pai

O desafio de ser mãe começa ainda antes da gravidez. Ser mãe é pra toda vida, não é um estágio passageiro, independe de ser boa ou incapaz de assumir tudo que vem junto com a maternidade. Para os filhos, não importa se a mãe é boa ou incapaz; bela ou fora do padrão; ofereça um lar confortável ou sem o mínimo conforto. Os filhos só precisam ser amados e neste amor pode estar a chave de gestar, gerar e entregar ao mundo pessoas de mente saudável.

Para Terezinha da Rosa Keller, o maior desafio de ser mãe não iniciou com o nascimento dos filhos. Foi quando Franciéli tinha 12 anos de idade e Mateus 7 anos. Aos 33 anos de idade, Terezinha perdeu o marido, Dionei Keller, com 42 anos.

- Todos os dias tinha que explicar ao Mateus que o pai não voltaria do trabalho. Ele perguntava por quê? Um dia, não satisfeito com minha resposta de que ele estava doente e Deus decidira levar seu pai com Ele para que não sofresse mais, o Mateus acabou perguntando por que Deus não o curou em vez de levá-lo? Não soube o que dizer, abracei os dois (Mateus e Franciéli) e disse que deveríamos chorar juntos para desabafar – revela.

 

Dona de casa, dedicada a cuidar dos filhos Terezinha disse que seu maior medo foi passar fome. Recusou o convite de seus familiares para morar em Carazinho ou Passo Fundo, só para não impor novas perdas aos filhos.

- Eles já tinham perdido o pai, não poderia tirá-los do convívio dos amigos e trocar de escola. Recebi muito apoio neste momento, de pessoas que não eram meus irmãos de sangue, mas agiram como se fossem – relata.

Junto com a tarefa de cuidar da casa e dos filhos, Terezinha assumiu o serviço de Dionei, que trabalhavam como despachante veicular. Lembra que até os clientes ajudaram dizendo onde ficava o número do chassi dos veículos. Com apoio de um casal vizinho, aprendeu a dirigir.

- Mesmo quando trabalhava em casa, eu fazia bordados e também vendia cosmético por catálogo. Então, quando mudou o sistema de emplacamento e de CNH, eu fiquei com medo de perder a renda e parti para a venda de enxovais, trabalhei como secretária em clínica médica até abrir a loja. A preocupação de que meus filhos não pudessem fazer faculdade me tirava o sono, mas tudo foi se ajeitando.

Tere foi mãe pai por opção. Não quis um novo relacionamento até que os filhos estivessem adultos. Não se arrepende.

- No dia das mães e também no dia dos pais eu recebia o presentinho feito na escola, ia nas apresentações e meus filhos ficavam felizes. Era o que importava pra mim. Faria tudo de novo. Vale muito a pena. Hoje eu estou feliz num novo relacionamento e meus filhos também. Acredito que as pessoas têm uma missão nessa vida e se o Dionei partiu tão cedo era preciso entender e aprender.

Mãe da minha mãe

A longevidade nem sempre é premiada com a saúde plena e com a independência. Ao mesmo tempo que presenciamos o envelhecimento da população – uma grande parcela superando a barreira dos 80, 90 e até 100 anos – para algumas pessoas esse estágio da vida não preserva a autonomia.

É nesta fase que muitas filhas se tornam mães de suas mães.

Todo mundo conhece alguém que tem um familiar idoso e dependente. Para Neida de Oliveira, isso é uma rotina há pelo menos 6 anos. Ela dedica 24 horas do dia para os cuidados com sua mãe, Sibila Olivia Schmatz, 86 anos.

Diagnosticada com Alzheimer, dona Sibila foi perdendo gradativamente a vitalidade e a autonomia. A doença está avançando e já está afetando a capacidade de mastigar e deglutir os alimentos.

- Nosso pai morreu há 20 anos e decidimos que ela deveria morar com um de nós. Minha irmã Reni ficou com ela morando em sua casa por um longo tempo, mas precisou mudar de cidade e então a mãe veio morar comigo – relata Neida.

Dona Sibila era ativa, jogava bingo, viajava sozinha, fazia compras, mas começou a perder a memória e gradativamente. Neida e o marido Paulo Juarez decidiram ir restringindo sua autonomia.

Hoje, o maior temor da filha que dedica cuidados de mãe para com sua própria genitora, num ato de amor extremo, é vê-la inerte, incapaz de reagir e até alimentar-se.

- O médico já nos alertou que o próximo passo é a sonda, mas eu não gosto nem de pensar. Vou sofrer muito ver minha mãe chegar a este ponto. Uma criança a gente dá alimento na boca e aos poucos ela vai crescendo, mas um idoso, a gente cuida e sabe que aquilo não vai passar, tende a ficar cada vez mais difícil. Não sei como vou aguentar – relata com olhar enternecido para sua mãe.

Os cuidados com Dona Sibila ela divide com uma cuidadora que fica durante o dia. À noite e finais de semana, conta com a ajuda do marido. Os irmãos ajudam como podem. Banho, troca de fraldas, alimentação, ministrar os remédios, colocar na cama e levantá-la, tomam praticamente todo seu tempo. Neida sabe que precisa fazer alguma coisa para cuidar da sua qualidade de vida, mas tem dificuldades até de achar tempo para uma caminhada.

Neste domingo, vai receber o carinho da filha Paula e um olhar meigo da mãe, que apesar da suas limitações, consegue reconhecer e balbuciar: obrigada!

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