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Notícias

26 de outubro de 2015

Valorosos 25 centavos!

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Sempre foi curioso, inconformado, nunca gostei de ficar sentado esperando as coisas acontecerem. A vida me fez levantar a bunda da cadeira, não me acovardar e correr atrás daquilo que queria.
Certa tarde de um verão, estava de cabeça baixa, chorando Queria muito ter as coisas que os outros jovens da minha idade tinham como: celular, computador... Mas meus pais não tinham condições para me dar. Por mais que tentasse, não conseguia compreender porque alguns tinham mais que os outros.
Naquele dia, minha mãe me abraçou enxugou minhas lagrimas, e disse:
- Meu filho, não chora. Chegara um dia que você terá tudo o que deseja na vida. Mas, meu anjo, é necessário batalhar.
Ainda andei abatido por um tempo, mesmo com aquelas palavras ecoando em minha cabeça. Certo dia, quando fui à Sorveteria Krebom, hoje Sorveteria Andrioli, comecei a conversar com um dos donos, Sérgio Andrioli, uma pessoa simpática e muito trabalhadora. Enquanto eu perguntava sobre os sorvetes ele continuava trabalhando para dar conta da demanda. Comentei com ele que estava procurando um emprego, pedi se não precisava alguém para vender picolé e sorvetes.
Na época, ele estava sem vendedor, porque já tinha passado a febre dos guris vender picolé de carinho. Então, seria eu o vendedor de picolé da cidade. Sérgio confiou em mim e pediu para eu aparecer no outro dia, às 13 horas.
Não era ainda 13 horas, o Charles já estava lá com sua pochete azul, de traje básico - chinelos de dedo e bermuda -, escutando atentamente as orientações. A porcentagem resumia-se R$ 0,25 por picolé de fruta e R$ 0,50 para o sorvete. No começo, achei pouco, mas era o que tinha.
Minhas vendas eram tão boas, que minha a renda chegava a 40 reais por dia. Dois anos se passaram e todo o verão estava eu vendendo picolé até que consegui ter em casa, em comodato, um freezer, para facilitar as vendas. Assim, comprava picolé de caixas e ganhava uma porcentagem maior.
Minha rotina era escola de manhã, almoçar rápido, preparar o carinho, colocar as placas, arrumar os picolés e sorvete e, antes das 13 horas estar na entrada da fábrica 1 da Jan.
Neste período ajudei de forma significativa nas despesas da casa, além de guardar uma reserva para comprar coisas de adolescente. Minha experiência de vendedor de picolé foi de quase quatro anos consecutivos. Neste tempo, eu fazia do verão minha época de faturar.
“Meu anjo, é necessário batalhar” não sai da minha cabeça.

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