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16 de outubro de 2023

No RS, cresce número de filiadas no PL, Republicanos e PSDB

Sem a aprovação em tempo das mudanças da minirreforma e da PEC da Anistia, que atingiriam as cotas femininas, as regras seguem inalteradas para as eleições municipais de 2024. Assim, os partidos ou federações deverão apresentar, ao mínimo, 30% das candidaturas destinadas às mulheres. No RS, conforme levantamento do Correio do Povo com dados do TSE, dos dez maiores partidos, sete perderam filiadas mulheres entre setembro de 2022 e de 2023. Apenas PL, Republicanos e PSDB agregaram novas integrantes aos seus quadros. Mesmo assim, nenhum deles teve crescimento superior a 3%.

Número de filiadas
PARTIDO 2022 2023 DIFERENÇA (%)
PL 11.902 12.220 2,7
REP 16.039 16.292 1,6
PSDB 43.953 44.143 0,4
PT 61.600 61.277  -0,5
PP 87.915 87.333 -0,7
MDB 104.111 103.011 -1
UNIÃO 24.410 24.071 -1,4
PSB 26.718 26.310 -1,5
PDT 103.377 101.724 -1,6
PTB 53.338 52.297 -1,9

O PL liderou o aumento de filiadas. A presidente do PL Mulheres, Adriane Cerini, no entanto, garante que em dados internos, não atualizados no TSE, a sigla ultrapassou 14,6 mil no RS. “Penso que é um conjunto de fatores que começa com a valorização das mulheres na política. Temos feito um trabalho de credibilidade e as pessoas confiam”, afirma. Um exemplo desses movimentos é a regra de as comissões provisórias em todas as esferas terem 50% de mulheres. Na eleição de 2020, o partido apresentou 36% de candidatas mulheres. O partido vem ampliando seus quadros desde o ingresso do ex-presidente Jair Bolsonaro, no ano passado. No caso das mulheres, Adriane acredita em uma identificação com a ex-primeira-dama Michelle.

Os Republicanos têm 16.292 mulheres no RS, tendo ampliado em 1,6% no último ano. Além disso, 55% dos filiados no Estado são mulheres, sendo o único do recorte onde elas superam o número de homens. “São números que vêm em um crescimento há algum tempo. Não vi em 48 anos de política o que recebi por parte do Republicanos. Seria injusto se nossos números não fossem estes”, diz a secretária estadual das Mulheres Republicanas no RS, Beth Colombo.

Presidente do PSDB Mulher, Zilá Breitenbach questionou a minirreforma eleitoral, criticando o formato aprovado pela Câmara e que depende de apreciação do Senado. Nele, para federações, a cota de 30% não valerá individualmente para o partido, mas sim para a federação. Assim, pode ficar restrito a um só partido a inscrição de mulheres na chapa. “É importante reconhecer que as cotas de gênero não são a solução definitiva para a sub-representação das mulheres na política, mas uma ferramenta valiosa para auxiliar a superarmos esse desafio. Em vez de impor restrições e critérios rigorosos, a minirreforma eleitoral deveria buscar maneiras de fortalecer e aprimorar o sistema de cotas de gênero, tornando-o mais inclusivo e eficaz”, diz em trecho de artigo publicado no CP. O PSDB está federado com o Cidadania. Para o levantamento, foi considerado o desempenho individual das siglas.

Alinhamento da agenda política, explica cientista política

Quanto aos partidos que ganharem filiadas estarem no espectro do centro para a direita, a doutora em Ciência Política e professora da Ufrgs, Cibele Cheron, destaca que partidos que se alinham mais à agenda neoliberal, de modo global, seguem o movimento de aparente incorporação de pautas igualitárias, porém sem efetivo compromisso com a desconstrução do sistema. “É necessário que se questione, para além da existência de mulheres nos quadros partidários, quais são as pautas que orientam sua atuação política, e em que medida essas pautas significam melhorias ou atenção às demandas reais das mulheres. Isso, evidentemente, se pressupormos que a presença das mulheres é efetiva, e não apenas figurativa”, ressalva.

Para ela, o avanço do reacionarismo e do conservadorismo favorece o alijamento da mulher do espaço político. “Exceção a este último quesitoé a presença de mulheres que reproduzem os discursos conservadores em espaços públicos, reforçando os papéis de gênero segundo os quais o feminino é associado à submissão e o masculino ao poder.”

Mais experientes na política

Em oito dos dez partidos, o maior contingente de mulheres filiadas está na faixa dos 60 anos de idade em diante.  Cibele Cheron diz que muitos fatores impactam na questão etária, entre eles a necessidade de uma jornada mais longa por parte das mulheres, especialmente em movimentos sociais, organizações da sociedade civil e sindicatos até serem consideradas como atores políticos relevantes, enquanto os homens direcionam-se para a política como carreira desde cedo.

“Imbricam-se a isso as responsabilidades que ainda pesam mais sobre mulheres em idade produtiva e reprodutiva: mais qualificadas para o mercado de trabalho do que os homens, recebem salários proporcionalmente menores; acumulam trabalho doméstico não remunerado às jornadas de trabalho remunerado; respondem primariamente pelo cuidado com filhos e familiares; veem retardar a persecução de suas metas profissionais quando se tornam mães etc.”

Exceções são o PSB (45 a 59 anos) e o Republicanos (25 a 44 anos). Sobre essa atração junto a mulheres mais jovens, Beth Colombo diz que o Republicanos busca promover o “encantamento” das mulheres que se destacam na sociedade com a política. O partido promove ações de busca de lideranças femininas, além de premiações de mulheres não filiadas que se destacam em suas áreas de atuação.

Fonte: Correio do Povo

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