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Foto: Roger Amaral.
25 de maio de 2021
O HOMEM DO TEMPO | Agricultor Nei Abílio Sossmeier, completa 40 anos anotando dados meteorológicos históricos
Por Roger Amaral
Você já parou para pensar o quanto ás mudanças climáticas tem impacto direto em nossas vidas e muda a nossa rotina e comportamentos? Para Nei Abílio Sossmeier, morador de Victor Graeff, essas observações são presentes diariamente há mais de 40 anos. Desde muito jovem, Nei, anota o comportamento climático registrado na região. Fato inédito que deu ao senhor o codinome de “Homem do Tempo”, pois não existe ninguém que realize trabalho igual.
A reportagem do Jornal A Folha, esteve na localidade de São José da Glória e conversou com o agricultor que já esperava na varanda da residência com seu acerto inédito. São anotações manuais e comparativos impressionantes apresentados desde os anos 80. Chama a atenção o profundo conhecimento do senhor, que mesmo sem ter estudado na área possui vastas informações sobre eventos meteorológicos e climáticos.
Inicialmente, ele apenas catalogava os milímetros de chuva, mas como na época em que surgiu esse interesse houve uma grande estiagem, ele decidiu começar a registrar todos os eventos climáticos do dia. E após todo esse trabalho e dedicação, atualmente, ele possui gráficos e comparativos de fatores como: geadas, chuvas, secas, temperaturas mínimas e máximas, granizos, enchentes e muito mais.
Tudo isso começou, quando ele ganhou de presente aos 14 anos, um pluviômetro (aparelho de meteorologia usado para recolher e medir, em milímetros lineares, a quantidade de líquidos ou sólidos precipitados durante um determinado tempo e local). Ele registra até hoje, todos os eventos climáticos do Planalto Médio Gaúcho.
De acordo com as anotações, nos últimos anos tem chovido muito mais e os períodos de geadas na região tem sido mais longos, atingindo patamares jamais vistos. As temperaturas do verão também se elevaram muito. Ao final de cada ano, é feito uma média de como o clima mudou. Assim, de maneira simples, ele tira conclusões preciosas, como de muitos cientistas.
— Quem diria que, em uma década choveria a metade que em um ano? Isso só anotando pra você chegar nessa conclusão. Tenho toda certeza dessas dados porque eu tenho aqui anotado — disse Nei.
Um exemplo dos impressionantes registros que levaram ele, a ser certificado pelo RankBrasil, o Livros dos Recordes, pelo recorde brasileiro de “Diário mais longo do tempo”.
— Tem que ser um louco pra fazer um papel desses e não receber nada, já fui chamado. Pensei agora, imagina, são 40 anos, quase uma vida. Vamos tocar pra frente, até lá onde o velho vai querer que eu vá — afirmou o agricultor, descartando assim a hipótese de algum dia parar de realizar seus relatórios e registros.
Questionado sobre como encara a questão de ser chamado como “Homem do Tempo”, e de onde teria surgido esse codinome, ele nos revelou que no passado recebeu a visita de jornalistas do Globo Repórter para uma reportagem e que eles não sabiam como o descreveriam na matéria, já que não era meteorologista, então alguém da equipe sugeriu que ele deveria ser chamado de “Home do Tempo”, e o nome pegou.
Para a família, é um orgulho o trabalho desenvolvido pelo Sr. Nei. A esposa Semilda, revelou que acha muito bom isso e importante, pois ninguém tem algo parecido.
O agricultor segue com seus registros e anotações manuais diárias. Um hobby que pretende levar até o final de sua vida. O homem do tempo é um símbolo vivo no pacto município de Victor Graeff.