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Este Plano SAfra foi um dos mais aguardados pelos agricultores que já estão realizando o plantio. Foto: Hélio Pires

10 de julho de 2022

Plano Safra 2022/2023: qual avaliação dos agricultores

O Plano Safra 2022/23 foi lançado na semana anterior, depois de muita espera e incertezas. Entre os muitos desafios de lançar o programa está a alta inflacionária no país, a alta na taxa de juros e o aumento no custo de produção das lavouras, afetadas tanto por fatores internos do mercado quanto externos, como as sanções ainda vigentes provocadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que encareceram os valores dos fertilizantes e do combustível.

Plano Safra 2022/23

O Governo Federal disponibilizou R$ 340,8 bilhões para o programa. Desse montante, R$ 246 bilhões se destinam ao custeio, 39% a mais do que na safra anterior (2021/22), R$ 95 bilhões para investimentos, uma alta de 30% em relação ao plano do ano passado.

Economistas da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) avaliam de forma positiva.

—É um plano bom e sobretudo coerente. Ele vem em linha com o que imaginávamos e o máximo que as condições do país atualmente proporcionam— diz o economista-chefe da Farsul Antônio da Luz.

Pronaf e seus desafios no plano

Mas esse plano não agrada a todos, em especial aqueles que representam 77% das propriedades rurais brasileiras (dados IBGE, 2017): Os agricultores familiares.

Elisete relatou insatisfação com os valores disponibilizados pelo Plano Safra

Elisete Martins Pinto, agricultora de Posse São Miguel, relata que a situação tem sido complicada.

— Eu esperava que o nosso governo disponibilizasse um auxílio um pouco maior para nós. E os recursos disponibilizados no Plano Safra, se for analisar o que subiu foi o juro, não o volume de recursos.

Ela relata que a combinação entre o aumento de juros e da taxa do Pró-Agro que foi de 3,8% para 6,1% encarecendo mais ainda os rendimentos. Afetando setores como seguros agrícolas.

Neste ano o Plano Safra disponibilizou R$ 53,61 bilhões para agricultores pronafianos.

— O valor disponibilizado para custeio ficou muito próximo ao ano anterior. Os preços do adubo, sementes e defensivos subiram muito.  Pode parecer que a soja está com um preço bom, mas se analisarmos o custo de produção dessa plantação não há compensação— relata a agricultora.

Em sua propriedade com 26 hectares, a última safra de soja teve um custo acima de R$ 100 mil, sem contar o diesel,  a depreciação de maquinário e mão de obra. Atualmente só em adubação a família da Elisete já investiu mais de R$ 6 mil.

Valores destacados para o Pronamp

Para o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) foi disponibilizado R$ 43,75 bilhões com juros de 8% ao ano.

Da mesma forma que Elisete, Silvio van Vought também pontuou a alta nas taxas de juros do Plano Safra.

—Isso vai refletir no custo de produção e na sobra do próximo ano. As taxas de juro ficaram muito pesadas, acima do que vínhamos trabalhando— refletiu Silvio.

Silvio destaca o alto custo de produção das safras

Nesta questão os agricultores sentem-se encurralados, pois precisam pegar o crédito e assim acabam submetidos a esse valor. Mas se neste ano se usa para plantar, depois precisa pagar, então o lucro que ficaria para os agricultores fica menor do estimado pois dentro desses cálculos de financiamento não entram somatórias como mão de obra e combustível. Com menos capital de giro e menos dinheiro no mercado e toda cadeia acaba afetada.

A propriedade de Silvio, localizada em Colônia Saudade têm 230 hectares de plantio. O custo da última safra ficou em torno de 34 sacas/hec. Mas neste ano esses valores devem subir podendo chegar a 42 sacas.

Silvio relata que, possivelmente, o valor financiado não será suficiente para cobrir todo o custo de produção.

Financiadoras

Cooperativas de créditos como, o Sicredi, já estão recebendo propostas de financiamento. Eles irão disponibilizar mais de R$ 50,6 bilhões aos produtores. O valor representa um aumento de 33% em relação ao concedido no ano-safra anterior e a projeção é que os recursos sejam disponibilizados em cerca de 272 mil operações. O Sicredi é a segunda maior instituição financeira do Brasil em crédito rural.

Com foco em atendimento aos pequenos e médios produtores, serão disponibilizados R$ 10,5 bilhões via Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), volume 41% maior do que o verificado no ano-safra passado, e de R$ 9,6 bilhões via Pronamp (Programa de Apoio ao Médio Produtor Rural), alta de 43%. A previsão é de mais de 199 mil operações para esses públicos, o que representa 83% do total da safra.

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