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Notícias

15 de fevereiro de 2017

O manejo eficiente de plantas daninhas não depende somente dos herbicidas

Existe uma clara diferença entre o manejo de plantas daninhas e o controle de plantas daninhas. Apesar de parecer a mesma coisa, o manejo de plantas daninhas é a forma mais eficiente e inteligente de se mitigar os danos causados pelas plantas indesejadas na lavoura. O manejo de plantas daninhas leva em consideração outras técnicas além do uso de herbicidas, como o uso de cobertura vegetal, rotação de culturas, controle cultural, entre outros. Sendo estas técnicas planejadas e executadas ao longo das safras. Já o controle de plantas daninhas leva em consideração as plantas daninhas relevantes presentes na área no momento em que está se definindo os herbicidas que serão aplicados.

Todos concordam que outras técnicas de controle de plantas daninhas, juntamente com o uso de herbicidas é a maneira mais eficiente de reduzir os problemas causados pelas plantas daninhas. A mensagem deste texto não é denegrir a imagem dos herbicidas. Pelo contrário, a ideia deste texto é alertar aos agricultores e a assistência técnica a respeito de técnicas que visam tornar mais eficiente o manejo de plantas daninhas. Alguns pontos que devem ser enfatizados:

  • Inicie no limpo e com uma boa cobertura. Realize a dessecação pré-semeadura de forma efetiva e de preferência associe herbicidas residuais aos herbicidas dessecantes. Controle as plantas daninhas quando elas são pequenas;
  • Use as doses recomendadas e os adjuvantes recomendados. Óleos são diferentes dos surfactantes (espalhante adesivo). Ao usar um óleo como adjuvante quando o recomendado é um surfactante, o desempenho do herbicida será reduzido;
  • Use diferentes efetivos mecanismos de ação sobre a planta daninha alvo;
  • Não permita que as plantas daninhas sementes e reabasteça o banco de sementes. Remova as plantas escapes assim que possível;
  • Utilize boas práticas agronômicas que promovam o crescimento das culturas e a capacidade competitiva.

O uso da dose de rótulo é de suma importância. Quando reduzimos a dose selecionamos plantas daninhas resistentes aos herbicidas numa velocidade maior do que quando utilizados a dose correta. Usar a dose correta não evita a seleção das plantas daninhas resistentes, mas diminuirá a probabilidade. Para avançarmos de maneira efetiva sobre o manejo de plantas daninhas é de fundamental importância reduzir a quantidade de sementes entregues no solo a cada ano.

Por isso temos presenciado esforços no controle de plantas daninhas que para muitos pode parecer exagero. Nos estados de Paraná e Mato Grosso do Sul aumenta a cada safra as áreas aonde ocorrem a capina e arraquio de plantas daninhas. Ainda, na Austrália produtores acoplam máquinas adicionais na colhedora com o objetivo de retirar da lavoura os restos culturais e sementes de plantas daninhas ou destruir totalmente as sementes que saem pelo saca palhas. Isso, com o objetivo claro de reduzir o número de sementes no solo.

Neste sentido, o controle de plantas daninhas nas lavouras brasileiras deve ser cada vez mais complexo e elaborado. A questão do custo tem que levar em conta as perdas a longo prazo que justificam um custo mais elevado no manejo de plantas daninhas nos momentos atuais. 

É cada vez mais frequente as capinas e arraquio de plantas daninhas resistentes aos herbicidas nas lavouras de algumas regiões do estado do Paraná e Mato Grosso do Sul. (Fotos: André Shimohiro)
É cada vez mais frequente as capinas e arraquio de plantas daninhas resistentes aos herbicidas nas lavouras de algumas regiões do estado do Paraná e Mato Grosso do Sul. (Fotos: André Shimohiro)

Figura 2

A máquina denominada “seed destructor” (destruidora de sementes) acoplada na traseira da colhedora tem a função de triturar as sementes de plantas daninhas que sairiam pelo saca palhas. Foto Lisa Mayer. O principal alvo são as sementes da planta daninha de azevém (Lolium rigidum) parente próximo do nosso azevém (Lolium multiflorum). A grande dificuldade por lá é que o azevém pode apresentar resistência a até sete mecanismos de ação. Enquanto que no Brasil, temos azevém resistentes em até dois mecanismos de ação. Não podemos chegar nem perto da situação australiana.

 

Anderson Luis Nunes

Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fitotecnia

Instituto Federal do Rio Grande do Sul - Campus Sertão

Grupo de Ecofisiologia e Manejo de Plantas Daninhas

 

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