10 de julho de 2017

Gari sobrevivente vive tragédia prolongada

Felipe Keller/Reporter@afolhadosul.com.br 

Drama continua depois do acidente com equipe de garis

Era para ter sido mais um dia de trabalho. Limpar a sujeira deixada pela população na rua. Para uma gari, Tânia da Rosa, 43 anos, o fim de tudo: a morte. Para dois colegas, o começo de um drama. O sobrevivente, Ari, está de muleta e incapacitado para voltar a trabalhar. A tragédia quase esquecida por todos, se faz presente na casa de uma das sobreviventes, Santa Romilda Tariga, de 54 anos, que enfrenta dificuldades até para ficar sentada.

Com duas pernas quebradas, à direita, está com gesso, à esquerda, recebeu pinos e aguarda para ser engessada. A previsão para o procedimento é de mais um mês. Romilda recebeu a reportagem do jornal A Folha, na sua casa simples, de cor verde, aos fundos com outras residências ainda menores, na Rua Treze de Maio, no bairro Jardim.

- Quero juntar forças e voltar a trabalhar. Não me lembro de nada do acidente, acordei e perguntei à enfermeira o que estava fazendo no hospital – relatou.

A família pobre está sendo amparada nos gastos com medicamentos pela empresa para quem Romilda trabalha. Segundo a filha da vítima, que deixou emprego de diarista para cuidar da mãe, o proprietário do caminhão não procurou a família, e a Polícia Civil ainda não tomou o depoimento da vítima. Segundo a filha, aguardam que esteja em melhor condição.

- Agradeço muito a Deus por estar viva. Gosto muito do que faço, mais infelizmente o acidente mudou a vida de todo mundo na família – desabafou Romilda.

A vítima está assegurada pelo INSS por 120 dias, mas é provável que ao final deste prazo ainda não esteja em condições de voltar ao trabalho. Contudo, Romilda tem pressa de se recuperar para iniciar a fase de fisioterapia. Quer sair da cama, local onde passa o maior tempo do dia deitada. Quer poder sentar na cadeira de rodas cedida pelo Rotary Clube, sem dificuldades. A maior preocupação da família é com o estado físico e emocional de Romilda. Antes, uma pessoa ativa no trabalho.

- A mãe sente dor, o problema é a infecção, além de tomar remédio contra osteoporose e diabetes – informou a filha.

O impacto do acidente atingiu a renda da família. Além do salário – com carteira assinada e todos os direitos – recebia vale refeição. Seu marido está desempregado e na casa ainda moram duas netas.

No final da entrevista, chegou dona Conceição, mãe de Romilda, mulher de idade, mas demonstrando ser forte. Sentada ao lado da filha acamada, comentou que quer apenas o retorno da sua filha à vida normal. Confessou estar triste com a situação, mas feliz por estar viva.

- Fazer o quê? A gente lamenta o que aconteceu, quero que ela volte a caminhar e continuar sua vida como mulher batalhadora que é – disse dona Conceição.

A Secretaria Municipal de Saúde, através do Postinho do bairro Jardim, faz a troca de curativo todos os dias.

Relembre acidente – No dia 17 de maio, quarta-feira, uma equipe de garris formada por duas mulheres e um homem, que fazia a varredura na Rua Victor Graeff, foi atingida por um poste da iluminação pública. O acidente foi ocasionado quando um caminhão, segundo testemunhas, trafegava pela Rua Dr. Otto Stahl, carregado de implementos agrícolas.

Ao passar pelo cruzamento com a Rua Victor Graeff, a carga enroscou nos fios. O caminhão prosseguiu e com a força quebrou o poste de madeira que acabou atingindo as três pessoas que trabalhavam no local.  De acordo com o empregador, Valdir Keller, os funcionários têm todos seus direitos trabalhistas em dia. Além da Carteira de Trabalho assinada, também têm seguro de vida que cobre morte e invalides permanente.

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