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1 de dezembro de 2018

Problema com replantio da soja pode afetar 20% das áreas

Helaine Gnoatto Zart | Afolha

Os produtores de soja que semearam lavouras no período entre 20 e 23 de outubro perderam praticamente toda a semente lançada no solo. São registrado problemas com a emergência e morte das plantas. A estimativa do Sindicato dos Trabalhadores Rurais é de que o problema afetou pelo menos 20% das lavouras e as áreas precisam ser replantadas.

O engenheiro agrônomo Vinicius Toso, da Emater Não-Me-Toque, que tem percorrido o interior para avaliar as lavouras de trigo em vista da solicitação de Proagro, disse que o problema com a soja é visível nas lavouras.

- As lavouras não apresentam um estabelecimento de plantas regular. Tudo indica que a semeadura foi afetada por um fungo do solo que se desenvolve em condições de umidade, também é possível que as sementes tenham sido impactadas pela temperatura do solo que neste ano estavam mais frias nesta época do ano. Outro problema pode ser a profundidade das sementes, uma máquina mal regulada pode afetar tanto a germinação quanto o potencial da planta – explicou o agrônomo.

Lavoura plantada dia 23 de outubro, em Não-Me-Toque, precisou ser replantada

Segundo Vinícius, a região teve um inverno chuvoso, frio que se prolongou e nos dias 30 e 31 de outubro, em pleno período de plantio, uma precipitação de mais de 100 mm de chuva assolou o Estado. A umidade extrema criou as condições de desenvolvimento do fungo que afetou as plantas jovens e causou a podridão. O problema aparece nas várzeas, cabeceiras e curvas de níveis.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Não-Me-Toque, Maiquel Junges, disse que foram inúmeros os produtores que procuraram a entidade para buscar ajuda.

- Consultamos a Emater e a Fetag, mas está difícil encontrar uma solução que possa ajudar os agricultores. O Proagro assegura perdas mas faz o cálculo médio da lavoura e neste caso, estamos falando apenas de lavouras semeadas num curto período, não do todo – lamenta Junges.

Em reunião da regional sindical nesta semana, foram relatados problemas em diversos municípios: Não-Me-Toque, Victor Graeff, Colorado, Carazinho, Passo Fundo, Ibirapuitã e Mormaço.

Especialista explica presença do fungo

Em entrevista ao Programa de Rádio da Cotrijal de domingo (11), a responsável técnica pelo Laboratório de Fitopatologia da UPF, que atende a região, Carolina Deuner, engenheira agrônoma e Doutora em Fitopatologia, disse que receberam mais de 30 amostras desde o dia 1º até 10 de novembro, todas com praticamente o mesmo sintoma: sementes que não germinaram, plantas que tombaram, raízes escurecidas e redução de crescimento.

- Nós detectamos dois patógenos (fungos) nas plantas encaminhadas ao laboratório que são recorrentes nas plantas no início de cultura porque estão presentes naturalmente no solo e estão associados aos sintomas das plantas trazidas – relatou a especialista.

Para que os patógenos atuem nas sementes e nas plantas, segundo a Dra. Carolina Deuner, é preciso ter umidade. Na região de Passo Fundo, choveu nos dias 27 e 31 de outubro acumulados próximos a 100 mm. No mês de outubro a precipitação foi de 319 mm, quando a média histórica é de 150 mm.

- Quando temos solo encharcado e noites frias, como ocorreu, nós temos problemas na emergência das plantas, fato que ocorre todos os anos nesta época, no entanto, é maior neste ano porque temos muito produtores com problema de compactação nas lavouras, que favorece o acúmulo de água, dando condições para os patógenos que já estão no solo agirem .

Carolina Deuner afirma que o problema aparece mais na região Norte do Estado, onde choveu mais. Orienta que, mesmo a soja sendo a acultura mais importante economicamente, o produtor precisa fazer rotação de culturas. Para isso, a especialista indica que a cada ano o produtor escolha algumas áreas para a rotação, o que contribui para melhorar a característica física do solo e reduz os riscos de ação de patógenos como este que causa dano na semente e nas plantas jovens.

As amostras que chegaram ao Laboratório Fitopatológico da UPF são de nove diferentes cultivares e, segundo a técnica responsável, os fungos não estão nas sementes, são especificamente do solo e só se manifestam quando encontram ambiente favorável, neste caso a umidade.

