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17 de dezembro de 2022
Um pergaminho para o rei
Por Bruna de Souza
Há muitos anos atrás, em uma região longínqua do norte europeu, vivia um rei. Sua riqueza era incomparável com a dos demais monarcas daquela região. Porém, apesar de todo o poder e riqueza, o rei passou a perceber que não detinha o controle sobre a felicidade e satisfação permanente. Aquilo o deixava pensativo e ele seguidamente era pego se questionando.
Foi então que chegara a época das festividades pós-colheita, e o rei comemorava junto aos seus a prosperidade a fartura daquele ano. Era definitivamente uma noite muito alegre em todo o reino. Eis que um súdito se dirige ao rei e o informa da chegada do sábio do reino ao castelo. Os sábios sempre eram muito respeitados por todos, inclusive pelos monarcas e de imediato o rei foi recebê-lo.
O velho aldeão, conhecido por todos, disse ao rei que vinha cumprimenta-lo, que nunca antes o reino prosperara tanto e que sua conduta perante todos era exemplar. Disse também que ouvira comentários sobre os questionamentos que o rei estava seguidamente fazendo sobre a felicidade e decidiu ir até o castelo presenteá-lo com algo valioso. O nobre, demonstrando gratidão, disse ao sábio que não conseguia pensar em descontentamento naquele momento de festividade. Só tinha motivos para agradecer.
O aldeão insistiu, e com um sorriso entregou ao rei um pergaminho. Concluiu dizendo que aquele presente valia mais do que toda a sua fortuna e poder.
Quando o rei abriu o pergaminho se deparou com apenas uma frase: “Isso também vai passar”.
Sem entender a mensagem, o rei insatisfeito questionou o sábio se aquilo seria um mau agouro.
—De maneira alguma—, disse ele. —Este é o ensinamento mais valioso que posso lhe dar. Quando se percebe que todos os momentos são efêmeros, passamos a enxergar a vida com o devido respeito, conseguimos, inclusive aproveitar mais os momentos de alegria. Não ofereça resistência àquilo que lhe acontece, seja bom ou ruim. Acolha a vida e lembre-se: “Isso também vai passar”. O desapego gera libertação e expansão da consciência e assim sendo, dá espaço à verdadeira felicidade, esta que nenhum dinheiro compra.
—Não exista a partir daquilo que te acontece. Não exista a partir daquilo que você tem ou que pensa que é. Exista, acima, lá do alto, como quem observa com amplitude. Saiba que tudo sempre vai passar, mas o seu eu verdadeiro permanece.
Aquelas palavras trouxeram à vida do rei um novo sentido. Compreender a essência do que aquele humilde homem havia lhe dito era de uma magnitude incrível. A partir daquele dia, sempre que algo entristecia o rei, ele recorria ao pergaminho e mentalizava aquelas palavras e sempre que experimentava os momentos mais felizes, também lembrava e aproveitava o momento.
Isso também vai passar.