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Ruy Irigaray (PSL) — Foto: Assembleia Legislativa do RS/Divulgação.
4 de maio de 2021
Corregedor da Assembleia do RS propõe abertura de processo ético contra deputado Ruy Irigaray
Por G1 RS
O corregedor da Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do estado (AL-RS), Tiago Simon (MDB), propôs abertura de processo ético contra o deputado Ruy Irigaray (PSL), que pode perder o mandato. Ele vinha apurando o caso desde fevereiro, quando o Fantástico revelou que o parlamentar usou assessores do gabinete em horário de expediente para reformar a casa da sogra na Zona Sul de Porto Alegre.
Irigaray nega envolvimento com o fato. Sobre a proposta de abertura de processo na AL-RS, o advogado do deputado, Lúcio de Constantino, disse que irá provar a inocência do parlamentar.
"É nesse ambiente que deve ocorrer o procedimento, a demonstração dos fatos, que deverão resultar, naturalmente, na comprovação da inocência do deputado Rui Irigaray", diz Constantino.
Elaborado com base em cinco denúncias protocoladas no parlamento e nos depoimentos e provas apresentadas por duas ex-assessoras do deputado, o parecer foi protocolado na comissão na tarde desta segunda-feira (3).
"Era uma denúncia grave, que apontava mau uso do dinheiro público. Ouvimos todas as denunciantes, fizemos uma apuração detalhada de todos os fatos e entendemos que as denúncias tinham consistência. Representamos contra o parlamentar para que a Comissão de Ética, através da comissão processante, possa apurar todas as denúncias", afirma Simon.
O presidente da Comissão de Ética, Fernando Marroni (PT), convocou uma reunião do colegiado para a próxima quinta-feira (6). Caso o parecer do corregedor seja acolhido, será nomeada uma sub-comissão processante com três membros, que terá prazo de 180 dias para coletar provas e depoimentos e apresentar um novo relatório.
Se for proposta a cassação de Ruy Irigaray, a decisão será tomada por todos deputados do plenário.
Relembre as acusações
Além da reforma da casa da sogra, o parlamentar do PSL também foi acusado por uma das ex-assessoras de criar perfis falsos em redes sociais para atacar colegas de partido e ainda de exigir parte dos salários de servidores, em esquema conhecido como "rachadinha".
As duas assessoras que fizeram as denúncias já prestaram depoimento ao Ministério Público confirmando as acusações, e entregaram os celulares onde há registro de suas rotinas – uma delas também era a babá das filhas do político durante o expediente, e registrava tudo em fotos.
Assessores de Ruy Irigaray também começaram a ser ouvidos na Promotoria de Defesa do Patrimônio Público. Um deles, em conversa com a reportagem, alegou ter sido orientado a mentir no depoimento, sustentando ter executado os serviços fora do horário de expediente.
"Não fiz nada, só trabalhei na obra da casa, desde o começo até o fim. Eu trabalhava horas a mais. E isso eu quero, eu quero o ressarcimento dessas horas. Porque meu horário na Assembleia era das 10h às 17h, e eu pegava das 9h à 18h. Eu trabalhava sábado e às vezes até domingo. Só fazendo obra", afirmou.