Passo Fundo/RS: Chuvas esparsas
Carazinho/RS: Parcialmente nublado
Passo Fundo/RS: Chuvas esparsas
Carazinho/RS: Parcialmente nublado

Notícias

7 de maio de 2023

Coragem

Por Martin Portner

Quando nos defrontamos com problemas, precisamos tomar decisões. Nada novo sobre isso, o cérebro humano possui uma máquina lubrificada constituída por milhões de neurônios trabalhando para isso. Um sistema calibrado para efetuar a coleta de dados, a pesagem dos erros e acertos e oferecer sugestões de enfrentamento. Temos até um sistema capaz de sugerir decisões intuitivas.

O problema surge quando o sistema exige coragem para ir adiante. Quando o peso dos obstáculos pode ser maior do que o benefício dos resultados. Que possíveis decisões podem envolver mais perdas do que ganhos. Que para tomá-la, será necessário sair da zona de conforto, uma muralha construída à nossa volta para nos proteger da dor. Dor causada pelo sofrimento de que podemos estar indo na direção de um resultado desfavorável.

Ou seja, medo.

Ao longo dos anos, aprendi a pensar que a grande maioria das decisões que tomamos se dá em modo automático. Raramente precisamos parar de fazer o que estamos fazendo para decidir alguma coisa. A decisão vem quase que naturalmente. Com que roupa devo ir a este evento? Uma olhada no guarda-roupas e um exercício mental de se imaginar vestida de duas ou três maneiras diferentes vão resolver a parada. Devo comprar um apartamento ou seguir pagando aluguel? Uma pesquisa no mercado e outra na poupança costuma resolver. Devo seguir trabalhando ou me matricular em um curso? É necessário sair da zona de conforto, porque será necessário sacrificar horas com a família para estudar à noite.

Na maioria das vezes, nossas decisões amadurecem sem que seja preciso sangrar por dentro. Agora, quando as perspectivas de tomarmos uma decisão nos metem medo, a porca vai torcer o rabo. Chegou a hora de lidar com a dor.

Minha experiência pessoal com isso tem sido investir em uma espécie de conta-gotas diário para ir removendo os medos. Trazendo-os à luz todos os dias. Expondo, no consciente, todas as possíveis formas com que eventos do passado possam nos intimidar. Passo a passo, ganhamos terreno. É um processo longo, árduo, que compensa no final, porque as decisões seguem acontecendo mais ou menos da forma automática com a qual estamos acostumados. Existe a clássica pergunta, usada em filmes de cinema, que reza “devo me casar ou devo comprar uma lambreta?” Sem sentir dor em nenhuma das opções, a decisão virá com a celebração por uma delas, e não com tristeza de ficar sem a outra.

Mas nem todos os medos tem como ser apequenados. Vivemos no Brasil nos anos pós-pandemia um horizonte não é exatamente tranquilizador. Poderemos ter de tomar decisões. Do lado de cá ou do lado de lá? Olhando para trás, para os fatos da história brasileira, poderemos ficar indecisos sobre quem está certo e quem não. Não há decisão automática sobre isso. Vamos precisar enfrentar nossos medos.

Utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência, de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Permitir