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Notícias

27 de janeiro de 2017

“Estamos abrindo caminhos para modernizar o país e depurar a política”

Deputado estadual Sérgio Turra (PP)
Deputado estadual Sérgio Turra (PP)

A frase do deputado estadual Sérgio Turra (PP), define o pensamento do político que está em seu primeiro mandato e se apresenta como uma das novas e influentes lidernaças no Rio Grande do Sul.  Em entrevista, o parlamentar faz uma análise sobre o ano que passou, projeta 2017 e ressalta que é preciso ter confiança nas instituições. Confira:

 

Deputado, que avaliação você faz de 2016?

Foi um ano difícil, em que nossas instituições foram todas postas à prova. Aos trancos e barrancos, chegamos ao final de 2016 passando pelo impeachment e pela formação de um novo governo. A crise econômica ainda está forte e a turbulência política permanece, sobretudo com a delação da Odebrecht, que está prestes a ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Apesar de tudo isso, há um aspecto positivo: a população não aceita mais as velhas práticas da política. Exigem uma nova postura.

 

De que forma esse sentimento da população se manifesta?

Ao longo do ano, tivemos uma série de manifestações. Famílias inteiras foram às ruas pedir a queda da presidente Dilma e a punição de todos os corruptos. E, mesmo depois que o Michel Temer assumiu, o povo não se calou. Em dezembro, tivemos um protesto pelo país pedindo o afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros, que havia se tornado réu no STF. Além disso, nas eleições de outubro, muitos nomes da política tradicional pelo país ficaram de fora. Agora, as pessoas levam muito mais em conta questões como eficiência, gestão e ética.

 

Muitas pessoas têm rejeitado a política. Como você analisa isso?

Essa é a consequência direta da ação de várias pessoas que usaram a política para fins pessoais. Isso é lamentável. São pessoas que desvirtuaram o que significa a política. Em outubro, registramos um recorde nos votos em "ninguém", ou seja, brancos, nulos e abstenções. A indignação popular é compreensível. Porém, a mudança da política só acontece pela própria política. É assim na democracia, não tem outro jeito. Se queremos líderes melhores, temos de votar naqueles que merecem nossa confiança, a partir de uma escolha criteriosa. Temos de rejeitar nas urnas aqueles que usam os cargos públicos em benefício próprio.

 

Tivemos um exemplo disso na Assembleia Legislativa, com a cassação do deputado Jardel.

Exatamente. É triste que tivemos de chegar a esse ponto. Jardel é um grande nome da história do nosso futebol. Levamos quase um ano até concluir esse processo, do qual fui relator na Subcomissão de Ética Parlamentar. Que o caso do Jardel sirva de exemplo para não elegermos aventureiros.

 

Ainda falando sobre a Assembleia, no último ano o seu pai, Francisco Turra, foi homenageado como deputado emérito pelo Parlamento. Como foi esse momento?

Um orgulho muito grande. Quando falam da nova política, eu tenho o privilégio de dizer que sei o que é isso. Porque o novo, neste caso, está em recuperar a essência, a coerência, a independência, a lealdade e os valores. Foi tudo o que meu pai sempre cultivou em sua trajetória na área pública e, agora na, iniciativa privada. O reconhecimento, proposto pelo deputado Frederico Antues, é uma justa homenagem a essa trajetória que honra a boa política. A vida me deu o privilégio de ter uma escola de política dentro de casa. O que fiz, e o que procuro fazer como deputado, é seguir esse guia.

 

Qual a sua opinião sobre a Operação Lava Jato?

Não há como ser contra. Esse é um dos fatos mais importantes da história da política do país. Finalmente, abriu-se a caixa de Pandora, revelando toda a podridão que se escondia nos subterrâneos. Grandes políticos, empreiteiras, todos estão conhecendo a face da Justiça. Nós, que acreditamos na boa política e que queremos um país decente, devemos prestar apoio irrestrito ao trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário. Todos aqueles que tenham cometido crimes, independentemente do partido ou da bandeira ideológica, se eram integrantes do governo petista ou do governo Temer, devem ser punidos.

 

E em relação ao processo de impeachment da presidente Dilma? Muitos ainda falam em golpe.

O verdadeiro golpe foi dado pela Dilma, que mentiu em sua campanha ao prometer mundos e fundos e não revelar que essa grande crise estava a caminho. O processo foi totalmente legal e constitucional, tanto que foi validado por ministros do Supremo. Dilma infringiu dispositivos legais ao fazer as pedaladas fiscais e, também, ao abrir créditos suplementares no Orçamento sem autorização do Congresso. Foram crimes de responsabilidade, pelos quais ela poderia ser e foi punida. E o impeachment é o mecanismo legal para atuar nesse caso.

 

Quanto ao governo do presidente Michel Temer, qual a sua avaliação?

Temer está tomando medidas acertadas na economia. Obteve a aprovação da PEC do Teto, que vai garantir equilíbrio nas contas públicas pelas próximas décadas e, assim, diminuir nossa dívida interna. Encaminhou a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência, que modernizarão as relações de trabalho e o sistema previdenciário. Ainda temos de fazer alguns ajustes para garantir a aplicação correta das medidas, como revisão da aposentadoria rural. São propostas duras, é verdade. Mas não sairemos dessa crise com soluções fáceis. Fosse assim, já estaria tudo resolvido.  Agora, é claro, nem tudo é economia. Há diversas suspeitas sobre figuras-chave do governo. E, para isso, não há dúvida: quem errou deve pagar por isso, sem exceções.

 

No Rio Grande do Sul, o governo de José Ivo Sartori também implementou medidas fortes para combater a crise, que contaram com o teu apoio.

Assim como em Brasília, aqui no Rio Grande do Sul temos um cenário de caos financeiro na máquina estatal. Quando o Tarso passou o bastão para Sartori, o Estado estava com um rombo nos cofres e sem capacidade de financiamento. Esgotaram-se as alternativas. Então, é preciso agir com firmeza para recuperar a estabilidade financeira e para que o Estado cumpra suas funções essenciais – com saúde, educação, segurança e pagamento em dia dos servidores. Não existe mágica. Fui contrário ao aumento do ICMS por entender que não resolveria a crise — e assim aconteceu. Agora, fui a favor do pacote apresentado por Sartori. Qual a necessidade de termos uma TV, uma gráfica, uma empresa de silos e armazéns, se não fornecemos o primordial às pessoas? Precisamos ter prioridades, enxugando a máquina para que ela seja sustentável.

 

O que podemos esperar de 2017?

Será um ano em que ainda enfrentaremos algumas dificuldades por conta da crise. Além disso, novas revelações na política devem colocar outros importantes nomes à prova. Mas, acima de tudo, devemos ter confiança nas instituições e no próprio Brasil. Já passamos por obstáculos tão grandes quanto os de hoje e fomos capazes de superá-los. Estamos abrindo os caminhos para modernizar o país e, também, depurar a política. Mais do que nunca, é hora de nos unirmos para vencer este momento desafiador.

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