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Notícias

3 de março de 2014

Rio Grande do Sul refém da violência

Sérgio Turra

Já faz parte das nossas lembranças remotas a época em que nos sentíamos seguros nas cidades gaúchas. A violência era um fenômeno distante, presente apenas em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Por aqui, as crianças ainda brincavam nas ruas até tarde da noite, as portas das casas ficavam abertas durante o dia, e as grades e alarmes eram itens pra lá de dispensáveis. Porém, com o passar dos anos, os tentáculos da criminalidade se estenderam até o nosso Estado – e a tranquilidade se foi para não mais voltar. Hoje, vivemos em estado permanente de tensão, tomando todos os cuidados possíveis para que não sejamos a próxima vítima da insegurança.

Sérgio Turra

Tanto temor tem razão de ser. Para além dos inúmeros casos que lemos nos jornais e ouvimos diretamente de conhecidos, as estatísticas endossam o sentimento da população. É fato: a situação piorou na última década. E quem revelou essa realidade foi a própria Secretaria Estadual da Segurança Pública. De acordo com o balanço das ocorrências de 2013, os crimes violentos aumentaram muito nesse período.

Por causa da alta concentração de habitantes e dos níveis de pobreza e tráfico de drogas, a Grande Porto Alegre permanece como a região mais visada pelos bandidos no RS. A capital gaúcha segue disparada no topo do ranking de roubo de veículos. Em dez anos, cresceu de 3.863 para 6.473 o número dessas incidências. Isso significa quase 18 carros por dia. Outro dado impressionante: em 2003, ocorria um homicídio por mês em Gravataí. No ano passado, a média subiu para seis – um avanço de 500%.

Não bastasse isso, o balanço mostra que houve nessa década um processo de interiorização da violência, vitimando principalmente municípios de médio porte. Em Passo Fundo, por exemplo, o roubo de veículos teve uma expansão de 712% em dez anos – passando de 32 para 260 ocorrências. Crimes se proliferaram em cidades como Rio Grande, Pelotas, Livramento e Lajeado. Isso sem contar os ataques a carros-fortes e explosões de bancos, freqüentes, inclusive em pequenas comunidades.

Enquanto o caos se alastra, os governos federal e estadual fazem o velho jogo de empurra. São eles os responsáveis, de acordo com a Constituição, por garantir segurança para a população. Mas, na prática, agem como se a atribuição fosse de outrem. Ora, o que mais precisa acontecer para que esses entes percebam que a violência ataca frontalmente todos os direitos individuais? Mata-se mais no Brasil do que em nações em guerra. Já passou da hora: a questão deve estar entre as políticas públicas prioritárias e inspirar ações mais resolutivas.

Isso passa por qualificar a estrutura e aumentar o efetivo das polícias civil e militar, sobretudo nas cidades menores. Também envolve reforçar o controle das fronteiras, impedindo o ingresso de drogas e armas. Nosso aparato precisa ter condições mínimas para enfrentar os bandidos e proteger os cidadãos. É urgente ainda revisar as leis penais, adequando-as à atualidade e tornando-as mais severas contra o crime. Somente assim poderemos acabar com a cultura de impunidade, que cria um ambiente propício para os delitos – e devolver aos gaúchos os tempos de paz de outrora.

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