Passo Fundo/RS: Tempo nublado
Carazinho/RS: Tempo nublado
Passo Fundo/RS: Tempo nublado
Carazinho/RS: Tempo nublado

Notícias

25 de fevereiro de 2015

Caminhoneiros param o Brasil

Em pelo menos 13 estados do país caminhoneiros fazem paralisação e bloqueio de rodovias
Em pelo menos 13 estados do país caminhoneiros fazem paralisação e bloqueio de rodovias

 Combustível já acabou em Não-Me-Toque e serviços públicos já sofrem paralisação

Nunca na história uma classe conseguiu paralisar o País como agora está acontecendo. No sétimo dia de protestos dos caminhoneiros são mais de 100 bloqueios em estradas estaduais e federais de 13 estados. As paralisações provocam desabastecimento no país, sobretudo, de combustíveis, gás de cozinha, alimentos perecíveis e medicamentos.

O método de parar apenas os transportadores, liberando automóveis, ônibus e ambulâncias retira dos caminhoneiros o desgaste da antipatia popular pelo movimento que agora começa a causar efeito nas cidades. O combustível é o primeiro produto a sumir dos postos. Quem pode encheu o tanque e se garantiu por uns dias.

As paralisações e os protestos dos caminhoneiros diante dos valores recebidos pelos fretes e pela alta no preço do óleo diesel reajustado no último dia 1º, ameaça não só a produção nacional, mas toda a sociedade. É com isso que os líderes do movimento contam para pressionar o Governo Federal.

As raízes desse movimento estão vinculadas aos desacertos e desarranjos da política econômica que vem sendo praticada nos últimos anos pelo Governo Federal. Entidades de classe apontam que, enquanto se assiste a queda de praticamente 50% no preço internacional do petróleo, apenas no Brasil seus derivados tem seus preços disparados.

Em Não-Me-Toque o combustível acabou ainda durante a manhã de quarta-feira (25). Dos quatro postos, apenas um ainda tinha combustível às 10h e não foi suficiente para atender todos que estavam na fila.

A prefeita Teodora Lütkemeyer determinou que todos os serviços da Secretaria de Obras sejam paralisados e o combustível do estoque reservado para o transporte das ambulâncias e escolar.

Outro efeito da manifestação dos caminhoneiros foi a interrupção da coleta de lixo. Os caminhões da empresa Simpex que vêm de Palmeira das Missões ficaram retidos nos bloqueios. A prefeitura emitiu nota pedindo que a população acondicione o lixo e não coloque na rua até que o serviço seja normalizado.

Corrida aos postos provocou fim do estoque na manhã de quarta-feira (25)
Corrida aos postos provocou fim do estoque na manhã de quarta-feira (25)

Efeitos dos bloqueios

Os bloqueios nas estradas têm causado desabastecimento de produtos em alguns estados do país, principalmente da região Sul.

Eles afetam a operação do porto de Paranaguá, no Paraná, principal terminal de exportação de produtos agrícolas do país. Segundo a administração do porto, apenas 10% dos carregamentos previstos para esta terça-feira (24) foram realizados.

Indústrias de alimentos, agricultores e pecuaristas do oeste, sudoeste e norte do Paraná chegaram a suspender as produções. Frigoríficos em Francisco Beltrão, Dois Vizinhos e Toledo deixaram de fazer o abate de aves.

No Rio Grande do Sul, a paralisação afetou diversos setores produtivos. Indústrias de laticínios e frigoríficos, por exemplo, tiveram a produção reduzida por falta de matéria-prima e já contabilizam prejuízos.

Em São Paulo, houve protesto de mais de oito horas na terça-feira na rodovia Anchieta, para impedir o acesso ao Porto de Santos. Sete caminhoneiros foram presos por se recusarem a sair da pista.

Pode haver falta de alguns produtos na capital paulista. A Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) já registrou queda de 10% na entrada de caminhões carregados de frutas, como a maçã, pêra e melancia, vindos da região Sul do Brasil.

