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27 de maio de 2019

Liderança se mede pela capacidade de influenciar

ENTREVISTA

Helaine Gnoatto Zart | contato@afolhadosul.com.br

Valcir Zanchett se lança na literatura com obra baseada na experiência e em estudos sobre liderança.

Do período que frequentou a Câmara Júnior (JCI), iniciado no ano de 1989, nasceu o sonho de se tornar palestrante. No entanto, a organização que se define como formadora de líderes ofereceu a base para o conhecimento que Valcir Zanchett acumulou ao longo de sua carreira no setor de varejo, iniciada no ano de 1982.

- Precisamos estar abertos para aprender, sempre – confessa durante a entrevista que relutou em conceder para falar sobre sua primeira obra: “Liderança não é bicho de Sete cabeças”.

O livro foi publicado em dezembro de 2018, pela Secco Editora, de Porto Alegre, com uma tiragem de 500 exemplares. Zanchett não quis fazer nenhum evento de lançamento. Também não colocou à venda, está distribuindo para amigos e para grupos. Seu objetivo é ajudar jovens interessados em crescer a encurtar caminho, pegar carona na sua trajetória e colocar em prática técnicas de liderança, que possibilitam alcançar resultados em equipe.

Natural de Constantina (RS), cursou Direito depois dos 30 anos pensando em ingressar na carreira do Ministério Público. Ao se formar, decidiu permanecer na atividade que já atuava e detinha experiência. Há seis anos estava no Mato Grosso cursando MBA em Gestão de Pessoas, quando recebeu convite para trabalhar na Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), e trancou. Agora está concluindo a MBA com foco em marketing e vendas, em Passo Fundo.

Valcir Zanchett já atuou na Comercial Zafari, Cotrisal, Del Moro e Cotrijal, desde 2013, quando foi convidado para assumir a superintendência de varejo da cooperativa.

Nesta entrevista, relata porque decidiu escrever sobre liderança, o que move uma pessoa para crescer, sonhos, influência da liderança numa empresa e na cidade de Não-Me-Toque, entre outros assuntos.  A leitura revela alguns tópicos dos livro, mas, acima de tudo, mostra o que pensa sobre liderança o responsável por uma grande equipe, distribuída em 17 municípios, onde estão as lojas de insumos e os supermercados da Cotrijal.

 

 Para transmitir uma mensagem é preciso ser uma pessoa bem-sucedida?

Valcir Zanchet, à frente do setor de varejo da Cotrijal, acumula quase 40 anos de liderança, experiências que estão na sua primeira obra.

ZANCHETT – Primeiro vamos definir o que é ser bem-sucedido. Para mim tem a ver com o sentimento de estar bem quando se compara entre o espaço onde você partiu, até onde você chegou. Isso não está ligado apenas ao dinheiro. Tem a ver com o crescimento como pessoa. É algo muito particular de cada um, mas para mim significa a realização dos sonhos. Eu me acho bem-sucedido, porque já realizei os sonhos de casar, ter filhos (dois e um neto), curso superior, uma boa casa para morar, um carro e a realização profissional. Mas a sensação de felicidade com os sonhos já realizados acaba e é preciso estabelecer novas metas. Eu passei por isso e escrever um livro foi resultado dessa vivência.

 

O que te levou a escrever sobre liderança?

Meu aprendizado sobre liderança começou na Câmara Júnior, alguém me emprestou um livro, “Gerente Minuto”. Eu não tinha o hábito da leitura e gostei demais do livro, então comecei a procurar outros títulos. Na medida que ia lendo, fazia analogias com o ambiente que trabalhava em relação ao comportamento das pessoas: chefe, subordinados, da mesma hierarquia e afins. Percebi que meu estilo de liderança estava equivocado. Passei a entender que liderança era um meio de fazer com que as pessoas realizassem suas tarefas de bom grado. Entendo que a liderança é aplicada de acordo com o estilo e conhecimento de quem recebe o poder sobre um grupo. Para mim, uma palavra que define liderança é: INFLUÊNCIA. Quando percebi isso, comecei a pensar diferente sobre gestão e liderança e entendi ser necessário mudar a forma de agir. Entendi que precisava ser um líder mais servidor, capaz de ajudar as pessoas a se conhecerem melhor e, desta forma, fazer com que elas viessem comigo com entusiasmo, não apenas pela ordem da tarefa. Se você é um líder que tem seguidores apenas pelo poder do cargo, não tem graça, não tem sentido. Nesta fase do meu aprendizado vivi entre o conflito de saber que deveria ser diferente e o hábito de fazer como estava acostumado. Isso foi desmotivador, porque chocou com a forma como eu liderava e até então achava certo. Precisei mudar de lugar para fazer diferente e voltar a ser feliz. Então surgiu a vontade de escrever e deixar para os mais jovens informações que viessem encurtar o caminho para antecipar o desenvolvimento pessoal, focando na gestão.

 

A obra mostra que também no campo da liderança ocorrem transformações diárias?

