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28 de dezembro de 2020

Homem de muitas lutas, Armando Roos perde a vida para a Covid-19

Sepultamento acontece hoje, no Cemitério da Comunidade Evangélica IECLB. Antes, às 16h30, um ato público, em frente à prefeitura municipal, organizado pelo Diretório Municipal do Progressistas, presta homenagem póstuma.
Por: Helaine Gnoatto Zart
Obra autobiográfica foi publicada em fevereiro deste ano

Fruto de uma educação rígida, de um tempo em que os filhos dos colonos não tinham nem um par de sapatos para ir à escola, de quando responsabilidade e trabalho eram praticados como sinônimos, desde a infância, Armando Carlos Roos tornou-se um líder no mundo dos negócios e na política. O prefeito de Não-Me-Toque por três mandatos (2001-2004, 2005-2008 e 2017 até agosto de 2018), atingindo as maiores votações históricas do município, morreu na manhã desta segunda-feira (28 de dezembro). Internado por complicações da Covid-19 no dia 19 de dezembro no Hospital Hotre Dame Julia Biliart, foi transferido a Passo Fundo no dia 20 e no dia seguinte em leito na Unidade de Terapia Intensiva.

Uma grande perda para o município de Não-Me-Toque que já soma dez mortes para a Covid-19. Armando deixa um legado memorável na gestão pública, difícil de ser superado. Sofreu perseguição política e teve seu último mandato caçado por um bloco de oposição que formou a maioria na Câmara de Vereadores, sob acusação de assédio, questões nunca julgadas pela Justiça. O processo tentou tirar o que Armando uma das coisas que ele mais se orgulhava: sua carreira política vitoriosa e de incontestável idoneidade.

Superou o desmanche de sua imagem pública provocado pelo processo de cassação com altivez. Escreveu o livro de memórias “Desenvolvimento só acontece com boa liderança”, publicado em fevereiro deste ano. Homem de muita energia, superou muitas batalhas, mas perdeu a vida para a doença que vem ceifando milhares de vidas no Planeta.

Aquela mesa no Café não será mais a mesma, assim como as partidas de dominó. Os companheiros do Partido Progressistas, ao qual foi fiel do início ao fim, sentem profundamente a morte de um líder que fez a diferença onde colocou sua energia e alegria. Vai-se um ícone da política. Fica para a eternidade a sua obra que servirá de inspiração para as novas lideranças.

Para Armando, a política partidária veio depois de uma longa jornada à frente da defesa dos interesses da classe agrícola. Trabalhou por entidades ainda quando o produtor rural não passava de um ‘colono’ para o povo da cidade e para a imprensa. Se hoje existe um reconhecimento ao agro como um negócio de respeito, por representar uma fatia significativa do desenvolvimento do país, pode-se dar crédito a Armando Roos por muito desta imagem do agro.

Ele saiu lá do interior do interior – da localidade de Arroio Bonito, do pequeno município de Não-Me-Toque, no estado do Rio Grande do Sul – para fundar e atuar em importantes organizações como a Apassul (Passo Fundo), Farsul (Porto Alegre), Abrasem (Brasília) e Felas (América Latina).

Veio ser vereador e tornou-se um orador imbatível, assim como continuaram suas ações. Foi eleito em 1969 para ocupar uma cadeira no Poder Legislativo. Foi lançado a uma disputa ao Executivo e perdeu sua primeira e única eleição (1988) para o mais popular político da época, Harry Alberto Erpen (Nene), adversário que veio confrontar anos mais tarde.

Armando quebrou paradigmas. No ano 2000, venceu sua primeira eleição para prefeito. Exerceu quatro anos de mandatos (2001-2004), foi para reeleição e quebrou a alternância MDB – PP. Venceu sua segunda eleição e governou mais quatro anos (2005-2008). Fez o sucessor, o médico Antônio Vicente Piva (2009-2012), que também se reelegeu (2013-2016). Armando voltou a se candidatar e foi reconduzido à cadeira de prefeito para o terceiro mandato, um feito histórico para a política de Não-Me-Toque.  Em 2020 o Partido Progressista completa 20 anos governando o município. A transformação é visível e credencia seus líderes perante a opinião pública.

