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Notícias

6 de abril de 2020

Entre o dever de informar e a inclinação por alarmar

Por: Helaine Gnoatto Zar - editora jornal A Folha / A folha do Sul

Em 30 anos de jornalismo em Não-Me-Toque, nunca foi tão difícil editar e fechar uma edição como está sendo com esta, a de número 1.366.

E não é porque temos que noticiar casos de coronavírus em nossa cidade. Felizmente, não temos nenhum. Teremos, com certeza. Porque um vírus se propaga com muita facilidade e esse, o covid-19 – presente dos chineses para o mundo globalizado – veio para semear a morte, a discórdia, o desemprego, a falência, o desespero, o descrédito. Você, leitor, com certeza acrescentaria mais alguns anexos.

É porque também tivemos que tomar medidas duras. Somos uma empresa enxuta. Temos sede própria. Temos apenas um funcionário, o jornalista, a quem tivemos que conceder férias por 15 dias. Temos outros serviços que são terceirizados, os quais também estamos reduzindo. Tomamos outras medidas de contenção de gastos, também. Cortar para sobreviver. Decisão foi motivada pela ordem do governador do estado Eduardo Leite, de ampliar a quarentena até 15 de abril e proibir a abertura do comércio em todos os municípios.

Entendemos que não é fácil ser autoridade e ter que tomar decisões diante de um quadro tão alarmante. Afinal, tudo está amplificado – amplificado é a palavra, tirada daquele aparelho que faz o som ribombar. Mas será que as autoridades estão tomando as medidas certas? Só setor produtivo vai pagar essa conta? Por que não se vê o Judiciário e o Executivo Estadual abrir mãos de regalias, seguindo a Assembleia Legislativa, que está devolvendo recursos de diárias, verbas de gabinetes para ajudar no combate ao cornavírus e seus efeitos!

Os adeptos do mantra #fique em casa estão grudados nas redes sociais e na televisão acompanhando as notícias e as estimativas catastróficas, e jogam farpas em quem pensa diferente. Mas como não ficar alarmado, já que a pandemia de coronavírus é fato e está ocorrendo em todos os países do mundo?

E se a imprensa não tivesse se agarrado ao coronavírus para salvar seu prestígio e audiência, sendo imparcial, cuidando de noticiar sob todos os ângulos? Certamente isso não lhes traria tanta audiência. Certamente não estaríamos vivendo neste círculo de pânico e ofensas. E as pessoas não estariam grudadas nos noticiários reproduzindo cada detalhe aterrador.

Os governos, os laboratórios os pesquisadores estariam exercendo seu papel trabalhando para controlar, atender e descobrir a cura de mais esta peste. Assim como estão fazendo.

Ao fim, será apenas mais uma peste que se abateu sobre a humanidade. Os Médicos Sem Fronteiras continuarão pedindo dinheiro para manter seu trabalho na África.  O Green Peace continuará singrando mares e fazendo protestos contra nosso presidente (desde que ele não seja da esquerda). A China continuará comprando empresas de energia, minério, água, proteína pelo mundo afora. Os donos do Google, Facebook, Whatsapp e Instagram continuarão abocanhando cada vez mais a fatia publicitária. O povo continuará sendo massa de manobra dos formadores de opinião. E a imprensa vai deixar de ser, definitivamente, fonte de informação para se consolidar como fonte de opinadores.

Quem viver, verá.

Por aqui, com nosso impresso, aguentaremos o tranco. Encolhidos, mas não apequenados. Presente, e com o compromisso renovado de informar, sem alarmar.

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