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Notícias

26 de março de 2023

O Intruso: parte 1

Por Martin Portner

A noite é uma caixa de milagres. Refiro-me ao sono, estado em que perdemos a consciência por algumas horas. Minimizado por muitos, pesquisas têm demonstrado o inquestionável efeito restaurador proporcionado pelo sono. As atividades do dia seguinte dependem das horas dormidas à noite. Sem dormir, não somos os mesmos. Sem dormir por muito tempo, podemos adoecer. Mas afinal das contas, porque precisamos dormir?

Anos atrás, acreditava-se que dormimos para nos recuperar do cansaço. Até certo ponto isso é verdade, mas não totalmente. Na verdade, o cérebro não descansa. Nunca. Durante o sono existe uma intensa atividade das células nervosas. A diferença é, os locais em que as células do cérebro trabalham à noite são diferentes das do dia.

Elas cuidam de fazer com que os eventos vividos durante o dia sejam transferidos à memória de longo prazo. Essas memórias são divididas em dois tipos. As que contém informações pura e simples recebem tratamento secundário. Por outro lado, todas aquelas que foram envolvidas em algum processo emocional terão prioridade. Aqui a regra e simples: as emoções são importantes para a sobrevivência e vão para a memória primeiro e de forma mais duradoura.

A estudante que se prepara para o vestibular varando as horas nas madrugadas, tentando memorizar dados, terá que ceder à evidência científica. O arquivamento de dados será parcial. Mas os motivos que a levaram a uma simples rusga com o parceiro de estudos serão tratados pelas células do cérebro de forma mais saliente. Qual o motivo que conduziu à divergência de ideias? Porque a elevação do tom da voz e a face ríspida durante a querela?

A transferência dessas preciosidades emocionais se dá somente durante o sono por uma simples razão. Para pertencer à memória de longo prazo e adquirir status capaz de influenciar os comportamentos, o sistema que governa os movimentos precisa estar desativado. Isso somente ocorre durante o sono.

O sono e uma fábrica de reajustes para o comportamento do dia seguinte – e no futuro. Os estudiosos salientam que para que esse processo ocorra de forma eficaz, devemos dormir por oito horas.

Vez por outra o sono se torna mais leve. Nesse momento somos inadvertidamente levados a dar uma espiada no que está acontecendo. Ao acordar, lembramos de alguns detalhes. Esse processo chamamos de sonhar. Esses fragmentos das espiadas sobre os processamentos internos de processamento de memórias são os sonhos.

Mas há um outro intruso à espreita. Diferente dos sonhos, ele costuma ser danoso. Sobre ele, suas intenções e o que podemos fazer para impedir a desconstrução que ele causa sobre nossa mente, convido o leitor para o capítulo final deste episódio na próxima edição de AFolha. Até lá!

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