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Aris Messinis/AFP

25 de fevereiro de 2022

O impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia no agronegócio brasileiro

Por Diário da Manhã

Após dias com fortes tensões entre Rússia e Ucrânia, Vladimir Putin presidente da Rússia, autorizou a invasão ao país vizinho. A ação culminou em ataques por terra, água e mar que começaram na madrugada desta quinta-feira (24). A história de conflito entre os dois países já perdura há séculos.

A Ucrânia é uma ex-república soviética que tem laços culturais e sociais com a Rússia, tanto que muitos ucranianos falam russo. Contudo, um dos motivos que aumentou a tensão entre esses dois países está ligado ao fato da Ucrânia também ser vizinha da União Europeia, o que aproximaria o país com instituições europeias e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Somado a isso, está o fato do presidente da Rússia ter reconhecido na última segunda-feira (21), a independência de duas províncias separatistas do leste ucraniano, Donbass e Luhansk, o que desrespeitaria um acordo de paz para o leste da Ucrânia, assinado em 2015.

Impactos Econômicos

Apesar de ser uma guerra geograficamente distante, ela terá impactos na economia de todo o mundo, fato que é explicado pelo professor mestre em economia e assessor de investimentos, Gustavo Piva Guazzelli, em entrevista na última terça-feira (22) antes da invasão russa realmente acontecer.

Gustavo destaca que a economia brasileira sofrerá impactos de diversas formas, enquanto alguns deles serão percebidos em poucos dias, como é o caso do aumento do dólar e do petróleo, já outros serão notados em um período de tempo maior como a falta de matérias primas, consequentemente, o aumento de seu preço.

O economista ressalta que muitos países da Europa e os Estados Unidos haviam prometido que colocariam sansões para a Rússia. No entanto, atualmente o país é um grande produtor de gás natural e comercializa essa matéria-prima para países que sofrem um rigoroso inverno, já que ele é um combustível para fornecer calor às residências. “Impor  sanções podem fazer  com que a Rússia não forneça mais essa matéria-prima”, diz.

“Outra questão é que o preço do barril de petróleo acaba subindo também, porque ele poderia ser um substituto para o gás natural. Com uma demanda maior pelo produto, faz aumentar o preço e isso repercute quase que imediatamente na nossa economia aqui também”, observa Gustavo.

“O barril do petróleo e o valor da gasolina é formado dentro do mercado internacional e não no mercado interno. O petróleo é o composto básico para os combustíveis e isso sim tende a ter repercussão aqui, já que praticamente todo o nosso agronegócio necessita do petróleo para sua produção. Então isso faz com que aumente os custos de produção em todos os cenários e tende a elevar o preço do combustível”, acrescenta.

Segundo o professor, a Ucrânia é um grande exportador de fertilizantes para o Brasil, dessa forma, a invasão pode impactar drasticamente na exportação desse produto tão fundamental para a produção de diferentes culturas. “Pode ser que esses produtos já tinham uma matéria escassa, o que fez aumentar os custos de produção. Para as commodities, em razão desses aumentos de preços de fertilizantes, podem fazer com que se produza menos, que venha com menos importação e que se faça os preços subirem ainda mais”, detalha.

É o momento de investir no dólar?

Para Gustavo, o motivo da pequena queda no dólar é resultado do aumento no número de investimentos estrangeiros no país, seja para alocar em renda fixa ou investir na bolsa de valores brasileira. Para se ter ideia, o economista pontua que até o momento cerca de R$ 50 bilhões foram investidos na bolsa até o momento, já em relação ao ano passado, no ano todo foram investidos R$ 100 bilhões. “Como tem uma entrada maior de dólares que é recurso estrangeiro, o real valoriza porque a gente tem mais dólar sendo trazido para cá”.

Todavia, com um cenário de risco se formando com a invasão, muitos investidores procuram uma moeda de maior poder que  é o caso do dólar, fazendo com que seu preço suba. “Ninguém consegue disser com exatidão qual o melhor momento de estar comprando dólar”, principalmente quando se trata de um momento de incertezas como esse. “É uma relação de risco e retorno para saber se isso vai valer a pena ou não”, finaliza Gustavo.

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