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Notícias

13 de abril de 2016

Empresas reagem à crise com demissões e encerrando atividades

Indústrias fechando as portas reduzindo o quadro funcional com a diminuição significativa no faturamento é o cenário que as empresas do setor metal mecânico estão enfrentando, em Não-Me-Toque e também no Estado. A crise econômica brasileira não somente bateu na porta, como entrou de vez nas indústrias. Nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, 1.192.575 trabalhadores encaminharam pedido de seguro desemprego de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Previdência Social. A ano de 215 fechou com quase 9 milhões de desempregados.

Em 2015 a Prefeitura de Não-Me-Toque registrou o encerramento de atividades em 94 empresas
Em 2015 a Prefeitura de Não-Me-Toque registrou o encerramento de atividades em 94 empresas

A recessão de 2015 é a mais intensa desde 1990 e a perspectiva de queda na atividade econômica persiste, aguardando uma mudança no cenário político nacional.

Só no Rio Grande do Sul foi registrado o fechamento de 95 mil postos de trabalho em 2015, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A queda no número de vagas deveu-se principalmente às demissões nos setores da indústria de transformação (menos 53,2 mil postos), construção civil (menos 14,9 mil postos) e comércio (menos 13,7 mil postos).

No departamento de administração tributária da Prefeitura de Não-Me-Toque - entre os dias 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2015 - 94 empresas com atuação no município deram baixa nas atividades. Estão incluídas no mesmo bolo empresas na área industrial, comércio e prestadores de serviço (diversos).

Instalado no distrito industrial a indústria ligada ao setor metal mecânico,Petrymak, está sentindo internamente os problemas decorrentes da crise nos seus nove anos de atividade. O diretor da empresa, Jeferson Petry, de 35 anos, informou que a queda na demanda de serviço está acontecendo desde 2014. Ele aguarda que 2016 os resultados sejam melhores comparados aos dos últimos 24 meses. Em 2013, a empresa tinha no seu quadro 18 funcionários, hoje, trabalha com apenas oito. Com produtos próprios a queda na produção e nos lucros está sendo maior no mercado de terceirização para empresas de grande porte, como Jan e Stara – que também tiveram queda na demanda.

- Tivemos no ano passado redução nos pedidos chegando diminuir 80% no faturamento de peças nos serviços terceirizados– comentou Jeferson Petry.

Em curto prazo o empresário não está otimista. Na sua opinião, falta incentivo para crédito de compra e juros mais baixos. Critérios que diminuiriam os prejuízos, segundo ele, ou manteria o maior número de trabalhadores empregados, além de manter as vendas aquecidas por mais tempo.

O empresário, GelsoKaempfer, de 54 anos,  conduz sua empresa Metalwek (desde o ano de 2008) especializada no enlonamento de caminhões, conseguiu manter uma média positiva na porcentagem das vendas de lonas dos três anos anteriores até 2016,alternando entre períodos bons e razoáveis.

Kaempfer quer focar sua especialidade nas novidades para o sistema de enlonamento para superar as adversidades e manter seus nove colaboradores. Sem poupar críticas ao momento política, acredita que o grande desafio deste ano é inovar etrabalhar muito para barrar as perdas e evitar demissões.

- Infelizmente, não poderemos ter um futuro melhor enquanto tivermos vaidade e conflitos na política, que na minha opinião atrasam o desenvolvimento do país e de quem deseja crescer nos mais variados segmentos – expressou.

Em 2015 a Prefeitura de Não-Me-Toque registrou o encerramento de atividades em 94 empresas
Empresas diminuíram a quantidade de colaboradores

Fechar a empresa é o melhor negócio

Parece estranho ouvir empresários informando que estão fechando a empresae considerando isso um bom negócio. Mas é um fato. Empresa tradicional como a Robertshaw fechou unidade em Caxias do Sul demitindo cerca de 600 funcionários depois de 50 anos de atividades. Em Canoas, a MWM também fechou a unidade em fevereiro, demitindo cerca de 600 funcionários. A Manitowoc, em Passo Fundo, inaugurada em 2012 como uma promessa, suspendeu atividades demitindo cerca de 90 funcionários, mas manteve 20 com a expectativa de retomar a produção. A Semeato, em Passo Fundo e Carazinho, de acordo com o Sindicato de Máquinas Agrícolas, vem atrasando salários desde 2014.

Apesar de as duas grandes empresas do setor – Stara e Jan - manterem os empregos, salários e um nível razoável de produção, em Não-Me-Toque a realidade não está distante do cenário estadual e nacional, registrando o fechamento d empresas metal mecânica.

No final de 2015 os sócios José Barrios Alonso e Antenor Dossa preferiram vender a Dobel Indústria e os equipamentos de tratamento e banho a base de zinco para acabamento de peças utilizadas na montagem de máquinas ou implementos agrícolas. Eles planejam para o futuro seguir em outros ramos menos onerosos, burocráticos e que exigem menos cobranças dos órgãos fiscalizadores - que acabam por vezes inibindo ou desestimulando a continuidade das empresas.

José Barrios explica que a sobrecarga das exigências ambientais, diminuição da margem de lucro, impostos pesados, retrocesso na economia brasileira e a falta de um sucessor familiar para tocar a indústria o motivaram à venda. Barrios planejou seguir outro ramo, diante da perspectiva de um ano difícil para indústria que focava seus lucros na prestação de serviço. Os sócios consideraram uma boa oportunidade a venda das instalações para Grazmec, indústria lindeira, que comprou toda a estrutura.

-Atualmente, ter uma empresa de porte médio como tínhamos, no Brasil, é um risco – avaliou Barrios.

De modo geral os empresários de Não-Me-Toque que e aceitaram conversar para esta reportagem sentem que a maré está baixa para os negócios em diferentes setores. Foram unânimes nas críticas à política econômica e no entendimento que a insegurança política é a principal causa na queda dos negócios, desde a venda até a produção e prestação de serviços. O que não está em queda está freado, causando fechamento também nos postos de trabalho.

O Rio Grande do Sul um agravante nesta crise.  O aumento de 5% nos impostos estaduais apresentado como solução para o caixa do Governo do Estado fez crescer o abismo tributário com outros estados e fere mortamente as empresas gaúchas em sua capacidade de competição no mercado nacional.

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