O que é damping off?

 Este grupo de doenças compreende todas aquelas que atingem os tecidos vegetais jovens, ainda dependentes das reservas das sementes, provocando a sua morte prematura; ou então, doenças que se manifestam em plantas jovens (plântulas) que acabaram de emergir sobre o solo, causando o seu tombamento pela degradação do seu caulículo, ainda muito tenro.

Causas do tombamento de plantas

Os primeiros plantios da safra de soja, no Sul do Brasil, estão enfrentando condições de alta umidade e baixa temperatura do solo, o que pode agravar a ocorrência desse problema. O tombamento de plantas é causado, principalmente, por patógenos que naturalmente habitam o solo e vivem saprofiticamente se alimentado de restos culturais em decomposição. Quando atacam as plantas vivas, as doenças se tornam um sério problema para hospedeiros de interesse econômico.

Agricultores sofrem prejuízos com replantio de soja

Além do custo para o replantio das área afetadas pela doença que impediu a germinação ou derrubou a planta de soja, agricultores estão com dificuldades para comprar sementes das variedades desejadas

A época de semeadura é um dos fatores que mais influenciam no porte das plantas e no rendimento da soja. O produtor tem sido levado a buscar diferentes épocas de semeadura e de cultivares para reduzir os riscos de perdas com doenças, pragas ou a estiagem.

Na região Centro-Sul, a época de semeadura indicada, para a maioria das cultivares, estende-se de 15/10 a 15/12. Dados estatísticos apontam que melhores resultados, para rendimento e altura de plantas, na maioria dos anos e para a maioria das cultivares, são obtidos nas semeaduras realizadas de final de outubro a final de novembro.

Foto divulgação

Neste ano, o plantio iniciou nos primeiros dias de outubro em algumas áreas na região. Mas foi a semeadura da última quinzena de outubro que apresenta problemas. O solo encharcado deu condições para o desenvolvimento de um fungo presente no solo que impediu o nascimento da planta ou apodreceu a raiz e a haste.

Com cerca de 20% da área de soja afetada, produtores relatam dificuldades para encontrar sementes. A informação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Não-Me-Toque, Maiquel Junges. No entanto, o presidente do Sindicato Rural, Willibrordus van Lieshout, confirma a ocorrência da perda no plantio, mas que não recebeu relato de falta de sementes.

- Neste ano os produtores ampliaram a área de plantio do cedo, por conta do resultado positivo do ano passado, mas foram surpreendidos com as condições do solo e do clima. Praticamente todos os nossos associados tiveram que replantar áreas, mas não relataram dificuldades de encontrar sementes no mercado - afirmou Van Lieshout.

Perderam planta tanto pequenos como médios e grandes produtores. São áreas afetadas que variam de 5 a 300 hectares.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Apassul, Jean Carlos Cirino, não está faltando sementes. Ele toma por base as estatísticas de que historicamente sobram 20% da semente produzida no Estado.

- Pode estar faltando especificamente a cultivar que o produtor deseja plantar, não sementes recomendadas para sua região. É importante entender que o planejamento da disponibilidade de sementes ocorre um ano antes, quando as sementeiras estabelecem os campos para atender a demanda planejada. Agora, neste momento em que o agricultor deseja refazer a semeadura em função de algum problema, pode encontrar dificuldades para encontrar a mesma cultivar – explicou.

Sérgio Bertagnolli, gerente comercial da GDM, obtentora de sementes, reforçou a posição da Apassul. Ao explicar que nos últimos anos o produtor está mais interessado em usar tecnologia e isso também ocorre com as cultivares de lançamento, disse que existe um excedente no mercado que garante o replantio.

- Ao participar das atividades propostas pelas empresas o agricultor adquire conhecimento e busca plantar as cultivares mais modernas, com mais potencial de produtividade e sanidade. Não é correto dizer que falta semente, porque o setor produz uma demanda excedente. Pode estar faltando no mercado local a semente que o produtor deseja, aquelas que são lançamento e que foram reservadas antecipadamente para esta safra. No entanto, existem outras cultivares também recomendadas para a região que são mais antigas, mas ainda detêm alto potencial de produtividade – afirmou.

O representante da Monsoy, Everton Johann, confirmou que tem muitas variedades faltando no mercado, lançamentos e algumas bem tradicionais que são conhecidas e usadas no RS até Mato Grosso do Sul.

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