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Notícias

19 de agosto de 2013

Apassul concede Mérito Empreendedorismo em Sementes para Orlando Roos

Orlando Roos recebeu o prêmio do diretor da Apassul e presidente da Comissão de Sementes e Mudas do RS, Antônio Eduardo Loureiro da Silva e Francisco Signor, superintendente federal do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA-RS)
Erni Orlando Roos compareceu ao Encontro de Produtores de Sementes para receber o prêmio acompanhado da esposa Warna Erpen Roos

  "Foi sem dúvida minha maior batalha", define o empresário Erni Orlando Roos sobre o fato de ter-se tornado produtor de sementes.

De 7 a 9 de agosto, representantes do setor sementeiro do Brasil e do Uruguai se reuniram em Santana do Livramento (RS). O 2º Encontro de Produtores de Sementes do RS e Treinamento de Responsáveis Técnicos reuniu 351 participantes para discutir temas pertinentes ao setor.
Durante a solenidade de abertura, o presidente da CSM/RS e diretor administrativo da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), Antônio Eduardo Loureiro da Silva, destacou a evolução do programa de sementes e o objetivo de continuar aprimorando normas, padrões e procedimentos do setor.
Na ocasião, foi entregue o troféu Mérito Empreendedorismo em Sementes para Erni Orlando Roos. O homenageado é fundador da E. Orlando Roos e Cia Ltda. e também participou da criação de importantes entidades ligadas ao setor, tais como Apassul, Fundação Pró-Sementes e Abrasem.
Também estiveram presentes na solenidade o presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Narciso Barison Neto, o superintendente federal da Agricultura do RS Francisco Signor, o vice-presidente da Seed American Association (SAA), José Américo Rodrigues, o presidente da Apassul, Efraim Fishmann, o presidente da Fundação Pró-Sementes, Hugo Boff, o coordenador do Lanagro/RS, Agnaldo Parosollo, o representante da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do RS Paulo Mota, o representante do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Felipe Ferreira, o gerente do Instituto Nacional de Semillas de Uruguay, Nicolás Abreu e o representante da Farsul, Francisco Shardong.

Ao entrar no mercado Roos impulsionou avanços no desempenho das sementes de soja

Premiação emocionou o empreendedor rural Erni Orlando Roos de Não-Me-Toque

Tudo começou quando o agricultor Erni Orlando Roos precisou repetir o plantio da lavoura porque as sementes disponibilizadas no mercado naquele ano não germinaram. Reclamou junto ao órgão financiador da lavoura e, com muita dificuldade, recebeu uma nova remessa de sementes, que também não corresponderam. Era meados de 1960.
Foi uma época em que a principal cultura era o trigo e a soja começou a ser plantada sobre a resteva do cereal de inverno. Não existia nem plantadora para a oleaginosa.
- Eu havia feito financiamento para plantar e não iria colher nada. Em busca de uma alternativa, ouviu a sugestão do gerente do Banco do Brasil agência de Carazinho: por que não produzir sementes? - relata Erni Orlando Roos.
O passo seguinte foi saber como fazer. Nesta jornada, encontrou o produtor de sementes Edegar Becker, de Espumoso, que estava deixando a atividade para concorrer a prefeito na sublegenda do seu partido. Ele apresentou seu técnico, Airton Pinto, que foi contratado e ajudou nos primeiros passos em busca da autorização da Comissão Estadual de Sementes e Mudas do RS.
Formada por representantes de sete instituições, entre elas cooperativas, Banco do Brasil, moinhos, indústrias de soja e Ministério da Agricultura, a Comissão foi um grande entrave a ser vencido.
- Foi o maior dos desafios de toda a minha vida. Estava sozinho para enfrentar uma organização que defendia o sistema existente - lembra Roos.
Foi preciso buscar outras fontes de apoio. Encontrou pelo caminho os agricultores Henrique Stedile e João Grazziottin, de Passo Fundo, também interessados em produzir sementes, e com eles juntaram-se outros formando um grupo de sete agricultores, todos com a mesma dificuldade de conseguir financiamento. Foram juntos à Comissão Estadual de Sementes e Mudas, desta vez com o apoio de Nestor Jost, na época presidente do Banco do Brasil, e do deputado federal Daniel Faraco.
Na década de 60 o Brasil recém iniciava a produção de soja, atividade que se restringia aos estados de SP, PR e RS. A produtividade média ficava abaixo dos 20 sacos por hectares. Quando a Empresa Roos começou a produzir sementes, aplicando o que existia de tecnologia na época - 1966/1967 - a produtividade saltou para 25/30 sacos por hectares.
- Hoje produzimos sementes com capacidade de até 80 sacos por hectare. Temos o que existe de mais avançado em tecnologia genética e tratamento de sementes. Nós entramos neste mercado para mudar a história da agricultura.
Também enfrentou o descrédito:
- Foi plantada a crença onde era mais garantido plantar os próprios grãos, do que comprar sementes fiscalizadas. Uma ilusão.
Como o Banco do Brasil não liberava financiamento para os agricultores comprar sementes de outras empresas que não fossem as cooperativas, o mercado gaúcho se fechou.
- Em 1972 produzimos muita semente, mas não tínhamos para quem vender. Aconteceu então que os agricultores do Paraná tiveram que queimar todas as lavouras de café e decidiram plantar soja. Como faltou semente naquele Estado, nós pudemos vender nossa produção de 200 mil sacos de sementes de soja - recorda Orlando Roos.
Foi assim que a Sementes Roos entrou também no mercado de São Paulo, aonde chegou a fornecer 15% das sementes de soja. A abertura de mercado no RS começou a ocorrer com o apoio da Farsul, da Embrapa e do Ministério da Agricultura, anos depois.
- Hoje somos o maior produtor de sementes do Rio Grande do Sul e um dos maiores do país. Para chegar até aqui não nos faltou humildade, honestidade, muito trabalho e persistência - afirma o empresário.

