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Notícias

8 de abril de 2016

Plantão médico pode acabar

Excesso de usuários e falta de pagamento pelo Estado dificultam manutenção do serviço no Hospital Notre Dame Júlia Billiart. Plantão 24 horas registra mais de mil atendimentos num mês, sobrecarrega os profissionais e gera custos não cobertos pelos convênios com Estado e Prefeitura. 

Excesso de atendimentos atraso nos recursos fazem pensar a continuidade do plantão médico no município
Excesso de atendimentos com casos que não são considerados de emergência ou urgência, e atraso nos recursos pelo Estado e desgaste dos profissionais fortalece a não continuidade do plantão médico no município 

Hospital ND enfrenta dificuldades para manter plantão 24 horas

No mês de fevereiro completou um ano que o Hospital Notre Dame Júlia Billiart aderiu ao programa Porta de Entrada para atendimento de urgência e emergência 24 horas. O convênio prevê repasse de recursos do Governo do Estado e recebe complementação da Administração Municipal. O objetivo era salvar vidas agilizando o atendimento nos casos de urgência e emergência, mantendo um profissional médico disponível no hospital 24h.
Na prática o que se vê é uma procura desmedida por consultas para casos que não são classificados como urgência e emergência. São doenças não graves, cujo atendimento pode ser buscado nos postos de saúde da rede pública municipal durante o dia.
- O problema não é o atendimento em si, mas os custos que cada consulta gera. Uma vez que o paciente está no hospital, precisa ser medicado, não pode sair com uma receita e buscar a medicação em uma farmácia – explica a coordenadora de enfermagem do Hospital ND, Ir. Marisa Martinelli.
Outra questão é a sobrecarga nos funcionários. Diariamente, desde o final da tarde até por volta da meia noite a equipe de enfermagem e a atendente do hospital ficam envolvidas na triagem, medicação e atendimento das pessoas.
Devido à crise e a queda nas receitas o Hospital ND também teve que reduzir seu quadro de funcionários. A equipe da noite precisa atender os pacientes internados e os que procuram o plantão.
Em março foram 1.010 atendimentos, uma média de 33 por dia. É muito considerando que o município conta com cinco equipes de Estratégia da Saúde da Família (ESF) que disponibiliza médico nos postos de saúdes do centro e dos bairros, mais consultas no horário estendido, das 17 às 20h, no Hospital alto Jacuí.

Procura da população para atendimento no plantão é intensa
Procura da população para atendimento no plantão é intensa

Falta de pagamento
O coordenador administrativo hospitalar Daniel Griep fala da dificuldade financeira e anuncia que o Governo do Estado deve cerca de R$ 200 mil ao hospital relativo ao convênio do plantão, dos meses de janeiro, fevereiro e março, além de reter 30% dos valores referentes às internações do SUS do mês de fevereiro pagas pelo Ministério da Saúde.
Sem receber, o hospital não consegue pagar os médicos, o que gera dificuldades em conseguir quem venha fazer plantões, especialmente nos finais de semanas.
- Quem trabalha precisa receber – constata Daniel Griep.
Para cobrir as 24 horas o hospital conta com uma médica que atende todos os dias e uma lista de mais nove profissionais que se revezam nas noites e finais de semana.
Os recursos dos convênios com o Estado (mesmo quando pago) e o Município não cobrem os valores pagos aos médicos. A situação, segundo o coordenador do HND Júlia Billiart, está sendo avaliada e existe a possibilidade de suspender o serviço.
- Um aspecto é a missão da Congregação das Irmãs oferecer o serviço, outra é a indisponibilidade de recursos para custeio – observa Daniel.
A Ir. Marisa Martinelli emenda:
- Nosso hospital é prestador de serviço, não financiador da saúde pública. As autoridades precisam reconhecer isso e viabilizar o atendimento à população.

Classificação do atendimento
Os serviços de Urgência e Emergência são planejados para atender situações em que há necessidade de uma intervenção rápida ou requer uma estrutura mais complexa que a dos postos de saúde, com disponibilidade de exames e intervenções.
A falta deste entendimento pela população gera a sobrecarga no serviço prestado pelo Hospital ND.
Em um ano a população ainda não entendeu o significado da classificação de risco: vermelho (emergência) – intervenção médica imediata; amarelo (urgência) – avaliação médica em 30 minutos; verde (semi-urgência) – avaliação médica em até uma hora; azul (não urgência) – avaliação médica em até 2 horas.
- Quando um paciente recebe uma classificação que estabelece o atendimento em até duas horas, é a prova que a pessoa deve procurar o posto de saúde, não o hospital – observa a chefe de enfermagem.
Essa falta de compreensão pode ser preponderante para o cancelamento da oferta do serviço gratuito. Daniel Griep defende que é preciso diagnosticar a causa da grande procura. Ou a população não-me-toquense é muito doente ou o sistema de atendimento nas unidades de saúde e o ESF não funcionam como deveriam.

 

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