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Cantor vive a nova realidade da grande maioria dos artistas que perderam renda com shows e eventos cancelados devido à pandemia (arquivo pessoal)

26 de maio de 2020

A nova realidade do meio artístico

“A classe foi a primeira parar e vai ser a última a voltar” e “estamos de mãos atadas”

Cantor vive a nova realidade da grande maioria dos artistas que perderam renda com shows e eventos cancelados devido à pandemia (arquivo pessoal)
Por: Felipe Keller

O cantor, compositor e professor de música Jefinho Dias, 26 anos, de Selbach, muito conhecido em Não-Me-Toque, pela sua presença nos palcos das principais casas de shows e apresentação em eventos privados, atendeu a reportagem do jornal A Folha para uma conversa. Falar da nova realidade vivida no meio artístico, uma visão regional frente à pandemia do novo coronavírus.

Músico desde os 11 anos, começou como tecladista. A partir dos 15, tornou-se vocalista com passagem em várias bandas. Há oito anos, segue projeto solo como cantor. Na entrevista comentou as dificuldades de quem vive da música. Sem apresentação nos próximos três meses, a renda para cumprir com as obrigações do mês vem das aulas particulares. Avaliou ainda a expectativa após a pandemia, a onda de shows ao vivo (lives) pela internet e a volta do público.

AF: Como tem sido para você e outros que vivem da música na região sobreviver nesse período?

A classe foi a primeira a parar e vai ser a última voltar. A sensação que eu tenho é que estamos de mãos atadas. Tem muitos amigos meus que estão trabalhando com outras coisas, até tudo isso passar. Atualmente dou aula de nove instrumentos musicais, só que estão paradas. Normalmente conseguia dar 40 aulas por semana. Hoje, por diferentes motivos, são menos de 10. Não tenho medo de trabalhar (fora da música). O problema da pandemia é que não sabemos até quando vai. Tenho amigos na música que estão trabalhando em outras áreas para não ficar sem renda.

AF: Quando os shows começaram a ser cancelados, existe contato para retorno?  

Não tem uma previsão até quando seguirá a pandemia. Eu tive eventos cancelados a partir da segunda semana de março. E todas as apresentações canceladas de abril, maio e junho. Formaturas, aniversário de 15 anos, foram transferidos para outubro. Eventos comemorados na semana (como a Páscoa) não vão mais acontecer. Atualmente, não tem procura, não tenho novos shows na agenda.

AF: Qual tem sido alternativa, você vem postado algum vídeo?

Sempre postei no Facebook, gravei músicas novas, tenho meus vídeos no YuoTube. Ajuda na visibilidade. Tem pessoas que acompanham meu trabalho desde quando cantava em bandas. É por essas pessoas que eu faço. Não existe uma pessoa que está 100% tranquila. Está complicado para todo mundo. É uma realidade nunca vivida antes. Para nós músicos, o que podemos fazer é levar um pouco de alegria, da nossa arte. O artista famoso ganha dinheiro fazendo live, uma situação diferente para quem está fora deste circuito. A ideia principal é levar entretenimento.

AF: De que maneira você imagina a nova realidade para o músico?

Vai ser muito complicado. A maioria das pessoas não vai ter condições ou dinheiro. Desde agora  estão segurando para não gastar. Minhas apresentações eram muito em bares/pubs e foram todos fechados. Quando voltar os eventos, os donos das casas de shows que tiverem resistido ao perído fechado, vão oferecer um valor dentro da sua realidade para pagar o artista. O valor pago vai baixar e todos terão que viver com essa realidade. E quem não tocar não vai receber. Após a pandemia o cenário vai continuar difícil.

AF: As lives dos artistas famosos podem tornar público mais caseiro?  

Eu acho que não. A única questão é que os demais (não famosos) têm que se adequar ao que está acontecendo. Eu estou programando minha live nos próximos dias e temos que nos adequar. Não pode fazer no mesmo horário que um dos grandões. A parte principal destas apresentações é arrecadar alimentos para quem precisa. Tem um grupo chamado Confraria dos Músicos, que fazem ações em prol dos artistas que precisam de alimentos, que estão sem trabalho. O mínimo que podemos fazer é transmitir nossa arte para as pessoas.

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