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Notícias

7 de abril de 2017

Morre um ícone da medicina de Não-Me-Toque

Texto: Helaine Gnoatto Zart
contato@afolhadosul.com.br

Ele conheceu e praticou a medicina no tempo em que o diagnóstico ocorria apenas pelos sintomas relatados pelos pacientes, de um tempo em que o primeiro exame de imagem, o raio X, estava apenas surgindo no Brasil.O Dr. Armando de Brito Wagner, morto em 30 de março de 2017, aos 82 anos, foi o terceiro médico a atuar em Não-Me-Toque e praticou a medicina durante 53 anos, 43 anos em Não-Me-Toque. Viveu toda a evolução da ciência médica, mas nunca deixou de ser um profissional que exercia a medicina como uma missão.

Atendeu todos sempre que foi chamado, independente de receber por isso. Foi um homem caridoso também nas ações, que fez de forma silenciosa, sem permitir que fossem divulgadas. Durante toda sua vida profissional ativa fez doações regulares de alimentos para a entidade Pão dos Pobres (Porto Alegre) e distribuiu dezenas de sacolas de alimentos para famílias pobres de Não-Me-Toque. (Uma pessoa que não é da família e ajudou na entrega destas doações relatou o fato numa conversa informal, nesta semana.)

Nascido em 13 de abril de 1934, em Carazinho, Armando Wagner estudou Medicina no Rio de Janeiro, formando-se no ano de 1959. Nas férias, vinha sempre a Não-Me-Toque ajudar o Dr. Otto Stahl, no Hospital Caridade, das Irmãs de Notre Dame. Seu objetivo era aprender. Não-Me-Toque foi um dos primeiros municípios da região a ter hospital e médicos. O Dr. Stahl construiu o Hospital Sagrada Família (1930), que vendeu para a Sociedade Hospitalar Alto Jacuí (1944), e também liderou a construção do Hospital Caridade (1944), que vendeu para a Congregação das Irmãs em 1959.

Médico Armando Wagner trabalhou durante 52 anos
Médico Armando Wagner trabalhou durante 52 anos

Quando se formou, Armando Wagner foi morar na Alemanha para trabalhar, aprender técnicas cirúrgicas e também aprender a língua alemã com fluência. Retornou em junho de 1961, atendendo pedido do Dr. Stahl, que confessava precisar de ajuda, para atender a grande demanda. No ano de 1962 Stahl deixa Não-Me-Toque e vai morar em Porto Alegre. O Dr. Armando Wagner assume. Casou-se com Sandra Dornelles (26/2/1966), que conheceu no Tabelionato, onde comparecia regulamente para conversar com o oficial Nathaniel Teixeira Dornelles.

Companheira da vida toda, com os mesmos hábitos reclusos e discretos, só deixaram Não-Me-Toque por 8 anos para tratar da saúde do filho Roberto (2 anos no Rio de Janeiro e 6 anos em Porto Alegre).Durante 18 anos o Dr. Armando trabalhou sozinho no Hospital Caridade. Permanecia em plantão 24 horas. Se o nascimento de uma criança apresentasse dificuldade de noite ou madrugada, a parteira do hospital dava o alerta e o Dr. Armando era chamado para fazer a cesariana ou outro atendimento de emergência.

A cidade foi crescendo e em 1976 chegou mais um médico para trabalhar na cidade, o Dr. Anaor Aguiar, que veio para trabalhar no Hospital Alto Jacuí e a convite do Dr. Armando Wagner, também no Caridade. O Dr. Anaor foi o primeiro médico em Não-Me-Toque que trabalhou nos dois hospitais. Armando de Brito Wagner também trabalhou para o Inamps (antigo INSS), a partir de 1971, atendendo no primeiro posto de saúde de NMT, que funcionava em uma casa de madeira na Avenida Alto Jacuí, esquina com a Rua Victor Graeff (atualmente pertencente à empresa Augustin).

Um homem que gostava da família, de ler, de trabalhar e de fazer o bem. Parou de trabalhar em outubro de 2013, quando os sintomas do Alzeimer roubaram sua vitalidade. Mesmo despretensioso, deixou sua marca na história de Não-Me-Toque e vai ser lembrado para sempre.

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