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Notícias

20 de maio de 2023

Uma opinião para chamar de minha

O homem comum é prisioneiro de hábitos, preconceitos e costumes que foram adquiridos desde a infância. Cada uma enxerga através de suas próprias lentes, todos vemos o mundo de forma parcial, ou seja, incompleta, como se fossem “sombras” do que é realmente verdadeiro.

Cada ser humano, independentemente de sua classe, orientação ou cultura produz opinião sobre tudo o que tem contato, seja apenas com o pensamento, seja expressando-a com a fala. A exemplo poderíamos imaginar a cena de um idoso ao ter o primeiro contato com um smartphone. Qual seria sua opinião a respeito da tecnologia? E se fizéssemos a mesma pergunta a um jovem que cresceu familiarizado com o objeto? Sabemos que a impressão do jovem é muito mais baseada no conhecimento, na interação e familiaridade, mas não quer dizer que ouviremos a verdade absoluta se o jovem disser: -Isso é a melhor invenção do mundo!”

A opinião, segundo Platão está fundamentada nas sensações gerando uma falsa consciência. E a falsa consciência pode inclusive oferecer perigo social se analisarmos seu grau de relevância. O grau de relevância de uma opinião é baseado na influência que tal opinião gera sobre outras pessoas. Posição social, poder aquisitivo, cargo público e a habilidade de ganhar seguidores nas redes sociais são alguns exemplos de como tornar relevante apenas uma opinião acerca de qualquer assunto. No último exemplo inclusive, a capacidade de influenciar pessoas deu nome à profissão conhecida como “influenciador digital”.

Para que pudéssemos compreender o mundo à cerca do conceito de opinião Platão criou o “Mito da Caverna” que está no livro “A República”.

“Em uma caverna, desde o nascimento, encontravam-se homens acorrentados nos membros e pescoço, voltados para uma parede sem que nunca tivessem tido outra experiência além dessa. Na parede se projetavam sombras distorcidas e geradas por uma fogueira que era acesa na pequena entrada da caverna, então tudo o que aqueles indivíduos conheciam eram as sombras. Até que um dia, um deles se libertou das correntes, por sua vontade e curiosidade e saiu da lá, ele teve primeiramente os olhos ofuscados por tanta luz e em seguida se sentiu inebriado com tantas formas e cores a sua volta. Sua vontade era contar o que tinha visto e libertar os companheiros. Mas quando voltou à caverna encontrou total resistência dos que lá estavam. O homem acabou sendo morto pelos companheiros que acreditavam e aceitavam que o mundo era a caverna e alegavam que aquele ele estava louco.”

O “Mito da Caverna” nos traz a simbologia do conceito de opinião, que vai em contrapartida do significado de conhecimento. Como diz Platão, “Atingir o conhecimento implica converter o sensível ao inteligível”, a caverna representa os “doxos”, ou seja, a opinião de cada um e o mundo fora da caverna, a luz do conhecimento. O homem só sai da sua caverna pois possui o eterno conflito entre a força do hábito e a força do Eros (o impulso de buscar algo além de nós mesmos).

Abandonar hábitos é doloroso, significa abrir mão daquilo que foi experimentado e concebido pelos sentidos como verdadeiro. Mas devemos lembrar que o mundo pode ser algo bem maior que a nossa pequena caverna. “Quando a alma se libertará das aparências para se abrir às ideias verdadeiras?

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