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Notícias

29 de outubro de 2013

A primeira comunidade centenária de Não-Me-Toque

Arcebispo abençoou a nova imagem do santo padroeiro

 São João Batista de Gramado comemorou 100 anos de fundação com celebração ministrada pelo Arcebispo Antônio Carlos Altieri e reuniu centenas de pessoas em grande festa

A festa foi a maior já realizada no município de Não-Me-Toque em se tratando de festas comunitárias, mas o motivo da comemoração foi o mais importante. Cem anos atrás, os primeiros imigrantes da região resolveram construir uma igreja e uma escola.
A mais importante herança deixada pelos pioneiros foi a certeza de que todos precisavam de apoio espiritual para serem bons cristãos e seus filhos precisavam de escola para não viverem na ignorância.

Como tudo começou
Famílias oriundas das Colônias Velhas, chegaram trazendo seus poucos pertences, mas muita vontade de trabalhar. Eram famílias de descendência alemã e italiana.
Os primeiros colonos chegaram por volta de 1910. Suas primeiras moradias eram rústicas, pequenos abrigos temporários feitos em clareiras abertas nas matas virgens de pinhais.
Neste contexto de dificuldades surgiu a comunidade que primeiramente recebeu o nome de São João do Gramado de Colorado.As famílias pioneiras: João Sabini, Franz e Angelina Schwalbert com os filhos Johan Carl e Ana Maria Schwalbert.
No início os colonos imigrantes desbravam as matas de pinhais e começaram pequenas lavouras. Encontraram dificuldades para o plantio, pois desconheciam as características do clima, não conheciam as sementes apropriadas. Trabalhavam também no transporte da madeira dos pinhais, primeiro produto industrializado no município, madeira que era levada para São Bento, em carroças puxadas por ternos de mulas.
Em 1913, a comunidade sentia necessidade de um local apropriado para realizarem seus encontros religiosos e batizar seus filhos, prática que os obrigava a andar longas distânicias. Formaram uma comissão que saiu pedindo ajuda nos engenhos para doação de madeira. Assim a primeira capela foi iniciada já em 1913. Depois foi a vez da escola.
Foi uma época em que a região do Alto Jacuí registrou um grande crescimento populacional. Dom Miguel de Lima Valverde, bispo de Santa Maria levando em consideração o imenso território da Paroquia Nossa Senhora da Conceição de Passo Fundo criou um Curato em Não-Me-Toque, que recebeu o nome de “Curato Sagrado Coração de Jesus do Alto Jachuí”, entregue aos cuidados dos padres franciscanos. Então surgiu a primeira capela (1913) que recebeu o nome de São João Batista e que foi oficializada em 1914. Os moradores procuraram dar um nome e escolher um santo padroeiro. Encontraram no município de Colorado a imagem de São João Batista. O nome Gramado foi adotado para identificar a comunidade, inspirado nos vastos campos cobertos por grama.
Por volta de 1940 surgiram as atafonas, pequenas indústrias de farinha de mandioca. A comunidade foi crescendo e surgiram outros negócios que atendiam moradores locais e da região, como: a sapataria de Augusto Mombach, a selaria de Augusto Mombach Filho, a casa de negócios (secos e molhados) de João Sabini e também o salão de baile de propriedade de Antenor Barboza.
Em 1963 foi fundado o Esporte Clube Harmonia. Em 11 de agosto de 1973 a energia elétrica e com ela o progresso e a tecnologia: televisão, chuveiro elétrico, bombas para puxar água do poço, geladeira. Também foi neste ano (1973), que foi erguida a atual igreja, desta vez em alvenaria. Hoje a comunidade conta com a capela mortuária e sala de reuniões.
Em 29 de janeiro de 1977, foi fundado o Clube de Mães “Sempre Unidas”, depois foi formado o Clube de Bocha e Clube de Terceira Idade, que continuam em plena atividade.
O Clube de Jovens deixou de existir devido ao êxodo rural, assim como o Clube de Crianças, extinto devido ao pequeno número de crianças que residem na localidade, fato que fez com que a escola fosse desativada, no ano de 1992.
Em São João do Gramado existe também salão da comunidade e do Esporte Clube Harmonia.
Muitas das famílias residem na cidade e conservam suas residências e lavouras na localidade. Dedicam-se à agricultura produzindo soja, milho, trigo, cevada e aveia, entre outros, utilizam maquinários de alta tecnologia e também tem quem se dedique à atividade leiteira.
A tradição religiosa é mantida com celebração de missa no primeiro domingo do mês e encontro de oração nos demais domingos.Todos os anos, em meados de outubro, organizam a grande festa da comunidade. A tradição da Capelinha e o toque do sinos mantêm viva a comunidade.
A equipe da liturgia é atuante, assim como catequistas, ministros da eucaristia e conselho que estão sempre engajados nos acontecimentos locais para manter a comunidade mais unida, prospera e feliz.

Celebração dos 100 anos
Com a presença do Arcebispo Antônio Carlos Altieri, da Arquidiocese de Passo Fundo, a missa do centenário foi celebrada no domingo, 19 de outubro, em conjunto com o pároco frei Leopoldo Frankowiski, com participação de familiares descendentes dos fundadores e primeiros moradores da comunidade: Sabini, Schwalbert, Lange, Barboza, Gorgen, Kern, Dessoy, Mombach, Bolgenhagen e Welker, que vieram de diversas cidades do Estado e também de Goiás , Santa Catarina, Paraná e todo o Rio Grande do Sul.
O exemplo de São João Batista - cuja imagem original da igreja foi restaurada pela artista Lizelote Battistella - que pregou até no deserto, certo de que estava preparando o caminho para a chegada do Messias, foi tomado por Dom Altieri no sermão, referindo-se ao papel do cristão aqui na Terra.
- As pessoas vivem em função dos prazeres fugazes que os tornam escravos. A perda dos valores e a desvalorização da vida também são resultados da omissão dos cristãos que deixaram de ser missionários da Palavra de Deus desde a sua casa.
Lembrando daqueles que construíram essa comunidade há cem anos, invocou  a determinação que os guiou para inspirar a atitude dos que hoje se reúnem para comemorar o centenário:
- Os cristão de hoje são como crianças. Pedem saúde, prosperidade e na primeira provação questionam onde está Deus! Sejamos autênticos cristão para que essa comunidade centenária se mantenha viva na chama da fé por milênios – incentivou o Arcebispo.
Ao final da celebração Vanda Gorgen reforçou agradecimentos aos visitantes, descendentes dos fundadores e pioneiros da comunidade e entregou pequenas lembrança de reconhecimento aos que atuaram nas diretorias e como catequistas.
Por fim, Dom Altieri abençoou a nova imagem de São João Batista, instalada em frente à igreja, onde também foi plantada uma árvore. A celebração também contou com a presença da vice-prefeita Teodora Lütkemeyer e do ex-prefeito Johannes van Riel e ex-primeira dama Cornélia van Riel.

 

Cavalgada dos Cem Anos

Os Cavaleiros da Tradição, do CTG Galpão Amigo, homenageou a comunidade São João do Gramado com uma cavalgada. O grupo chegou no local ainda durante a missa e postou-se em frente à igreja. Na saída, os cavalarianos receberam a benção do Arcebispo e deram viva à Comunidade e ao Rio Grande do Sul.

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