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Notícias

23 de janeiro de 2018

Na terra dos czares

Enzo, entre atores interpretando Josef Stalin o Vladimir Lênin, na Praça Vermelha

 Aos 17 anos Enzo Fülber realiza o sonho de fazer intercâmbio de longo prazo através do Rotary.

Por: Helaine Gnoatto Zart | A Folha do Sul

Movido pela curiosidade e pela inquietude, já que sempre foi avesso ao conformismo, o estudante não-me-toquense do Ensino Médio, Enzo Henrique Fülber, 17 anos, está na Rússia. Aproveitou a oportunidade de realizar o intercâmbio de longo prazo através do Rotary de Carazinho e precisou de treze meses para os preparativos.

Os czares, da dinastia Romanov, que ficaram no poder desde 1613 até 1917, governavam de forma absoluta, na qual o czar (imperador russo) se confundia com o Estado. Agiam politicamente em função da grandeza imperial e da ampliação de seu poder como déspotas. O regime foi substituído pelo comunismo.

Em regime de governo semipresidencialista desde 1991 – depois de 74 anos de comunismo – com mais de 17 milhões de km², uma população de 143 milhões de habitantes, a Rússia é um país tão extenso que tem vários fusos horários. Se citar a capital Moscow, daí sim, são 5 horas do Brasil.

A Rússia é aberta ao turismo. Os brasileiros com passaporte podem ingressar e permanecer até 90 dias sem visto, o que é bom para quem pensa em assistir aos jogos da Copa do Mundo, mas deve se preparar, porque poucos falam inglês por lá.

Nesta entrevista concedida ao jornal A Folha, Enzo relata porque escolheu este país e como está sendo a experiência, começando pela comunicação.

 

O intercâmbio viabilizou um sonho?

Desde pequeno tive contato com pessoas de vários países devido ao trabalho do meu pai, que na época trabalhava na exportação da Stara. Acredito que desde esse período passei a me interessar por outras culturas, outras pessoas e outros idiomas. Outro motivo que despertou meu desejo de ser um intercambista foi a monotonia do meu local de origem e o fato de saber que o mundo não é só um bairro, uma cidade ou uma região, o mundo é gigante e repleto de diversidade. Foi com esse anseio por aventura, por conhecer novas pessoas e ter oportunidades atraentes de futuros negócios que eu me inscrevi para o intercâmbio do Rotary.

Programa possibilita até 12 meses de intercâmbio

Como tomou conhecimento do programa e como foi recebido ao se apresentar como candidato?

Eu sempre tive o desejo de ser um intercambista. O instituto Fisk de Não-Me-Toque - no qual cursei línguas inglesa e alemã - além de ter uma equipe de professores que, em sua maioria, já participaram de algum programa de intercâmbio (o que o torna a melhor escola de idiomas da região), disponibiliza uma série de intercâmbios e viagens com empresas parceiras, porém na época eu não tinha idade suficiente para ingressar em um programa de longo prazo, que era de meu desejo. Há aproximadamente um ano e meio, meu oficial de intercâmbio João Rafael dal Molim foi até o Rui Barbosa, colégio onde estudava, a fim de difundir o programa de intercâmbio do Rotary. Eu me interessei pela proposta e contatei meus pais, que também gostaram da ideia.

Grupo de estudantes trazidos pelo Rotary

Como ocorreu o processo, desde o primeiro contato até o embarque?

Desde que eu oficialmente me juntei ao programa até o dia em que entrei no avião rumo a Moscow foram aproximadamente treze meses de processos seletivos e preenchimento dos documentos. Além dos contratos que meus pais tiveram que assinar, tive que preencher o chamado Application Form, documento que é enviado para o país de destino com meus dados, passatempos, família e escola. Na época estudava no colégio Rui Barbosa e no decorrer do processo mudei para o Instituto Educacional Girassol, em Não-Me-Toque, que colaborou com a documentação necessária e me incentivou. Tive também que ir para Brasília semanas antes da data de embarque, para fazer o visto de estudos na Federação Russa.

Além de frequentar as aulas programa inclui passeios

Por que a Rússia?

A Rússia sempre esteve na lista de países que eu tive interesse em conhecer. Quando recebi uma mensagem da Chairperson de intercâmbio do Distrito Rotariano, na qual ela perguntava se eu tinha interesse em ir para a Rússia, imediatamente disse que sim. Além de a Rússia ser um país cercado de misticismo e histórias que vão desde antigos cavaleiros medievais até espiões da guerra fria, a Rússia se encaixa perfeitamente no tipo de país no qual desejo ter negócios no futuro. Atualmente, eu acredito que existem três tipos de países líderes, em termos econômicos. O primeiro tipo - grupo no qual Estados Unidos, China, União Europeia e os gigantes asiáticos fazem parte - é composto por países ricos, com grande mercado interno, mas com potencial de crescimento baixo devido ao fato de que eles já são gigantes. O segundo tipo - que é composto pela grande maioria de países do mundo – é formado por países pobres, com grande potencial de crescimento, mas com mercado interno pequeno. Já o terceiro tipo de país – na categoria em que se enquadra apenas um pequeno número de países como o Brasil, o México e a Rússia - é caracterizado pelo gigantesco potencial de crescimento e mercado interno enorme. E com essa intenção de agregar mais conhecimento sobre um país tão promissor foi que aceitei.

 

Teve alguma dificuldade na comunicação?

Quando cheguei, me comunicava em inglês, afinal, vim para a Rússia sem saber sequer uma palavra do idioma. Após quatro meses vivendo aqui e estudando russo, já consigo me comunicar perfeitamente, sei ler e escrever. Inclusive minha atual família anfitriã não fala inglês. O russo é uma língua difícil de aprender, tem muitas peculiaridades, começando pelo alfabeto cirílico.

Onde ficam os intercambistas?

Durante o programa o intercambista fica com três ou quatro famílias anfitriãs ao longo do ano de estada. No momento estou na minha segunda. Todas as famílias são de rotarianos.

Que oportunidades você está encontrando nesta experiência? É possível viajar também para outros países durante o intercâmbio?

Aqui, além de ir para uma escola comum de ensino médio, tenho aulas do idioma russo, pratico futebol semanalmente e frequento muitos ambientes como embaixadas, galerias de arte, apresentações de orquestras e teatros. O número de pessoas que eu conheço aqui, tanto russos como estrangeiros, é abismal. As oportunidades são infinitas, tenho contato com alas diplomáticas e com pessoas bem sucedidas, algo muito útil para minha futura vida profissional. Quanto à viagens para fora do país, cabe ao meu Rotary Club russo - Rotary Moscow East - tomar esse tipo de decisão.

 

Já tem planos para quando retornar?

O meu intercâmbio termina oficialmente entre julho e setembro, pois o programa de longo prazo dura de 10 a 12 meses. Porém, após retornar ao Brasil, muito provavelmente voltarei para Moscow para dar início à minha vida profissional.

 

Você indica o intercâmbio do Rotary para outros jovens?

Eu indico o programa para todo jovem que tenha internamente um espírito aventureiro e o anseio por conhecer o mundo e novas pessoas.

Certeza de que quer voltar para trabalhar neste país
Oportunidade de conhecer jovens de diversos países

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