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Foto: Roger Amaral/Jornal A Folha.
12 de abril de 2021
Casa da Cultura Dr. Otto Stahl: Patrimônio histórico de Não-Me-Toque em decadência
Por Roger Amaral
A Casa da Cultura Dr. Otto Stahl, fundada em 22 de setembro de 1990 pelo prefeito Harry Alberto Erpen, pertence à 3ª Região Museológica do Sistema Estadual de Museus do Rio Grande do Sul. Tombada como Patrimônio Histórico e Cultural de Não-Me-Toque, em 27 de dezembro de 2006 com o Decreto n° 293 assinado pelo prefeito Armando Roos, neste ano de 2021, completa 31 anos de sua fundação e vive um momento de abandono pelo menos nos últimos três anos.
O casarão foi residência de Dr. Otto Stahl, médico fundador dos dois hospitais do município, emancipacionista, vereador na primeira legislatura (1955 a 1957), e um dos mais importantes líderes da época. A propriedade da Associação Santa Cruz, é cedida para a preservação cultural, mas passa despercebida aos olhares daqueles que deveriam conservar e manter a história viva.
A situação da estrutura é preocupante. Roedores e cupins consomem as paredes e assoalho do casarão que, com o passar do tempo, fica cada vez mais comprometido.
Atualmente, a Casa da Cultura Dr. Otto Stahl está à mercê da passagem do tempo sem qualquer valorização ou conservação do seu acervo que abriga indumentárias, iconografias, objetos de uso pessoal, objetos decorativos, instrumentos musicais, máquinas, utensílios domésticos, numismática, tesserologia, medalhística, arte sacra, regionalismo, livros, revistas, jornais locais, relatos escritos, quadros e documentos, registros orais gravados em cassete e VHS, DVDs, e uma variedade de documentos que comprovam a parte da história do povo não-me-toquense e regional.
Parte deste material encontra-se em velhas prateleiras, mofados, e alguns até mesmo alojados em compartimentos como se fossem itens de um velho depósito de quinquilharias. Acervo este que conta a história de algumas tradicionais famílias e personalidades. Todo o material pode se perder se não for devidamente conservado, como por exemplo, exemplares de livros escritos na língua alemã e que atualmente estão mofando em uma capenga estante de tábuas improvisadas.
A fachada do casarão já não tem mais o brilho da pintura e sofre com a degradação gerada pelos cupins. De estilo arquitetônico germânico, parte da fachada só de passar a mão se esfarela, juntamente com as aberturas das portas e janelas que possuem frestas capazes de passar uma mão em meio a elas. As intempéries do tempo também afetam parte do telhado da cozinha, onde em dias chuvosos a água alaga parte do cômodo.
A nossa reportagem esteve no local e constatou o abandono. Uma funcionária pública realiza a limpeza e zeladoria do local. Situada na rua Coronel Alberto Schmitt, 518, a Casa chama a atenção por ser uma das únicas da época colonial, ainda em pé no centro de Não-Me-Toque.
De responsabilidade da secretaria de Desenvolvimento, Cultura, Desporto, Turismo, Saneamento, Agricultura e Meio Ambiente, o antigo imóvel encontra-se fechado e sem visitação ou circulação de pessoas. Conforme o gestor da pasta, Paulo Junior Gomes da Silva, está sendo verificado uma possibilidade de melhoria do espaço:
— Devido a condição que recebemos ela, ou seja, em péssimas condições, tanto estruturais, quanto em manutenção, precisamos e estamos verificando uma maneira de melhorarmos sua estrutura para recebimento de público — disse o Secretário.
O fato é que a Casa da Cultura Dr. Otto Stahl, precisa ser restaurada. Porém alguns moradores são pessimistas sobre o assunto. “Só acredito vendo. Outros já se foram, não cuidam, só vai caindo”.
O não cumprimento das diretrizes que compreendem o tombamento de patrimônio histórico, vão contra os princípios que tem como objetivo a preservação dos bens, para que esses, não percam suas características originais e sua história seja respeitada e mantida para as próximas gerações.
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