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Notícias

17 de maio de 2012

Interior com sede

Há praticamente seis meses sem registro de chuvas em grande volume, o interior de Não-Me-Toque tem sofrido com a estiagem. A falta da água vinda do céu e o forte sol têm feito os leitos dos rios recuar, os açudes secar e a população das áreas agrícolas perder a fé.
Sem água nas sangas que cortam algumas propriedades, o homem tem de dividir com os animais a água da casa. Essa, que também está no fim, tem sido cada vez mais racionada e em alguns lugares os poços já estão vazios.
O caminhão da prefeitura trabalha o dia todo no intuito de diminuir o sofrimento e a sede das famílias mais atingidas. Ilario Koheler é o motorista responsável por retirar a água do poço artesiano que abastece o Parque da Expodireto Cotrijal e levar até as famílias. Para os animais a água vem do açude do local, que já tem registrado em suas margens o quanto a água encolheu.
Com capacidade para 4,5 mil litros de água, o antigo caminhão do Corpo de Bombeiros visita, diariamente, propriedades das localidades de São José do Centro, Invernadinha, Colônia São Pedro, Bom Princípio e até no bairro Industrial. Ao todo são 21 as famílias cadastradas junto a Secretaria de Obras que necessitam da água que chega de caminhão.
- Estou direto puxando água e não venço a demanda – afirmou Ilario, que trabalha sozinho e está na espera de outro caminhão para dar suporte na tarefa até que a chuva não volte a cair.
O produtor Jorge Erpen mora há 60 anos na localidade de Invernadinha e disse nunca ter visto situação parecida.
- Nós tínhamos secas que duravam de 30 a 60 dias, agora já fazem nove meses que não chove bem por aqui – argumenta.
A sanga que corta sua pro-priedade e servia de bebedouro para os animais secou ainda na primavera. O açude, que ocupava três hectares, hoje está praticamente vazio. A pouca água que restou é podre e não serve para o consumo das vacas e ovelhas que cria.
Sem poder contar com a reserva do açude, há três meses ele precisa dividir a água da casa com os animais. A produção de leite das 20 vacas caiu pela metade. O pasto já começa a faltar e o gado a emagrecer. Na lavoura as perdas também foram grandes. A última colheita de soja rendeu vinte sacas a menos por hectare, comparada com a anterior.
Na propriedade que divide com outras sete pessoas, nunca havia faltado água. O poço que abastecia as três casas secou no dia 21 de abril e agora a família depende da água que é trazida pela prefeitura para tomar banho, lavar roupas e cozinhar, tudo de forma racionada. A usada para beber é comprada no mercado. São cinco litros por dia.
- A gente só tem consciência da quantidade de água que gasta quando ela falta – desabafa o proprietário que não tem mais esperança na chuva.

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