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6 de julho de 2023

Historiadores passo-fundenses debatem trecho considerado racista no hino rio-grandense

O contexto histórico do trecho “povo que não tem virtude, acaba por ser escravo” do hino do Rio Grande do Sul tem gerado debates entre historiadores e parlamentares da Bancada Negra Gaúcha. Em uma proposta de Emenda Constitucional discutida recentemente na Assembleia Legislativa do Estado, o deputado Rodrigo Lorenzoni (PL) propôs tornar protegidos e imutáveis os símbolos do Estado, incluindo o hino rio-grandense.

Em entrevista, o ativista do movimento negro em Passo Fundo e acadêmico de história, Ipácio Carolino, explicou que os coletivos negros e a bancada negra propõem uma revisão histórica do trecho em questão, que consideram racista após uma análise simples. Eles levam em consideração o contexto em que o hino foi composto e destacam que os escravos da época eram, majoritariamente, negros. Questionam, então, se é justo generalizar que esses escravos não tinham virtudes, quando, na verdade, eram os colonizadores e escravizadores que careciam delas.

Além disso, Carolino menciona que o hino rio-grandense já passou por revisões no passado. Em 1966, foi removido um trecho que fazia referência à Grécia e Roma, a pedido do então deputado estadual Getúlio Marcantônio, por considerar que os gaúchos não tinham relação com essas culturas. Nesse sentido, o ativista questiona por que é tão difícil entender que os negros não têm relação com pessoas que não possuem virtudes.

Para ele, é justa a reivindicação dos negros de uma revisão positiva do hino, modificando apenas esse trecho. Argumenta que, quando alguém se sente ofendido ou agredido, é legítimo propor uma revisão. Na opinião dele, os símbolos gaúchos não devem ser considerados imutáveis e intocáveis, mas sim passíveis de revisão histórica positiva.

O historiador, comentarista e professor Maurício Paim, acrescentou que é fundamental compreender o contexto em que o hino foi elaborado. Segundo ele, quando se refere a “povo que não tem virtude”, não está relacionado apenas aos negros, mas sim a todos aqueles que não defendem o bem, a moral e os bons costumes, e que, por consequência, não lutam pelas suas aspirações.

Paim argumenta que a palavra “escravo” foi pensada não como referência aos negros, mas sim ao povo gaúcho, que naquele momento não queria se submeter ao império brasileiro. Ele ressalta que o povo gaúcho abrangia diversas origens étnicas, como italianos, alemães, japoneses, indígenas, além dos negros, e a ideia era que não se submetessem ao domínio imperial, mas sim lutassem pelas suas causas e o que defendiam.

Fonte: Rádio Uirapuru

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