Estou consciente de que o pensamento e as tendências evoluem, tanto que na abertura do livro me refiro a isso. Reconheço que as afirmações contidas no livro poderão ser pouco atuais num futuro próximo ou até durante a leitura. O conhecimento me fez mudar. Quando mudei para o Mato Grosso, precisei viajar muito e aproveitei as noites em hotéis para ler. Minha esposa Adriana ajudava a selecionar títulos e chegamos a comprar 14 obras sobre liderança e gestão numa única vez. Minha meta era ler quatro livros por mês. Foi nesse ímpeto de aproveitar ao máximo o tempo que comecei a colocar as ideias no papel, juntando conhecimento com vivências. Em pouco mais de dois anos cheguei a ter escritos em mais de dez lugares diferentes – cadernos e folhas – até transcrever tudo num editor de textos. Só pensei efetivamente em publicar há dois anos, revisando e aperfeiçoando o texto, porque estamos sempre evoluindo. Tinha dúvidas de como isso impactaria no meu trabalho, até que falei com a direção da Cotrijal e fui estimulado a fazê-lo.  Na fase seguinte procurei saber como se faz isso numa editora de livros oficial. Em 20 anos de leitura e pesquisa, seguramente já li mais de 300 livros ligados à gestão e liderança.

 

Em que se sustenta o livro “Liderança não é bicho de sete cabeças”?

Liderança é muito abrangente. Tentei sustentar em três pilares básicos: ser exemplo, promover a confiança e saber ouvir. Como se promove a confiança se não paramos para ouvir? Não parando para ouvir você não consegue conhecer, nem se fazer conhecer. Quero ver alguém conseguir influenciar outra pessoa sem dar exemplo. Não reconheço um líder que não tenha essas características, embora tenhamos inúmeros perfis de profissionais na condição de líderes, cada um realizando a gestão a seu modo, com o diferencial de ser respeitado, ou não; seguido pela condição inerente do poder, ou seguido com entusiasmo. O livro tenta mostrar que acredito no poder da liderança do indivíduo autêntico, porque as incertezas e instabilidades não contribuem para a credibilidade e para ser um líder é preciso ter crédito. Tento mostrar que o mais importante neste papel de líder é possuir discernimento para identificar o que faz bem a si e aos outros também. Apenas no final esqueci de dizer que tudo que escrevi são minhas observações, que não estão fundamentado em pesquisas e conhecimento científico. Se tiver uma segunda tiragem vou corrigir isso e algumas falhas que me incomodam. Não escrevi para ganhar dinheiro, porque para isso é preciso vender milhões. Escrevi pelo prazer de dividir conhecimento.

 

Que sentimento quer despertar no leitor?

Que tem jeito mais amistoso de conseguir resultados. Não precisa ter poder. Precisa promover a influência para ter liderança. Não esquecer que liderança é um conjunto de atitudes que não cabem num livro, mas que tem pilares.

 

Acredita que algumas pessoas nasceram para liderar e outras para serem lideradas?

Não. A literatura que pesquisei não prova isso. Existe um estudo nos Estados unidos que demonstra existir uma pequena tendência pela liderança. Eu acredito que a liderança tem a ver com a personalidade, se manifesta nas pessoas que se coloca à frente, que assumem responsabilidades. Com o tempo a pessoa pode incorporar conhecimento e atitudes que a tornam um líder.

 

Na tua opinião, o que atrapalha o desenvolvimento de uma pessoas?

Achar que já sabe. Se a pessoa acha que sabe, na realidade é uma tremenda ignorante.

 

Como avalia a liderança na cidade de Não-Me-Toque?

Percebo em relação ao comércio que as pessoas ainda não acreditam no potencial de Não-Me-Toque. Aqui tem mais para entregar ao consumidor. É possível crescer mais, investir mais, vender mais aqui. Mas as pessoas – quem empreende e quem consome - precisam acreditar mais na sua cidade, ser mais bairristas. Nos últimos tempos ocorreram alterações, especialmente no setor de gastronomia. Acredito que seja possível pensar mais pela cidade, fazer os recursos permaneceram aqui. De nossa parte estamos evoluindo, buscando melhorar através de uma estratégia focada na qualidade, ambiente, produto, atendimento. Por outro lado temos aqui lideranças extraordinários que se destacam em âmbito nacional.

 

Depois do primeiro, vem o segundo livro por aí?

Eu estava escrevendo sobre gestão, tomada de decisão, por esta linha, mas minha esposa me chamou a atenção sobre o tema. “Por que não escreve sobre varejo onde acumula uma experiência de quase 40 anos”. Dei razão a ela. Estou buscando me aprofundar e descobri que existem poucas obras sobre esse tema. Pouca gente deixou conhecimento sobre este tema. Existe basicamente obras sobre teoria. No Brasil não existe nem pesquisa para embasar. Então vou seguir este caminho.

Afinal, como define Liderança?

É uma habilidade de identificar os potenciais humanos e elevá-los, entusiasticamente, aos mais altos patamares de desempenho, fazendo com que as pessoas tenham a certeza de estar realizando aquilo que é melhor e necessário.

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