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Notícias

15 de outubro de 2022

Petrichor

Andando pelo campo na companhia dos mais velhos, me chamava a atenção quando algum deles comentava que estava para chover. "Sinto cheiro de chuva". Eu olhava para o chão seco, cheirava o ar e pensava: mas de onde vem esse cheiro?

Cientistas australianos decifraram esse enigma e desde então surgiu a expressão petrichor, que significa “cheiro da pedra”. Esse efeito é criado quando os primeiros pingos de chuva batem no chão seco. Eles produzem aerossóis, que são transportados pelo ar. Alguns chegam às narinas daqueles mais capazes de sentir o cheiro antes da chuva chegar.

Hoje, esta capacidade está em perigo. Durante a pandemia da Covid-19, muitas pessoas, além dos sintomas da gripe, apresentaram perda da capacidade para detectar cheiros. Médicos chamam isso de anosmia, a perda do olfato.

Normalmente, essa perda é temporária, durando algumas semanas, mas uma em cada dez pessoas pode permanecer meses sem conseguir perceber aromas comuns como o limão, a hortelã e a baunilha.

Isso preocupa os pesquisadores. O cheiro é percebido graças a pequenos filamentos que saem debaixo do revestimento do nariz e vão para o cérebro, onde as informações dos aromas são processadas. No início da pandemia, temia-se que o vírus fosse capaz de penetrar nestes filamentos, danificando-os para depois infectar as células cerebrais. Vida em perigo.

Pesquisas recentes trouxeram certo sossego. São as células que dão sustentação aos filamentos nervosos que são atacadas. Células imunes entram em combate com o vírus na volta dos filamentos e por causa disso perdemos temporariamente o cheiro. É como se fosse um pintor pintando o prédio. Quando removemos o andaime, ele fica pendurado no pincel; assim que a estrutura é reerguida, ele segue com o seu trabalho.

Os neurologistas temem que a perda do olfato das pessoas possa trazer problemas. Sabemos que a perda da memória na idade avançada é precedida pela perda da capacidade para reconhecer cheiros. Muitos idosos deixam de perceber os aromas vindos da cozinha anos antes de perderem a memória. A panela com a comida queimando ou o gás escapando do botijão não são detectados por causa da falta de olfato.

Nesta semana, no dia 15 de outubro, celebramos o Dia do Neurologista, o médico que se especializa em diagnosticar e tratar as enfermidades do sistema nervoso. Meu pensamento vai às pessoas com perda do olfato. A ciência ainda não determinou a causa, mas uma coisa é certa – quando o cheiro fica bloqueado, devemos estimular o seu retorno. Lavanda, café passado e cheiro verde são coisas fáceis de ter em casa. Tentar cheirar esses aromas mostra aos filamentos aquilo que eles deveriam estar fazendo.

E não há nada melhor do que ir à varanda, respirar fundo e pensar: Petrichor está chegando!

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