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Notícias

11 de junho de 2022

Se fossemos racionais não seríamos humanos

Estamos evoluindo individualmente, como humanidade e como sociedade. E para que isso aconteça efetivamente, devemos repensar alguns conceitos, reconstruir o que não tem uma forte estrutura e conhecer cada vez mais sobre o mundo e sobre nós mesmos. Agir como autômatos não vai garantir nossa evolução moral. Somos indivíduos únicos e conhecendo nossa essência seremos o agente transformador da nossa realidade e como parte do todo seremos os responsáveis por construir uma sociedade mais humana.

Pais e mães mandam seus filhos para os espaços escolares com a esperança de que essa criança será respeitada, que essa criança não sofrerá bullying, nem violência e que seu filho será aceito na sua singularidade. Adultos aparentemente bem sucedidos que procuram terapeutas das mais variadas linhas de atuação para conseguirem aceitar a sua própria individualidade, curar seus traumas e compreender um pouco mais sobre quem realmente são.

Desde a época da escola que aprendemos na biologia sobre a nossa classificação filogenética. Aprendemos a nos enquadrar e a nos classificar. Aprendemos com a ajuda de técnicas de memorização que pertencemos ao reino animal, filo chordata, classe mammalia, ordem primata. E aqui estamos. O que somos? Parentes dos macacos? Mas pesquisadores já nos disseram que desconhecem o nosso ancestral comum. Animais, mamíferos, primatas e racionais. Eis aí um grande problema. Nos disseram: - Você é diferente dos animais. Você é racional, você como Homo sapiens sapiens é aquele que “sabe que sabe”, aquele que compreende o verbo existir.

Crescemos acreditando que éramos racionais, mas quando ouvimos a imperação: “Seja racional” em um momento de crise, nos sentimos confusos a ponto de precisar travar uma batalha contra a nossa própria humanidade. Augusto Curi, gigante da literatura contemporânea brasileira, nos diz: -Não somos racionais, somos seres emocionais. E aí está uma grande verdade. Diria mais, somos seres emocionais que buscam se encaixar na racionalidade, e travamos a eterna batalha dentro de nós mesmos entre o que somos e aquilo que a sociedade quer que sejamos.

Como pais, desejamos que nossos filhos sejam respeitados na sua individualidade por que o amor que possuímos é protetor permanente. Desejamos que nossos filhos cresçam respeitando a si mesmos e aos outros, que escutem o seu coração e que persigam os seus sonhos. Desejamos isso mesmo sabendo que a vida muitas vezes já nos fez desistir do que sentimos para atender o que racionalmente acreditávamos que o mundo esperava de nós. Altamente emocionais, esquecemos que a seleção natural favorece os melhores adaptados e que nossa missão é a de perpetuar a espécie apenas. Almir Sater canta: “A natureza não tem medo, nem dó e nem drama”. Mas nós estamos aqui na nossa falta de racionalidade criando todos os tipos de medos, de dó, de drama e de trama para nós mesmos. Animais sentem sim, e isso já foi comprovado cientificamente, mas nós temos um sentir altamente diferenciado, um sentir humano.

Quanto mais acreditarmos na frieza da racionalidade, mais nos separamos daquilo que nos faz sermos o que somos, seres emocionais. O homo sapiens sapiens é o homem que quando mais sabe, mais entende que tem muito mais o que saber, como diria Sócrates. O ser humano é aquele que sabe que muitas vezes desconhece a natureza das suas próprias ações e é o que reconhece que o coração tem razões que a própria razão desconhece, como diria Pascal.

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