2 de agosto de 2013

Barco de papel

Charles Morais
Presidente da JCI Não-Me-Toque
Acadêmico de Filosofia

Bom caráter é um acúmulo de fatos honestos. Identidade não se forma da noite para o dia.
Quantos queridinhos existem querendo ludibriar as pessoas tentando representar aquilo que nunca serão.
Bom caráter é uma construção e, simplesmente, é algo que muitos nunca terão. É fazer o correto, mesmo quando ninguém estiver nos cuidando. É ter atitudes honestas conosco mesmos. É poder seguir os sonhos que nossa alma carrega.
Vejo tantas pessoas ricas, desfrutando de tudo que o dinheiro pode comprar e com uma alma tão pequena, uma alma tão despedaçada, com um caráter tão surrado, que fica difícil reconhecer a quem pertence.
O que achamos que representamos nada mais é do que o espelho de narciso, pois a autoimagem nem sempre é a imagem. São nossas atitudes que constroem nossa marca e é através dela que as pessoas se lembram de nós.
Somos marcados, lembrados por alguma coisa, do que fizemos, ou do que deixamos de fazer.
Pelo que estamos sendo lembrados? Ou simplesmente somos espectadores do grande palco chamado vida? Quando notarmos, as cortinas se fecharam e nunca subimos ao palco, não ao palco da fama, mas ao palco da vida.
As coisas só acontecem quando resolvermos agir. Ação! É disso que a vida é feita. Permanecer como estamos resultará apenas em atrofiarmos nossa alma.
Quanto se fala em agir, chegamos à mudança e mudar traz medo para nós, queremos permanecer assim como estamos. Mudar é pensar que tudo é impossível, mas as grandes conquistas foram aquilo que parecia impossível.
Que nosso caráter nos permita não nos acomodarmos. Que tenhamos o hábito de poder dizer isto pode ser diferente, que aprendamos a questionar.
É preciso, ao menos uma vez na vida, colocar os dois dedos em nosso pulso, sentir a pulsação e ter certeza que em nossas veias, correm sonhos. Que quando estivermos sentindo o pulsar de nossa vida, possamos fechar os olhos e ver nossos sonhos, assim como eles são.
Se é possível imaginar, é possível realizar. Temos que nos imaginar onde queremos chegar e se nessa viagem vemos onde queremos estar, existe um caminho para chegar lá.
Não devemos ser um barco de papel a rumo do vento, indo para qualquer direção.
Ao olhar no espelho e enxergar nossa alma devemos enxergar nela nosso caráter e poder bater ao peito dizendo: esse sou eu, o que vejo aqui é minha construção, e não remendo de outros.
Hoje, ao olhar para o espelho, você enxerga aquilo que gostariam de ver?
Vejo homens simples realizados com o trabalho que fazem, e vejo homens poderosos, porém vazios por terem seu caráter despedaçado.
Um pensador chamado Nietzsche já dizia: “Nunca é alto o preço a pagar pelo privilégio de pertencer a si mesmo”.

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