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Notícias

5 de julho de 2013

Os dois lados da moeda

Helaine Gnoatto Zart

O embate que se viu nesta semana em Não-Me-Toque deu pano pra manga. Muita gente se delicia com os conteúdos das declarações inflamadas do empresário que alcançou prestígio nacional, status invejado por muitos políticos. Alguns conseguem ler nas entrelinhas e reconhecer causas que não estão aparentes.

Vá lá que os gestores municipais não deram a atenção pretendida aos interesses desta empresa internacional, que por questões históricas nasceu em Não-Me-Toque e cujo potencial é invejado e cobiçado por centenas de outras comunas. Mas eram realmente necessárias tantas críticas jogadas assim para o deleite da torcida? E o respeito aos seres humanos que colocam seus nomes à disposição de uma população, que abrem mão da sua vida pessoal para atuar em defesa do bem público?

Questões como estas, que atingem a dignidade das pessoas, fazem com que muita gente de boa intenção deixe de ingressar na política. Não vale realmente à pena – nem por idealismo – ficar a mercê de críticas de pessoas entendidas, de desinformados, de mal intencionados e de cegos partidários. Sendo assim, o espaço político fica cada vez mais fértil para pessoas de parco conhecimento, de intenções escusas, que pouco ou nada têm a perder.

O contexto local mostra o quanto a iniciativa privada tem de poder de mobilização, de convencimento e de intimidação. Sim, intimidação. Hoje é muito mais real o medo de perder o emprego, de cair fora da lista de fornecedor do que o medo de ofender o prefeito, o vereador, o agente político.

Jogar pedra tá na moda. Tem muita gente com as mãos cheias.

E política nunca vai deixar de ser um jogo de interesses pessoais para o eleitor. Ele é um bom político se atender os interesses do signatário, caso contrário, pedrada nele.

Raramente tem gente se manifestando no Facebook contra um agente político movida por idealismo, em defesa do interesse da coletividade. Para os críticos mais ferozes, a principal motivação é pessoal. Um pedido que não foi atendido, um interesse contrariado.

Nas ruas, durante a manifestação no dia 26 de junho, nenhum cartaz pedia incentivos às empresas privadas, que quando bem geridas resultam em lucro que pode ser reinvestido na produção, ser dividido com os colaboradores e também engrossar o patrimônio pessoal dos donos. E não há nada errado com isso. É o Capitalismo que tanta riqueza tem trazido ao Brasil.

Já ao poder público, a partir desta nova ordem - quando o povo percebeu que sua opinião pesa quando manifestada - cabe atender todas as necessidades da população de forma integral: saúde, educação, transporte, estradas, saneamento, moradia e segurança.

No entanto, nem tudo tem cunho político. Tem muita opinião coerente sendo manifestada, boas ideias esperando para serem ouvidas. Desse turbilhão todo, de disputa de vaidades, quem sabe não surge uma iniciativa que venha contribuir realmente com o diálogo e o bom relacionamento.

A organização de um fórum permanente de sugestões, uma ouvidoria, funcionando nas redes sociais e com uma urna, abrindo possibilidade para quem queira se manifestar de maneira educada - para poder ser levado em consideração - é uma ideia.

Quem sabe, se houvesse um canal de comunicação desta natureza, o prefeito teria recusado a verba do pórtico; teria recusado a verba da academia; iria menos vezes a Porto Alegre e a Brasília atrás de verbas tão escassas; reduziria o número de colaboradores; colocaria mais ou menos quebra-molas e tantas outras coisas, com ou sem fundamento, mas possíveis de serem ouvidas antes das impiedosas pedras serem jogadas como se os agentes políticos fossem a Geni, do Chico Buarque.

Não-Me-Toque tem muita gente boa fazendo política e para não perdê-las é preciso um mínimo de respeito, de educação, aquela que vem de casa, especialmente, porque não temos nenhuma denúncia de corrupção por aqui.

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