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Indústria de carvão na China (foto ilustração)

22 de outubro de 2021

Compromisso ambiental assumido pela China repercute na produção de defensivos agrícolas

Indústria de carvão na China (foto ilustração)

Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) promoveu, nesta sexta-feira (22), audiência pública para debater o desabastecimento de defensivos agrícolas para a próxima safra. A discussão foi proposta pelo deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) após o alerta emitido pela indústria e o setor produtivo, de que pode faltar matéria-prima para a produção de fertilizantes e uma série de agroquímicos utilizados nas lavouras.

De acordo com o presidente da CropLife Brasil, Christian Lohbauer, há um cenário de desorganização internacional por vários fatores combinados, como problemas logísticos, crise energética e disparada nos custos de produção.

— E nesse panorama geral temos que focar nos defensivos. 76% dos ingredientes ativos utilizados pela indústria brasileira são importados, sendo 32% da China, 11% dos Estados Unidos e 11% da Índia — destacou o dirigente.

Já a diretora-executiva do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Eliane Kay, ressaltou que o compromisso ambiental assumido pela China para a redução na emissão de gases tem relação direta com o problema no fornecimento das matérias-primas aqui no Brasil.

— As províncias chinesas passaram a ter uma meta de redução de consumo energético. O país foi dividido em três zonas: vermelha, amarela e verde. Nas zonas vermelhas houve a redução de até 90% da disponibilidade de energia e são exatamente nestas localidades onde estão concentrados os principais parques fabris responsáveis pela produção dos químicos — explicou Kay.

Ou seja, a redução do trabalho nos parques químicos combinada com o aumento da demanda está provocando a escassez da oferta em todo o mundo. Ela confirmou que a indústria já está encontrando dificuldades em conseguir os volumes necessários por conta dos cancelamentos das entregas e da escalada de preços. A dirigente apontou ainda a falta de embalagens com outro grande problema enfrentado pelo setor.

Representando o Ministério da Agricultura, o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, Carlos Goulart, ressaltou que a pasta tem acompanhando com muita atenção o efeito da pandemia nas cadeias de suprimentos. Goulart confirmou que em relação aos fertilizantes há um cenário real de falta para as próximas safras, haja vista o elevado grau de dependência do Brasil em relação ao nitrogênio. O potássio também preocupa, já que o Canadá – grande fornecedor mundial – está com duas de suas principais minas alagadas. Já o fornecimento de fósforo não enfrenta maiores problemas. Neste caso, o Marrocos é o principal produtor e não tem nível de criticidade na produção e entrega do insumo.

Goulart ressaltou ainda que o Brasil precisa acelerar a implementação do Plano Nacional de Fertilizantes para buscar a autossuficiência no longo prazo. Outra solução, mais imediata, seria a sensibilização das equipes técnicas do MAPA, Anvisa e Ibama na análise de registros como forma de acelerar a liberação de fontes alternativas e novos fabricantes.

Neste cenário de limitação do uso energético na China, o fósforo amarelo acabou duplicando de preço só no mês de setembro. Potássio e glifosato tiveram reajuste da ordem de 200%. Para o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Fabrício Rosa, o fim do Convênio 100 trará um aumento da tributação sobre os fertilizantes, quando haverá a elevação gradual da cobrança de ICMS sobre o fertilizante importado, partindo de 1% em 2022 e atingindo 4% em 2025.

— Por mais que nós busquemos a elevação da produção nacional, não existe a figura da autossuficiência. No cenário brasileiro não temos essa capacidade. Mesmo que colocássemos em funcionamento nossa mina de extração de potássio, teríamos capacidade de produzir 20% do que consumimos. Seguiríamos importando 80% da nossa demanda interna — explicou.

Segundo Fabrício Rosa, a taxação do insumo importado vai acabar repercutindo ainda mais no preço dos alimentos.

Como encaminhamento final da audiência pública, o deputado Jerônimo Goergen e a presidente da CAPADR, deputada Aline Sleutjes (PSL-PR), vão se reunir nos próximos dias com a ministra Tereza Cristina para buscar alternativas ao fornecimento das matérias-primas utilizadas na produção dos defensivos agrícolas.

— Acredito que o grande dever de casa agora seja a diplomacia. Conversar com a China e outros parceiros estratégicos, para que possamos localizar fornecedores que supram essas carências de ordem logística e energética. Internamente, vamos tentar acelerar a liberação de moléculas que aguardam na fila da burocracia para serem comercializadas. Estamos saindo de uma crise sanitária mundial e não podemos correr o risco de provocar uma epidemia de fome — concluiu Jerônimo.

Assessoria Deputado Federal Jerônimo Görgen (PP)

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