30 de janeiro de 2015

Senar oferece qualificação para produtor de leite

Em meio a maior crise de todos os tempos, a produção de leite no Rio Grande do Sul encontra ações isoladas de apoio a esta classe. Mesmo tendo grande importância social, tanto pelo fato de se tratar de um produto alimentício primordial, quanto pela questão da viabilidade econômica, pois se trata da sobrevivência da agricultura familiar, a produção do leite se encontra completamente desprotegida.

Vítimas de transportadores que fraudam o produto e de empresas de laticínios com problemas de gestão e até de fraudes, estima-se que hoje cerca de 20 mil produtores de leite do Rio Grande do Sul não têm onde entregar o produto e têm dinheiro por receber sem perspectivas. É como se de repente o Estado tivesse 20 mil desempregados demitidos sem receber salário do mês. Hoje, a produção do leite está centrada na pequena propriedade, as famílias vivem da renda do leite.
Entre as ações isoladas de apoio à atividade está o Programa Leitec, do Senar RS, criado em 2013 para capacitar produtores de leite com conhecimentos gerenciais e técnicos na produção, abordando aspectos de gestão, manejo, solo, genética, sanidade e nutrição.
O curso com duração de 12 meses, um encontro por mês, encerrou a primeira turma na região, no município de Victor Graeff, localidade de Posse Cerrito.
- O curso só aconteceu porque os produtores tiveram interesse e se mobilizaram pessoalmente – comentou o supervisor regional do Senar-RS, Diego Coimbra, reconhecendo a iniciativa do produtor Adriano Mattge.
O Programa Leitec foi ministrado em Posse Cerrito através do Sindicato Rural de Não-Me-Toque, que tem o Senar como parceiro e atende o município de Victor Graeff.
Quando iniciou, em fevereiro do ano passado, o curso contava com 14 produtores, mas ao longo do ano um deles vendeu o plantel e deixou a atividade, e quatro desistiram. Os nove persistentes concluíram o último módulo no dia 21 de janeiro, demonstrando confiança e motivação para permanecer na atividade.
- Eles viveram todas as inseguranças possíveis neste último ano como produtores de leite, desde os riscos de terem o leite adulterado no trajeto até a indústria, até o calote e a falta de local para entregar a produção, mas terminaram o curso com motivação para prosseguir na atividade e já pediram uma nova capacitação – comentou Diego Coimbra.

Curso e assessoria
Quando o Leitec foi formatado atendeu uma questão primordial: não bastava o técnico comparecer, dar as orientações e ir embora. Os produtores apresentaram a necessidade de ter a presença do técnico na propriedade, para oferecer assistência.
Assim, o curso foi desenvolvido com uma programação de onze módulos, com 8h de aula em grupo e mais 4h de assessoria ao produtor, totalizando 40 horas de consultoria individual e 120 horas de curso.
- O objetivo do Senar é profissionalizar o produtor de leite – esclarece o supervisor.
Na região, o curso também vem sendo ministrado no município de Lagoa dos Três Cantos, em parceria com o Sebrae através do programa “Juntos para Competir”.

Programação:
Módulo 1 - Diagnóstico da Propriedade Leiteira - 4h
Módulo 2 - Avaliação de Resultados e Diagnóstico- 8h
Módulo 3 - Gestão da Propriedade Leiteira - 12h
Módulo 4 - manejo e Fertilidade do Solo- 12h
Módulo 5 - Manejo da Terneira e Novilha -12h
Módulo 6 - Manejo da Vaca Seca e em Lactação 12h
Módulo 7 - Reprodução e Melhoramento Genético - 12h
Módulo 8 - Manejo Sanitário de Bovinos de Leite -12h
Módulo 9 - Ordenha e Qualidade do Leite - 12h
Módulo 10 - Nutrição de Bovinos de Leite - 12h
Módulo 11- Produção de Forrageiras - 12h

PARTICIPANTES - Ivan Drebes, Vanderlei Schneider, Volnei Follmer, Mateus Follmer, DJonatan Jung, Daniel Althaus, Enio Nienow, Ernani Schreiner e Adriano Mattge.
INSTRUTORES - José Luiz Kollet, Dagmar Gonçalves, Ari Benedetti, Fábio Demoliner e José Carpes Marques.

Mais de mil propriedades de leite serão qualificadas em 2015
O Senar-RS vai levar o seu programa de qualificação da produção do leite, o Leitec, a mais de mil propriedades em 2015. Isso será possível graças a uma concorrência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vencida pela entidade.
- Já temos o programa sendo desenvolvido em quase 500 propriedades no Estado. Com o recurso do Ministério na ordem de R$ 6 milhões, conseguiremos chegar a mais 1.140 propriedades com assistência técnica - destacou o superintendente do Senar-RS, Gilmar Tietböhl.
Para atender a nova demanda, a entidade está se organizando internamente. A assistência técnica será feita por profissionais de nível médio, supervisionados por técnicos de nível superior, que precisam ser treinados.
Para cumprir as exigências do Mapa, o Senar-RS fará parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para oferecer treinamento também nas áreas de transporte e processamento do leite. O objetivo é chegar ao final do programa, com transporte de qualidade e processamento na indústria com boas práticas.

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