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Notícias

4 de novembro de 2015

Pela liberação da pílula contra o câncer

Audiência Pública no Senado discutiu comprovação da eficácia da substância desenvolvida pelos pesquisadores da USP
Audiência Pública no Senado discutiu comprovação da eficácia da substância desenvolvida pelos pesquisadores da USP

A substância química chamada fosfoetanolamina, produzida pelo Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC/USP), foi anunciada como cura para diversos tipos de tumores. Batizado de “pílulas do câncer”, o produto tem atraído a atenção daqueles que convivem com o câncer.

O problema é que a substância, que vem sendo estudada desde o início da década de 1990, ainda não é considerada medicamento e teve sua circulação proibida após solicitação da Anvisa. As autoridades médicas alegam que as pílulas não passaram pelos experimentos necessários e que, apesar de já estar usada por alguns pacientes, não teria sido oficialmente testada em humanos, apenas em ratos.
Hoje a USP produz em seu laboratório de química as cápsulas que serão entregues aos pacientes com liminar, mas a instituição não tem capacidade para distribuir em grande escala, como é feito por empresas farmacêuticas. Sobre o assunto, a Universidade tem se mostrado contrária à repercussão que essa substância tomou antes de passar por todas as etapas de avaliação e certificação na forma de medicamento. A USP, inclusive, afirma que estuda a possibilidade de denunciar, ao Ministério Público, os profissionais que estão se beneficiando da esperança e desespero dos pacientes e familiares. "Não se trata de detalhe burocrático o produto não estar registrado como remédio – ele não foi estudado para esse fim e não são conhecidas as consequências de seu uso", diz trecho da nota oficial.

O professor Marcos Vinícius de Almeida, um dos pesquisadores e detentores da patente da substância produzida em São Carlos (SP), afirma que o grupo se recusa a vender a patente para grandes grupos internacionais que manifestaram interesse (dos Estados Unidos, Alemanha, França, Itália e Dubai) porque firmou em contrato o objetivo de doá-la se for comprovado que sua fórmula pode curar doenças, entre as quais o câncer. Por isso, a parceria com um órgão público é mais animadora para o grupo.

Ele conta que depois da repercussão sobre a droga, seu grupo de pesquisa foi procurado pelo Lafergs (Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul), pertencente à Fepps (Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde) do Rio Grande do Sul, que ofereceu auxílio nos testes clínicos (com pessoas). De acordo com o pesquisador, seu grupo está reunindo os documentos necessários para abrir a parceria.

Em Não-Me-Toque o vereador Kexinho colocou seu gabinete à disposição para quem queira apoiar o abaixo assinado que busca sensibilizar as autoridades e a Anvisa para a liberação do produto.
Fosfoetanolamina Sintética

Desenvolvida por um grupo de pesquisadores liderados pelo químico Gilberto Chierice, hoje professor aposentado, a fosfoetanolamina, a chamada "pílula do câncer", vem sendo produzida no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos.

A substância foi durante anos fornecida gratuitamente para pessoas interessadas, mesmo sem ter passado por testes necessários.  Em setembro, o Tribunal de Justiça de São Paulo vetou a distribuição. Dias depois, no entanto, o Supremo Tribunal Federal decidiu em favor de um pedido feito por pacientes. O descompasso acabou gerando uma onda de liminares solicitando a liberação do produto.

A USP de São Carlos há mais de 20 anos produz esta fórmula/medicamento, e segundo os pesquisadores, milhares de pessoas tem feito este tratamento, que tem amplo registro de dados de todos os pacientes que utilizaram o produto.

Até o momento, o grupo de pesquisadores que desenvolveu a síntese da fosfoetanolamina alegava que os testes clínicos não tinham sido concluídos, pois havia má vontade por parte da Anvisa.

Pesquisa mostra como a fosfoetanolamina combate o câncer
Pesquisa mostra como a fosfoetanolamina combate o câncer

Início do embate

A fosfoetanolamina tornou-se objeto de embate depois que decisões da Justiça obrigaram a USP a produzi-la e fornecê-la a mais de mil pessoas, apesar de não ter comprovação de eficácia devido à falta de testes.

Em nota, a USP já informou que a fosfoetanolamina não é remédio, foi estudada como produto químico e não há “demonstração cabal de que tenha ação efetiva contra a doença”.

A universidade disse ainda não ser uma indústria química ou farmacêutica e que não tem condições de produzir a substância em larga escala para atender às “centenas de liminares”.

Após ouvir a nota lida no início da audiência pública realizada no Senado (29 de outubro), Chierice reagiu: “Acho que o reitor deveria primeiro experimentar”.

Os relatos apresentados por pacientes que utilizaram a fosfoetanolamina sintética na luta contra o câncer e os estudos apresentados pelos pesquisadores da USP que criaram a substância impressionaram os participantes da audiência pública no Senado. Após o debate, por iniciativa dos senadores Ana Amélia (PP-RS) e Ivo Cassol (PP-RO), realizado em conjunto nas comissões de Assuntos Sociais e Ciência e Tecnologia, o Ministério da Saúde confirmou a formação de um grupo de trabalho para agilizar a regulamentação da fosfoetanolamina.

 

“Provem que não funciona”, diz autor
O professor aposentado de química da USP Gilberto Chierice rebateu, no dia 29 de outubro as críticas sobre a fosfoetanolamina. “É uma situação que chega a ser constrangedora. Já fui chamado de garrafeiro. Isso não funciona em ciência. Ciência é assim: preto é preto, branco é branco, azul é azul, amarelo é amarelo”, disse ele no Senado.
Chierice afirma ter sintetizado a substância em parceria com o hospital Amaral Carvalho, localizado em Jaú, São Paulo. O professor afirmou que pesquisas sobre a substância foram realizadas e cumpriram regras “não da Anvisa, mas do Ministério do Saúde”.
Segundo o professor, o “padrão” das pesquisas envolvia 11 pessoas em cada fase. “Essas fases foram feitas. Cadê? Vocês têm que pedir para o hospital. O hospital abandonou, e eu sei qual é o motivo”, disse, sem, porém, informar tais razões.
“Não tenho um dado clínico de todas essas pesquisas. Mas tem muita gente que tomou”, completou em seguida. “Ela já foi chamada de garrafada, de pilulinha mágica. Provem o contrário”, disse.
Em grupo fechado no Facebook “A cura do câncer com Dr. Professor Gilberto Orivaldo Chierice” estão as defesas mais veementes do uso do produto. As opiniões levantam dúvidas quanto ao interesse da indústria da medicina em ver um produto como a fosfoetanolamina liberado, tanto pelo seu baixo custo quanto pela sua possível eficácia.

 

Mobilização em redes sociais e abaixo assinado pedem liberação da fosfoetanolamina
Mobilização em redes sociais e abaixo assinado pedem liberação da fosfoetanolamina

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