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Notícias

10 de março de 2013

Audiência do Senado na Expodirteo constata que deficiências da logística causa prejuízos ao setor agrícola

Governo Federal e CNA não deram importância a audiência

Reunião da Comissão de Agricultura ocorreu na sexta-feira por iniciativa da senadora Ana Amélia

O investimento em infraestrutura é fundamental e urgente para o aumento da qualidade da agropecuária no Brasil. A avaliação foi feita pelos participantes da audiência pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado (CRA) na tarde desta sexta-feira (8). O debate foi proposto e presidido pela senadora Ana Amélia (PP-RS) e ocorreu dentro da programação do último dia da 14ª Expodireto/Cotrijal – feira internacional que ocorre na cidade de Não-Me-Toque (RS) desde a última segunda-feira (4).

O tema foi considerado pelo presidente da Cotrijal, Nei Cesar Mânica, o mais importante entre as 14 edições da feira. Ele destacou que a produção cresce anualmente, enquanto a logística não registra avanços. Já o presidente da ABTI, José Carlos Becker, disse que os gargalos da infraestrutura impedem um escoamento mais eficiente da safra brasileira.

O presidente da ABTI disse que a agropecuária das Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul responde por quase 90% do total da produção brasileira, mas os maiores investimentos em infraestrutura têm ocorrido na Região Norte – que responde apenas com 2% da produção agropecuária do país. Becker pediu duplicação de estradas e agilidade nos serviços dos portos e acrescentou que a qualidade logística repercute em outras áreas.

- No primeiro momento, o produtor sofre. Depois, o consumidor vai pagar mais caro pelo produto – alertou.

Infraestrutura

Elisangela Pereira Lopes, assessora da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), afirmou que os problemas da logística têm tirado renda do produtor. Ela ressaltou que o agronegócio responde por 30% dos empregos formais do Brasil e tem garantido o superávit da balança comercial brasileira nos últimos anos.

Ela afirmou que o Brasil precisa investir mais na logística. Elisangela acrescentou que o gasto do país é de 0,42% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura, enquanto a China chega a investir 7%. Para a representante da CNA, um apagão logístico no Brasil é iminente. Ela reclamou da alta carga tributária, da insegurança jurídica e do elevado custo operacional da produção e do transporte – que chega a ser três ou quatro vezes maior que o custo nos Estados Unidos ou na Argentina. Elisangela lembrou que uma pesquisa mundial entre 142 países colocou o Brasil em 130º lugar em qualidade dos serviços dos portos

- A demanda tem aumentado e a infraestrutura não tem acompanhado esta evolução – lamentou Elisangela.

A assessora da CNA destacou duas matérias que tramitam no Congresso Nacional e que a entidade defende a aprovação: o projeto de lei 374/2011, de autoria da senadora Ana Amélia, que estabelece que os portos secos, um tipo de serviço público que atualmente tem de ser precedido de licitação, passe ao regime de autorização, no qual não é necessária a concorrência pública; e o projeto de lei (PL) 3009/97, que prevê a construção de eclusas simultaneamente às barragens das usinas hidrelétricas nos rios brasileiros, do ex-senador Carlos Patrocínio (PFL-TO).

O presidente da Associação Brasileira de Logística (ABL), Rodrigo Otaviano Vilaça, disse que o governo não pode investir somente em transporte, pois as estradas são apenas uma parte da logística. Ele criticou a burocracia dos processos de investimento e sugeriu mais parcerias público-privadas (PPP) e mais integração entre os órgãos públicos que lidam com a logística.

- São mais de sete órgãos para cuidar do transporte no país – criticou.

Investimentos

O chefe do Serviço de Logística e Aviação Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, Ricardo Pires Thomé, admitiu as dificuldades de infraestrutura no Brasil. Ele disse que o governo tem um plano de construção de armazéns, o que vai ampliar a capacidade de estoque do país nos próximos seis anos.

Segundo Thomé, o plano prevê parcerias com a iniciativa privada e vai dar ênfase na construção de armazéns comunitários no campo. Ele disse que há cerca de 20 anos o governo federal não investia em armazenagem.

- A armazenagem é um diferencial na cadeia produtiva e privilegia o elo mais importante, que é o produtor – ressaltou.

José Kléber Macambira, representante da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), disse que o governo traçou um plano de investimentos que pode chegar a R$ 121 bilhões nos próximos 30 anos. Segundo Macambira, há a previsão de construir mais 7 mil quilômetros de rodovias e 10 mil quilômetros de ferrovias. Além disso, segundo ele, serão criadas mais duas unidades estatais para cuidar da logística e do setor ferroviário.

Participação popular

A senadora Ana Amélia, que presidiu a audiência, coordenou a fase de perguntas e respostas. Por meio do twitter e de mensagens no Alô Senado, cidadãos de várias partes do país puderam participar com perguntas e observações ao debate.

Alguns telespectadores disseram que o governo não dá a atenção devida ao produtor rural. Carlos Jean Pereira Gonzaga, de São Gonçalo (PI), perguntou o que o governo pode fazer para melhorar a logística do país. Ricardo Thomé, do Ministério da Agricultura, reconheceu que algumas regiões do país ainda são muito carentes de infraestrutura logística. Segundo Thomé, o governo terá de investir nos modais hidroviários para escoar a produção agrícola, que tem crescido no Nordeste.

Outros dois telespectadores reclamaram que os representantes do governo não responderam de forma prática aos questionamentos do debate e aos anseios do produtor rural. Ana Amélia disse que a opinião dos telespectadores refletia também a opinião da CRA e cobrou mais atenção do governo e da CNA com o agronegócio e, de forma específica, com a Expodireto.

- Não tivemos aqui o presidente da EPL, mas a empresa enviou 35 representantes para a Londres - lamentou a senadora.

Nei Mânica também cobrou a presença de um Presidente da República no evento que reúne as principais inovações do setor, fato que não ocorreu desde a primeira edição da feira.

- Vou me empenhar para ver se algum desses representantes dos 74 países que estão aqui não traz seu presidente na próxima edição -  disse o presidente da Cotrijal.

Também participaram do debate o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), os deputados federais Vilson Covatti (PP-RS) e Giovani Cherini (PDT-RS), os deputados estaduais Ernani Polo (PP) e Silvana Covatti (PP), o presidente da Farsul, Carlos Speroto, e representantes de entidades ligadas ao setor agropecuário.

Fonte: Agência Senado com  Assessoria de Imprensa

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