Para quem está vivendo num município organizado, que cresce, em que a administração pública investe em infraestrutura e políticas públicas que tornam cada dia melhor a vida dos cidadãos, nada pode ser melhor, especialmente se compararmos com o Brasil onde os políticos não saem das manchetes por serem alvos de investigações e condenações por corrupção, pelas suas gestões inoperantes devido ao endividamento. Também onde muitos municípios decretam turno único porque não suportam os gastos da máquina pública.

Um político honesto, íntegro, gestor competente que liderou a transformação de Não-Me-Toque. Foram 50 anos de vida pública marcada por ações e resultados que não se apagam, nem com o tempo.

Em 2001 primeiro dos três mandatos como prefeito (Arquivo A Folha)

ARMANDO CARLOS ROOS

Filho de Elvira e Theobaldo Roos, nasceu em 25 de abril de 1944, e em Arroio Bonito – Não-Me-Toque, então distrito de Carazinho (RS), caçula entre sete irmãos, Selma (in memorian), Erni Orlando, Alfredo Alzírio (in memorian), Ria, Diva e Lori.

Aprendeu a escrever na pequena escola de Arroio Bonito, onde todas as séries eram atendidas pelo mesmo professor. Ainda criança, foi levado para estudar na cidade, como interno da Escola Sinodal Sete de Setembro. Depois cursou o ginasial e o Técnico Contábil no Instituto Estadual Solano, na época instituição privada da ordem religiosa Franciscanos.

Foi jogador do Esporte Clube Gaúcho, junto com amigos, ajudou a fazer a terraplenagem do campo do Colorado, hoje Estádio Municipal, clube que foi presidente e, como gestor municipal, negociou o contrato de comodato para que o local pudesse receber investimentos de recursos públicos.

Como prefeito, garantiu que a área do Solano, doada pela Associação Cultural Campo Real, permanecesse com o município e o Estado construísse uma nova escola.

Aos 19 anos de idade, iniciou a vida na cidade trabalhando como motorista de caminhão na empresa do irmão Alzirio Rosso e do cunhado Arzeno Krüger. Aos 20 anos foi convidado a ser sócio da empresa e, com 20 anos, FOI designado diretor comercial. Quando deixou a sociedade, em 1984, fundou sua própria empresa, a Agrícolas Três Fronteiras Ltda.

Casou-se como Marisa Schmitt no ano de 1969, e são pais de Denise e Eloíse. Ficou viúvo no ano de 2008.

Além, das filhas, deixa enlutados as três netinhas, Mariana Roos Martins, Eduarda Roos Martins e Ana Júlia Roos, os genros Marco e Alan Martins. Também a companheira, Maria Cristina Bohn Zanoni, e o enteado Matheus.

Trajetória

Entre seus feitos estão fundação da Associação de Produtores de Sementes (Apasul), Fundação da Abrasem, dirigente da Farsul. Foram 32 anos dedicados às entidades representativas da agricultura.

Na política, foram 50 anos, iniciado pela Câmara de Vereadores, gestões, 1969-1973, 1973-1977 e 1977-1982. Prefeito de Não-Me-Toque por três mandatos (2001-2004, 2005-2008 e 2017 até agosto de 2018).

Como prefeito, atuou para a abertura das agências do Banco do Brasil, do Banrisul, criou o Natal Étnico Festa dos Povos, incentivou as associações culturais, realizou obras que transformaram o município, criou a lei municipal que foi determinante para o município de Não-Me-Toque receber o título de Capital Nacional da Agricultura de Precisão. Deixou obras estruturantes e em todos os setores, tais como escolas, conjuntos habitacionais, postos de saúde, pavimentação, quadras esportivas, assistência Social, que contribuem para o bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos.

Grande parte de seus feitos podem ser conhecidos na obra autobiográfica “Desenvolvimento só acontece com boa liderança”, lançada em fevereiro deste ano.

Como dirigente de organizações agrícolas foram 32 anos de dedicação

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