1 milhão de sacas de sementes

Aos 81 anos, Erni Orlando Roos é um ativo empresário no comando da empresa E. Orlando Roos, que tem 360 funcionários e está presente em onze municípios. Ele da expediente diariamente, divide as tarefas de gestão e acompanha de perto os trabalhos da sua fazenda, localizada em Santa Bárbara do Sul. Na parte administrativa divide com os filhos e sócios, Airton Roos e Marina Roos Mariano da Rocha, juntamente com o grupo gestor e conselho administrativo o planejamento e estruturação da empresa que está sempre em constante crescimento e inovação.
Na parte de sementes, o Gestor de Sementes Arlei Roberto Krüger, desempenha um papel importante na escolha das variedades, lançamentos de novos produtos e serviços oferecidos pela empresa em seu portfólio.
Neste ano, a Empresa Roos produziu 1 milhão de sacas de sementes de soja e alcançou a maior venda de sementes de trigo do RS.
Para oferecer as melhores variedades de sementes do mercado brasileiro, a empresa está sempre investindo em modernos sistemas de beneficiamento e armazenagem, para se tornar referência em tecnologia no Brasil, destacando-se no cenário agrícola com diferencial que seus clientes procuram.
A previsão é sempre produzir mais sementes, a cada ano vencer a expectativa de produção e venda, pois com o incremento do TSI (Tratamento de Sementes Industrial) conseguiu agregar na semente um pacote tecnológico para as lavouras brasileiras.

Avanços tecnológicos freados
Mesmo tendo alcançado este patamar, o empresário cita que o setor de sementes sofreu grandes golpes que atrasaram os avanços. Um deles foi a destruição do laboratório de pesquisa e os campos experimentais da Monsanto, em Não-Me-Toque, no ano de 2001.
- A ação criminosa de vândalos atrasou a pesquisa dos avanços tecnologia de sementes em dez anos - afirma Orlando Roos.
Outro atraso que atingiu o setor de pesquisa, as sementeiras, as instituições e grande parte da cadeia da soja foi o ingresso desenfreado de sementes piratas no mercado brasileiro, por conta da proibição do desenvolvimento de pesquisas e uso de sementes transgênicas no Brasil.
- Foi mais um período de dificuldade. Ninguém comprava semente fiscalizada e nós fomos uma das poucas empresas que permanecemos dentro da legalidade, arcando com um pesado prejuízo - relata o presidente e fundador da empresa Roos que está no mercado há 50 anos.
A compensação veio depois. Com a autorização para produção de sementes transgênicas de soja, a Empresa Roos foi em busca de obtentores de genética para aliar tecnologia. Hoje a Sementes Roos detém variedades de alta performance, com a melhor tecnologia, maior padrão genético, mais eficiência e segurança, para continuar vencendo, junto com os agricultores, o desafio da produtividade.

Texto: Helaine Gnoatto Zart / A FOLHA

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