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Notícias

9 de maio de 2014

Sendo mãe...

Valéska M. S. Walber
Psicóloga (CRP 07/06407)
Especializanda em Psicoterapia Sistêmica de Casais e Famílias
Mestre em Psicopatologia e Psicologia Clínica

Destacar a relevância da figura materna e seu impacto no desenvolvimento emocional dos filhos revela-se fácil. À medida que nos aproximamos do “Dia das Mães”, reforçamos quase ritualisticamente nossos votos de concordância em relação à importância da mamãe em nossas vidas. Ok. Merecido mérito.
Penso, porém, que esta exaltação popular massificada pode-nos conduzir, eventualmente, à idéia de que ser mãe é algo natural, simples, inerente ao fato de ser mulher. Esta, então, vivenciaria este atributo com a natural tranqüilidade de quem teria nascido sabendo ser mãe.
Será que é assim? Se você já é mãe, nasceu sabendo sê-la? E se não, é saberia sê-la “da noite para o dia”? Provavelmente se você chegou até aqui na sua leitura pode concordar comigo de que a vivência materna é algo a ser apreendido. Não nascemos sabendo ser mães. Nascemos sim, de uma mãe. Esta, sem dúvida nenhuma nos transmite as primeiras impressões do feminino, do materno, nos revela horizontes a partir da própria vivência-como é ser mulher, como percebe os homens, como é ser mãe... São impressões decisivas, lições importantes que se desdobrarão em vivências, questionamentos futuros, relacionamentos afetivos, sexuais, na relação com os nossos filhos, enfim, na relação com o mundo que vai-nos sendo revelado, em primeira instância, pela mãe.
Modelo, marca, referencial. Ponto de partida para os horizontes que conseguiremos enxergar, ou não, em função desta visão primeira.
O ser mãe revela-se poderoso. A mãe apresenta o pai, o mundo, o masculino e o feminino.
É fato que a vivência materna modifica-se, conforma-se, à partir das vivências anteriores da mãe em questão. Dois filhos nunca são filhos da mesma mãe. Aquela mulher mudou, o contexto é outro, a mãe é outra. Não nos relacionamos da mesma forma com os filhos, somos diferentes. Também não é a mesma a mãe do bebê, da criança, do adolescente, do adulto, e muito diferente é a avó. Mesmo que estejamos falando da mesma mulher.
Muitas vezes ouvimos mães comentando sobre como foi fácil ou difícil determinada fase da criação dos filhos. Também às vezes tentamos atribuir esta dificuldade à fase em si ou a algum evento externo.
Na verdade, todas as fases apresentam desafios, e os fatos externos influenciam as famílias. Mas na própria vivência da fase, na forma como a mamãe em questão internalizou e vivenciou este período, com sua própria mãe, é que se fundam todas as facilidades ou dificuldades que possa perceber. A partir da forma como cada mãe vivenciou “ser bebê”, “ser criança”, “ser adolescente” etc.. é que ela encontrará “links” para conectar-se com filhos e netos, numa reedição de si mesma, que se repensada, pode revelar-se como deliciosa e incomparável aventura relacional.

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