Desde segunda-feira (23), o terminal ferroviário de Rondonópolis, no sul de Mato Grosso, deixa de exportar 12,8 mil toneladas de grãos por dia.
O que pedem os caminhoneiros

A manifestação dos caminhoneiros entrou nesta quarta-feira (25) em seu sétimo dia de protesto contra o aumento do diesel e o preço do frete, considerado baixo pela categoria. Até a noite de terça, pelo menos 13 estados haviam tido registro de atos, com interdição de rodovias e acessos a portos.

O que pedem os caminhoneiros?
Não há uma pauta unificada de reivindicações. Os manifestantes reclamam, principalmente, da alta do preço do diesel, da redução do preço do frete e do valor dos pedágios.

DIESEL: segundo a Federação dos Transportadores Rodoviários Autônomos do Estado de São Paulo (Fecamsp), a alta do diesel – que ficou mais caro depois que o governo elevou as alíquotas do PIS/Cofins e da Cide, em janeiro, e resultou em uma alta de R$ 0,15 por litro do combustível – serviu como “gatilho” para os protestos.

PREÇO DO FRETE: ainda segundo a Fecamsp, o preço do frete teve uma queda de 37% em todo o país. A federação alega que, ao mesmo tempo em que aconteceu essa diminuição, houve alta nos custos de manutenção dos caminhões e das safras de produtos agrícolas, resultando em “mais carga a transportar”, com “o mesmo número de caminhões”. As entidades do setor apontam a existência de um “cartel informal” do preço do frete, pedindo o estabelecimento de uma planilha nacional de referência.

PEDÁGIOS: outro motivo apontado para os protestos é o preço do pedágio nas rodovias, além de casos em que o valor é embutido no frete. “Desde 2001, pela lei 10.209, foi estabelecido o Vale-Pedágio Obrigatório, o qual determina que o valor do pedágio tem que ser pago, integralmente, pelo embarcador, e não pelo caminhoneiro”, argumenta a federação, que pede maior rigor na fiscalização pela ANTT.

Quem comanda o protesto?
A manifestação não é centralizada. Os primeiros protestos começaram em 13 de fevereiro, no Paraná, em um ato que incluía os professores do estado reclamando de medidas de corte de gastos e do que classificam de "abandono" da educação. Nos dias seguintes, a manifestação se espalhou por outros estados.

"Estamos acompanhando, não estamos participando", diz Christensen, da Abcam. "É um movimento que tem acontecido e não tem comando central. Não existe uma direção. Em cada lugar estão agindo de uma maneira diferente", explica.

O governo pode voltar atrás no preço do diesel?
Em meio à paralisação, o ministro da Secretaria-Geral, Miguel Rossetto, afirmou nesta terça que não faz parte da “pauta” do governo reduzir preço do litro do óleo diesel. “Não está na pauta do governo a redução do preço do diesel neste momento”, disse. A definição dos preços dos combustíveis no Brasil parte da Petrobras. Porém, a variação do preço nas bombas para o consumidor depende de decisão dos postos de gasolina.

Que atitudes foram tomadas para desbloquear as estradas até agora?
A Advocacia-Geral da União protocolou ações na Justiça Federal dos estados onde houve o bloqueio de rodovias. A AGU pediu que a Justiça conceda liminar (decisão provisória) para que as estradas sejam desbloqueadas e para que seja imposta uma multa de R$ 100 mil por cada hora em que a decisão for descumprida.

Como o governo está agindo?
O governo vai receber, nesta quarta-feira, representantes dos caminhoneiros para um encontro em Brasília. Segundo o dirigente da Abcam, foram convidadas algumas lideranças locais. "Nós, como associação, fomos convidados como ouvintes. Nós entendemos que não é o correto. Mas vamos como ouvintes e lá reivindicamos", afirmou Christensen.

Quantos caminhões registrados existem no Brasil?
Segundo a ANTT, são 1 milhão de registros de transportadores, com 2,2 milhões de veículos. A maioria dos registros (857 mil) de para autônomos, 1 milhão de veículos. Já os registros de empresas são 171 mil, com 1,2 milhões de veículos. Os registros para cooperativas são 410, com 17 mil veículos.

Muita gente não conseguiu abastecer
Muita gente não conseguiu abastecer

Utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência, de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Permitir