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Notícias

4 de junho de 2022

Se tem algo que eu sempre me perguntei foi: o que precisamos para ser feliz?

Se existe uma receita, eu quero encontrar, pensava. Um dia estava em um ônibus na cidade de Porto Alegre e fiquei observando uma cobradora de passagens: Ela não parecia feliz realizando aquele trabalho. Talvez saísse cedo de casa, pensei. Talvez tivesse filhos pequenos que ela quase não conseguia dar atenção. Ela não tinha muito dinheiro, com certeza, e nem estava de acordo com os padrões de beleza da sociedade e a maioria das pessoas ali nem prestava atenção nela. Será que a felicidade está restrita a somente algumas pessoas?

Em meio a curiosidade de sempre, eu assisti um documentário na Netflix há alguns anos: “Happy”, dirigido pelo norte-americano Roko Belic, que trata da constante busca da humanidade pela felicidade.

A principal constatação no documentário foi que o avanço da tecnologia, ciência e globalização não estava dando conta de gerar felicidade verdadeira. Os índices eram inegáveis: Crescimento desenfreado de depressão, estresse e inclusive suicídio, principalmente em grandes centros urbanos. Partindo deste princípio, o documentário conta com pesquisadores de renomadas universidades que vão em busca do que traz a verdadeira felicidade. Uma das cenas mais surpreendentes está logo no início do filme. São apresentadas pesquisas que demonstram que um trabalhador autônomo indiano, que vive muito próximo da linha da pobreza, tem, em média, o mesmo nível de felicidade que um cidadão norte-americano de classe média. O que estas pessoas têm em comum?

O documentário de 2011, termina concluindo que os indivíduos considerados mais felizes na pesquisa eram aqueles que, independente do dinheiro que tivessem, estavam incluídos em um grupo onde havia troca. Pessoas reais que dividiam suas alegrias e frustrações do dia a dia com pessoas próximas (família e amigos).

O filósofo Dostoievski diz que é fácil matar uma pessoa: Basta convencê-la de que ninguém precisa daquilo que ela faz e que ninguém tem interesse em ouvi-la. Arthur Schopenhauer sugere que é difícil encontrar a felicidade dentro de si, mas que é impossível encontrá-la em outro lugar. Hegel diz que a felicidade é resultado do quanto você consegue imprimir da sua identidade naquilo que faz. Já Marx, ao contrário, diz que o importante é sempre fazer, independente do que você esteja fazendo: faça. Baumann fala que a felicidade pode ser encontrada no equilíbrio perfeito entre liberdade e segurança, mas que ninguém encontra esse equilíbrio. Muitos filósofos trazem esse tema em suas constatações na história da humanidade, seria até possível dizer que é impossível ser um filósofo sem o interesse pela felicidade verdadeira.

“Into the wild” filme de 2007 também nos faz pensar sobre essa busca. No filme o garoto norte-americano de classe média larga tudo para se aventurar sozinho nos mais diversos lugares, passando por situações inusitadas e perigos reais. O que nos faz lembrar da história do Catarinense, influenciador digital, que acabou morrendo em  acidente de trânsito com seu cachorro, no mês de maio. No final do filme a seguinte reflexão: “A felicidade só é real quando compartilhada.”

Eu acredito que sim, podemos ser felizes de verdade. Comecemos por aceitar as tristezas da vida como parte fundamental nessa construção. Convença-se de que a felicidade está nessa busca constante em ser melhor que ontem, em se conhecer a fundo para conseguir não se sabotar. Se conhecer a ponto de compreender tudo que te rebaixa e tudo que te eleva.

A felicidade não está no quanto você ganha, na sua posição social e nem nos padrões estéticos que você possui. Está disponível a todos, desde a cobradora do ônibus até o mais rico dos homens. Está no valorizar a vida como eterna oportunidade, está na boa administração do tempo, no autoconhecer-se e no aprimoramento das suas capacidades, sejam elas quais forem.

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