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4 de junho de 2022
Combate ao tabagismo: uma luta constante
Em busca de informações sobre o programa municipal que incentiva largar a dependentes de cigarro, a reportagem da Folha deparou-se com uma situação, no mínimo inusitada, ao sair da unidade de apoio onde acontecem as inscrições para os grupos de combate ao tabagismo. Um homem, já na terceira idade, estava parado na calçada fumando. Quando questionado sobre seu hábito, contou que fuma desde os 16 anos e, mesmo com toda a consciência de que é algo prejudicial “que mata”, como ele mesmo destaca, a resposta foi:
—Não pretendo parar, já estou muito velho.
Está é a realidade de muitas pessoas, que mesmo com informação não conseguem deixar o cigarro. A motivação vai ao encontro de umas das reflexões abordadas dentro dos grupos de combate ao tabagismo, coordenados pela nutricionista Márcia Cristiane Penz e a psicóloga Janaina Jung.
—Não é a medicação que vai fazer parar de fumar, mas sim a força de vontade—,relata Márcia.
Ao longo de seus seis anos atuando na Secretaria de Saúde, já presenciou muitas histórias como a desse cidadão. Pessoas que iniciaram cedo no vício, muitas vezes levados pelos próprios pais. Pessoas que buscam subterfúgios e justificativas para não parar de fumar.
Um dos exemplos disto é a falta de empenho próprio, muitas vezes é a família que estimula, mas não existe o fator pessoal. Em outros, eles procuram os grupos quando não há inscrições abertas, mas quando as vagas surgem, acabam não solicitando entrada.
Terapia de apoio nos grupos
Os grupos de combate ao tabagismo se organizam de acordo com a quantidade de medicamentos recebidos pela secretaria. Neste ano, irá acontecer o primeiro pois, haviam dificuldades em conseguir. O tratamento tem o tempo estimulado de três meses, é feito com uso do BOP e adesivos de nicotina.
Inicialmente são realizadas quatro sessões com os inscritos do grupo:
1 Apresentação: os objetivos são apresentados a eles, os medicamentos e o que os motiva a parar de fumar.
2 Meta: nesse segundo momento os integrantes são estimulados a estipular uma data para parar de fumar, sempre orientados a ser durante o grupo pois assim eles têm apoio da equipe e auxílios necessários.
3 Subterfúgios: ao parar de fumar, muitas pessoas buscam subterfúgios, formas de driblar o desejo, alguns acabam por “descontar” descontar na comida essa necessidade. Outro fator que acarreta o aumento de peso em pessoas nesse processo está no fato de que, como explica a psicóloga Janaina, eles passam a sentir melhor o aroma e o gosto dos alimentos, tornando as refeições mais prazerosas. Nesta etapa Márcia aborda questões relativas a alimentação, técnicas de relaxamento além de uma série de outros conselhos.
4 Encerramento: neste momento são abordadas as dificuldades que eles enfrentam no momento.
Márcia relatou que, após essas quatro sessões os pacientes retornam em 30 dias para fazer a renovação da receita. E também uma avaliação de como está a situação, as dificuldades enfrentadas. Em casos em que os familiares ainda seguem no vício, a equipe conversa e orienta a eles para não fumarem perto de quem está buscando parar.
Infelizmente, assim como o grande índice de pessoas fumantes na cidade, o número de reincidentes também é alto. Grande parte, dos grupos tem pessoas que em algum momento retomaram o vício, seja por questões psicológicas (estresse, tensão, entre outros) como por ainda conviver com pessoas que ainda não optaram por largar o cigarro. Com estes é abordado de forma mais aprofundada a necessidade de se controlar, de ter foco para se manter. É estimulado a resistência deles em relação ao vício.
