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Notícias

Foto: Divulgação De Olho no Material Escolar

3 de abril de 2024

Desafios e caminhos na educação brasileira

 Letícia Jacintho
Presidente da Associação De Olho no Material Escolar

Há muitos anos, vivemos um contexto educacional em que a aprendizagem está em crise permanente no País. A pandemia da Covid-19 apenas reforçou esse cenário negativo, o que se evidencia pelos pífios resultados dos estudantes brasileiros em exames internacionais que medem os resultados do setor, como PISA e PIRLS. Nossos jovens não sabem ler ou compreender textos, nem fazer operações matemáticas básicas.

Isso não é de se admirar, considerando a lista de questões estruturais na educação nacional, sem solução à vista: do analfabetismo à falta de universalização do acesso às salas de aula; da alta evasão escolar à legião dos “nem-nem” (jovens que nem estudam, nem trabalham); das desigualdades regionais à formação deficiente de professores, e assim por diante (ou para trás).

Infelizmente, o que está ruim sempre pode piorar. Um novo retrocesso se avizinha, à medida que deve começar a tramitar no Congresso Nacional a proposta do Governo Federal para um novo Plano Nacional da Educação (PNE) para o período de 2024-2034. A principal função do Plano é nortear, nessa década, as políticas públicas para o setor, incluindo as prioridades e os investimentos para a União, estados e municípios, do ensino fundamental ao superior, profissionalizante, EAD etc..

A proposta, construída a toque de caixa e praticamente na surdina pela Conferência Nacional de Educação (CONAE), sem amplo debate ou participação da sociedade civil – mas com amplo espaço para determinados grupos políticos -, está muito aquém do minimamente desejável, o que tem preocupado aqueles que, como nós, buscam um salto qualitativo na formação das novas gerações, como condição sine qua non para alavancar a produtividade e a competitividade internacional do Brasil.

Não pretendo me estender sobre as falhas evidentes no texto de referência do PNE – que ainda não foi levado à apreciação do Congresso Nacional -, mas gostaria de citar algumas para reflexão. O documento da CONAE se perde na falta de base técnico-científica na abordagem dos conteúdos, de clareza, de aprofundamento e contextualização de temas ligadas a ideologia e identidade de gênero. Falta uma proposição sobre letramento, mas está presente uma postura refratária à iniciativa privada na educação. Sobram vontades e platitudes, embaladas num discurso prolixo e num viés ideológico mal disfarçado e desnecessário, mas inexistem estratégias e metas objetivas e métricas para aferir resultados.

Com isso em mente, a associação De Olho no Material Escolar – da qual sou presidente - promoveu no último dia 12/03 um evento na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) reunindo renomados especialistas, representantes da sociedade civil e de setores produtivos, como a indústria e o agronegócio, para discutir os desafios e oportunidades na educação nos próximos dez anos.

Ao fim das discussões ficou evidente, mais uma vez, a importância de uma educação de qualidade como motor para atingir o pleno potencial do país, em termos de produtividade e geração de emprego, renda e, consequentemente, de melhoria de condições de vida da população brasileira. Mas isso não está, nem de longe, considerado, hoje, pelos tomadores de decisão no Governo Federal.

Foto: Divulgação De Olho no Material Escolar

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