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Notícias

12 de fevereiro de 2023

A correnteza do rio

Bruna de Souza

Era meado de julho ou agosto quando fui desafiada a fazer algo de diferente na minha vida. Aderir a uma viagem ao Pantanal Mato-Grossense junto com a turma de biologia da universidade. Sempre foi assim, tudo que me impelia a sair da rotina me causava a sensaçao de impossibilidade, sensação esta, sempre embasada por todas as circunstâncias contrárias que meu cérebro pudesse criar. Mas como fui desafiada, fui, como se estivesse indo contra a correnteza.

A viagem foi tudo o que poderia ser quando acabo aceitando algo novo: perfeita do início ao fim. Os animais estranhos me davam a oportunidade de mostrar aos demais que viajavam comigo que eu era diferente por gostar do que os outros não gostavam. As onças e araras não me atraíam como os sapos, cobras e morcegos.

Mas, ao contrário do que eu imaginaria, não foi uma experiência com animais que marcou minha viagem, foi algo que ocorreu em uma circunstância inesperada e que, por algum motivo, veio ao encontro de um lampejo de sonho que tive recentemente.

Estávamos em um dia de completo lazer na turística cidade de Bonito conhecendo um parque municipal. Poderíamos mergulhar com as piraputangas em um límpido riacho. Logo que chegamos, já fomos pegar os coletes salva-vidas e o snorkel. Fomos andando pelo caminho totalmente arborizado de ar fresco até uma certa altura do rio, de onde éramos convidados a entrar nas águas e deixar a correnteza nos conduzir enquanto observávamos tranquilamente os peixes.

Minha mente não consegue recordar quem entrara comigo no riacho, e nem sequer o porquê de poucos instantes depois de mergulhar a primeira vez, não haver ninguém perto de mim. Era eu e a correnteza apenas. Decidi me conectar e aproveitar. Mergulhei. Peixes, peixes, correnteza, rio e... margem. Margem? Tentei retornar e.. MARGEM. Levantei para olhar melhor e o rio, de uma hora para outra, não era mais rio. Não tinha correnteza que me levasse para lugar algum. Era muito mais um pequeno lago, onde eu via margem em todos os lados. Eu estava sozinha e meu coração começou a disparar. Tentei me acalmar e uma voz na minha cabeça disse: - Mergulhe e siga a correnteza. Fechei os olhos sem entender e desci. Eis que eu estava novamente debaixo d’água e sentia novamente a correnteza. Estava novamente no rio.

Encontrei todos os outros no local destinado a chegada -já estavam todos lá-. Eu também consegui chegar, assim como os demais, afinal, não havia mistério, não é mesmo?

Meu cérebro fez um link dessa experiência com a sensação que eu tive em um sonho há poucos dias. Não sei ao certo o porquê. Eu não lembrava quase nada do que tinha sonhado, apenas que era uma conversa interessantíssima. Assim que acordei, tentei retomar por que tinha certeza da profundidade que tinha alcançado aquele diálogo, mas eram apenas lampejos de uma longa conversa com alguém, cuja identidade me foi bloqueada.

Um tópico do diálogo me foi permitido recordar para solucionar esse enigma: Finja felicidade para encontrar a felicidade! Mas qual a relação deste tópico com a experiência da correnteza do rio?

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